PRÓLOGO 2/3 - Natiel

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Durante minha adolescência eu não pensava tanto quanto hoje a respeito. Tive alguns namoros que até duraram algum tempo. Mas, não me lembro porque não duraram mais, algo que nem é de se espantar para um "desmemoriado" como eu.

Na transição de adolescente para adulto minha distrofia muscular se manifestou e tive um tempo de depressão. Não quero entrar em detalhes, mas acredito que eu passei por coisas que qualquer homem se incomodaria profundamente... Ok, ok... Estou falando de ejaculação precoce e disfunção erétil. Fui incentivado a conversar com os profissionais que nos reabilitavam, psicólogos, mas, obviamente, eu não me sentia à vontade de falar a respeito com ninguém. No entanto, após o surto inicial da doença, embora duradouro demais para o meu gosto; cerca de seis meses depois, muita coisa melhorou e essa questão também. Na verdade, quanto a essa questão específica melhorou muito.

Eu não me incomodava quanto ao meu vício, mas me certificava sempre de tomar os devidos cuidados. Não costumava me embriagar, pois a combinação não poderia ser das melhores. Sempre lúcido, ou quase, eu decidira por viver e aproveitar o quanto eu podia, antes que minha doença pudesse me consumir de vez. Porém, essas falhas de memória...

Eu não sei dizer se sou tão bonito a ponto de virar a cabeça de uma mulher, porém, até hoje fora algum eu levei, ao menos à primeira vista. Também não sou muito bom com cantadas, mas, por algum motivo que desconheço, eu sempre consigo retorno positivo de minhas investidas. No entanto, nenhuma passa de ficadas que, geralmente, duram apenas uma noite, duas, três no máximo. Não posso me envolver tanto... Relacionamento sério eu jamais poderia sequer cogitar. E como eu me livro delas? Normalmente o fato d'eu esquecer seus nomes já é suficiente.

Até agora esse meu vício não me trouxe grandes problemas. Mas, eu tinha de ser cauteloso. Por certo, no meio da investida eu já não conseguia raciocinar direito, mas fora dela sim e precisava calcular tudo muito bem. Afinal, doenças sexualmente transmissíveis existem, porém, perdoem-me a sinceridade, pior do que essas, seriam as gestações não planejadas. Não me levem a mal, eu amo crianças, mas jamais submeteria uma vida ao que Adriel, meu irmão, e eu passamos. Na verdade, nem temos uma vida real. Nós apenas sobrevivemos até... Bem, até que os astros decidam.

Pensando bem... E se por algum descuido meu... Minha falta de memória poderia ser... Não, não! Com certeza se assim fosse Adriel, Daniel ou qualquer dos meus amigos próximos saberiam, meu celular também alertaria com mensagens, ligações... Eu preciso relaxar. Mas, parece não ter jeito! Assim que saio dos meus vícios e obsessões, as preocupações voltam e a noite são mais intensas. Eu não gosto da noite! Preciso de mais luz, som, música na minha vida... "Ah, vida! Que vida Natiel???"

Enquanto ainda me bronqueava em pensamentos, deitado na cama e com os olhos no teto, ouvi me gritarem.

Eu não havia dormido direito pela segunda noite seguida; devido aos pesadelos e outras coisas mais, e, como era de se esperar, minhas funções motoras não estavam lá tão boas. Levantei-me apressado da cama e cambaleei um pouco até conseguir alcançar o portão.

- Que houve, cara? A balada hoje será mais cedo? - Perguntei em tom cômico, enquanto ajustava a calça, a touca e tentava desamassar a camisa que desde a ida para a cama eu não tirara.

- Não é nada disso animal - respondeu no tom; amizade é isso! - Estou indo a casa de Natalie, parece que ela passou mal outra vez. Pensei que gostaria de ir também.

- Naná está mal? - Fechei a expressão. Eu a havia visto na semana anterior na academia e ela parecia muito bem. - O que foi agora? Ela ainda não se recuperou do acidente na esteira?

- Parece que não...

- Mas, não pode ser! - Expressei-me atônito. - Isso já faz algum tempo...

Eu não me lembrava do tempo ao certo, mas foi na mesma época da primeira parada cardíaca de meu irmão, Gado, e semanas antes do transplante cardíaco dele. Soube da gravidade visto que ela levou algum tempo para retornar as atividades.

- Sim. Já faz cinco meses! Você vem ou não?

Olhei aturdido para Jadir, meu ex fisioterapeuta e agora, um bom companheiro de agitos. Já fazia tanto tempo assim?

- C.claro, estou indo - gaguejei nervoso. Era raro eu perder o controle de mim mesmo, afinal eu enganava a muitos quanto ao meu estado de memória, mas as vezes era difícil deixar de me impressionar; principalmente quando se tratava do tempo que tanto corria e eu não estava percebendo.

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Próxima e última parte introdutória de Natiel virá na quinta-feira dia 09/03/2016, às 19 horas! Conto com vocês e muito obrigada por cada leitura, voto e comentário!!! Vocês são d+!!! ;)

Música do capítulo: "LACOSTA DEL SILENCIO" - Mago de Oz (Cover By Per Frederik "Pellek" "Ãsly")  

AMEDRONTADO - LIVRO 2 [COMPLETO] - Trilogia Irmãos AmâncioWhere stories live. Discover now