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Os vinte minutos que passamos no carro no caminho de volta para casa valeram mais a pena do que a festa inteira. Jungkook além de bonito e simpático, era engraçado. Perdi a conta de quantas vezes eu ri em nossa conversa. E eu não ri apenas por estar afim dele e o achar extremamente bonito, ri porque ele era realmente divertido. Eu pude notar ele me olhando de soslaio duas ou três vezes enquanto dirigia e, embora eu estivesse confuso, estava gostando daquilo.

— Eu nunca ia imaginar que você gostava de desenhar. — Falei sorrindo assim que o carro estacionou em frente ao meu prédio.

— Talvez um dia eu te mostre meus desenhos. — Ele me olhou, sorrindo de canto. — Se você me mostrar os seus também.

Ok, ele definitivamente está me dando mole, não está?

— Acho uma boa ideia. — Devolvi seu sorriso, sustentando seu olhar. Seu celular tocou em seu bolso e pude ver o nome de quem estava ligando quando ele pegou o aparelho.

"Jennie"

Ele me encara novamente e não consigo decifrar o que seu olhar queria dizer.

— Obrigado pela carona, Jungkook. Boa noite. — Já estava abrindo a porta da Rover quando suas mãos seguraram meu pulso. Ele se aproxima, ignorando meu olhar confuso e beija minha bochecha.

— Boa noite, Jimin.

Saí do carro, acenando mais uma vez ao entrar no prédio. Eu estava prestes a fechar o portão, quando uma mão forçou a entrada.

— Saiu da seca, em Jimin! — Taehyung fez piada com seu sorriso quadrado. — Quem era o bonitinho?

— Ele é amigo do meu chefe e o produtor do desfile de hoje.

— Você tá transando com o produtor do evento? - Ele gargalhou

— Quem me dera. Ele é hétero. — Expliquei, e Taehyung fez uma cara de como quem compreendia a situação. A porta do elevador abriu e nós dois entramos, apertando o quarto andar.

— Pois deveria. Ele é uma graça. — Tae levou as mãos nos bolsos, procurando a chave enquanto fazia uma expressão de quem estava pensando — Qual o nome dele mesmo?

— Jungkook.

— Eu tenho certeza que eu conheço ele de algum lugar. — O questionamento não durou muito na cabeça de Tae, que logo suavizou o rosto de concentração para um sorriso leve — Pode ir ao mercado comigo amanhã? Eu sou péssimo em compras.

As portas se abriram enquanto eu concordava de má vontade com o pedido de Taehyung. Não que eu não faça nada pelos outros, mas ir ao mercado com ele é a mesma coisa do que ir com uma criança de cinco anos. Ele fica rodando, rodando para no final encher o carrinho de congelados e refrigerante. Eu juro que tento colocar um legume escondido, mas mesmo que ele compre, fica apodrecendo na geladeira.

— Amanhã de manhã eu passo na sua casa. — Foi a última coisa que Tae disse antes de entrar em seu apartamento que ficava ao lado do meu. Suspirei e repeti o gesto, ajeitando o tapete da entrada antes de fechar a porta.

Suspirei alto pelo cansaço, ansioso para me despir por completo e ficar meia hora debaixo da água quente do banho, mas mal tive tempo de tirar meus sapatos, quando ouço a campainha tocar. Solto o ar com força, pois sei que é Taehyung voltando depois de provavelmente lembrar de algo que ele havia esquecido de falar. Abro a porta e meu queixo cai levemente ao ter minha expectativas quebradas. Não que isso fosse uma reclamação.

— Jungkook?! — Fiz minha melhor cara de surpresa, tentando não demonstrar minha animação. — O que faz aqui?

— Não gostou de me ver? — Ele sorri de canto, apoiando uma das mãos na batente da porta, nos aproximando e, mais uma vez, duvido das palavras de Jin.

— Você sabe que não é isso. — Apoio o lado esquerdo do meu corpo na porta e o olho da cabeça aos pés. Ele sorri, tímido, mas não deixa de me lançar um olhar demorado por debaixo dos cílios. — Apenas achei que tivesse ido embora.

— Tinha, mas eu esqueci de uma coisa e eu não tinha seu número, voltar aqui foi a única forma que encontrei pra te convidar.

Meu coração acelerou em ansiedade e sinto que se eu não tivesse engolido em seco, ele teria saído pela garganta. Ele disse "convidar", certo? Eu não estou louco.

— Bom, você não quer entrar e tomar algo? — Pergunto, abrindo um pouco de caminho ao chegar meu corpo para o lado, mas ele nega, o que me desanima bastante.

— Eu tenho que ser rápido. — Ele desencosta a mão da batente, ficando reto e consequentemente, causando um afastamento entre nós. Não consigo imaginar um outro motivo para isso além de que minha investida não havia sido bem-vinda, tornando impossível a tarefa de tentar não ficar sem graça com a rejeição.

— Vim te convidar pro meu aniversário. Eu realmente não gosto disso, mas Jennie me obrigou.

Jennie. A memória do nome que, anteriormente, apareceu chamativo na tela do seu celular vem a tona no momento que a palavra sai da sua boca.

— Quando vai ser? — Questiono sem querer demonstrar que fui afetado pela curiosidade.

— Depois de amanhã, após o expediente.

— Pode contar comigo — Dou um sorriso mais contido do que todos os anteriores.

Jungkook foi embora, mas não antes de garantir que sairía com meu número salvo, prometendo enviar uma mensagem com o endereço da tal festa que, por sorte ou azar, seria em sua casa. E na de Jennie.

Exausto de todas as formas, me jogo na cama e fecho os olhos com força, desistindo temporariamente da tarefa de me despir. Tento dedicar meus pensamentos para algo diferente, mas poucos segundos depois as memórias do que havia acabado de acontecer se repetiam em looping na minha cabeça. Francamente, o que a seca havia feito comigo? Me oferecendo explicitamente para um homem noivo. E hétero, pelo que eu sabia.

Meu pensamento de querer sumir da face da terra é interrompido com o apito do meu celular avisando uma nova mensagem.

00:21

Desconhecido:

Ei, é o Jungkook.

Só quero que você saiba,

que se você não aparecer no meu aniversário, eu vou até aí pessoalmente te buscar.

Eu não estou brincando.

Bons sonhos, Jimin.

Um sorriso nasceu em meus lábios antes que eu tivesse tempo de o conter. De forma egoísta, esqueço do seu noivado e deixo essa preocupação para o futuro. Eu ainda não havia feito nada de errado e um pequeno jogo de flerte nunca feriu ninguém e enquanto Jungkook estiver me dando abertura para continuar, não vou sentir uma culpa que não me pertence. 

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EGOÍSMO A TRÊSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora