Planos

23 2 0
                                    


- Então, foi assim que ela ganhou o anel? – Amanda perguntou.
Foi ao quarto e pegou o anel com uma pedra lilás. Um raio de sol atravessou a pedra e refratou um facho de luz.
- Será que ela se casou com o filho desse Duque? Por isso se tornou uma alma penada enfurecida? – Gi perguntou.
As meninas se entreolharam. Era um misto de apreensão, curiosidade e ansiedade. Não conseguiam mais esperar para descobrir o final daquela história. Algo dentro delas, lhes dizia que o final não seria feliz.
- Vamos parar com as perguntas e vamos direto às respostas.
- Verdade, Anna. Não temos mais tempo a perder. Lembrem-se do aviso da Lourrane – Letícia as lembrou.
Voltaram às atenções ao antigo diário com a capa vermelha e folhas amareladas pelo tempo. Amanda decidiu que iria ler as próximas páginas. Então, deu-se início à mais descobertas.


 
'' 8 de Março, 1880 – Rio de Janeiro

A ferida no meu coração ainda estava aberta. Não poderia acreditar que aquilo estava acontecendo em minha vida. Assim que eu havia descoberto que estava de casamento marcado com o filho do Duque, senti-me infeliz, raivosa e frustrada. Para onde haviam ido todos os sonhos que eu havia planejado com José? Para onde havia ido todas as nossas juras de amor às noites escondidas, quando a lua cheia havia sido nossa única testemunha? Quando ouvi meu pai deflagrar aquelas palavras, corri para o meu quarto e chorei feito uma criança.
A presença de minha irmã Manoela e suas mãos pequenas, me confortando com carinhos nas costas, me deixaram um pouco menos atordoada.
''Isto não é justo. Não quero casar-me agora.''
Manoela com sua pequenez, mas com uma certa postura adulta para a sua idade, me disse:
'' O que há de mal em receber uma proposta de casamento? Deverias ficar feliz por ter Pedro Henrique como pretendente pois és de uma família de sangue puro e com muitas fazendas e cabeças de gado. Além do prestígio social, ora pois.''
Para idade de minha irmã, ela se expressava verbalmente muito bem. Decerto deveria ser pelos livros que lia às escondidas de meu pai.
Arregalei meus olhos ao ouvir tais palavras saírem da pequena boca de Manoela.
'' Para vosmecê só lhe importa as riquezas que um homem tem?''
'' Além da beleza notável de Pedro Henrique, minha irmã. Não compreendo sua total decepção perante à isto. Sabias que estava destinada à se casar logo, pois é a filha mais velha de nosso pai. Não entendo sua contrariedade em torna-se noiva''.
Engoli em seco aquelas palavras. Não poderia de forma alguma confessar meu romance secreto. Ainda mais pelo fato de que o homem que eu amava era um escravo. Se alguém descobrisse, teria certeza que seria tratava como uma bruxa na Inglaterra e posta à fogo. Mas lutaria por aquele amor até o fim.
''Irei dormir, Catarina. Pense no que lhe falei. Afinal, já está decidido. Em breve se tornará uma nova mulher e se chamará; Catarina de Bragança Oliveira Telles.''
Fiquei sozinha em meu quarto. Chorei e solucei por um bom tempo. Cessei meu pranto, com meu cérebro iluminou-se com uma ideia. Limpei minhas lágrimas e respirei fundo. Lembrei das estórias infantis que mamãe me contava antes de dormir ainda na infância. Assim como as belas donzelas apaixonadas, eu me aventuraria e arriscaria uma fuga com meu amado. Estava disposta a largar minha família e abrir mão de todo o conforto. Com um fio de esperança, sonhei com minha fuga com José. Dois enamorados correndo pela floresta em busca da felicidade. Esqueceria minha própria estória em busca de meu verdadeiro amor.'' 

Perseguição SombriaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora