Descoberta da Caixa Misteriosa

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O relógio pendurado na parede da sala fazia tic-tac enquanto as meninas aguardavam apreensivas o final de mais um dia de aula.
A professora de matemática ainda passava a lista de exercícios no quadro, enquanto elas trocavam mensagens pelo celular. Em um grupo de conversas em um aplicativo virtual, Letícia digitou:

''Letícia: Tudo certo, meninas? Nosso plano ainda está de pé?
Amanda: É claro! Eu estou dentro!
Giovana: Por que vocês insistem nisso? Estou com medo!
Anna: Se tiver lanche depois eu apoio a ideia.
Letícia: Vai ter na minha casa, Anna haha.
Amanda: Então, assim que acabar a aula iremos.
Giovana: Gente e se algo der errado?
Anna: O que pode dar errado? ''


A pergunta de Anna não foi respondida pois no exato momento o sinal tocou e a professora dispensou todos os alunos.
- Não esqueçam de fazer todos os exercícios para a próxima aula pois valerá ponto para o bimestre.
Os alunos saíram apressados da sala de aula e as amigas desceram as escadas e combinaram de se encontrarem na entrada do colégio.
Ao se reunirem na entrada, elas perceberam a falta de Giovana.
- Onde está Giovana? - questionou Letícia.
- Não faço ideia, pensei que havia descido conosco - declarou Amanda.
- Ela deve estar lá em cima. Irei buscá-la.
Então Anna, impaciente, foi à procura de Giovana.

Ela avistou a amiga conversando com um menino que estudava na mesma turma que elas.
De longe, Anna os observou e quando aproximou-se dos dois ela pôde ouvir:
- Então, Gi... Você aceita ir na festa comigo? - perguntou Gustavo sem jeito, enquanto passava a mão na própria nuca.
- Eu... Bom, eu... - Giovana gaguejou por timidez.
A amiga que observava tudo resolveu interver.
- Ela aceita, mas está muito ocupada agora. Tchau!
Anna pegou no braço de Giovana e a carregou para longe do garoto. Por cima do ombro, Gi acenou para o menino que sorria bobamente.
Depois de descerem as escadas e se juntarem com as demais garotas que as aguardavam, elas seguiram para o ponto de ônibus que levava em direção ao condomínio em que Letícia morava.

****

Quando o ônibus chegou em seu destino, as quatro amigas desceram e encaminharam-se em direção aos condomínios.
Onde Letícia morava era grande e havia muitas árvores de diversas espécies. A área era composta por onze condomínios e ela morava em um deles. O prédio em que a menina habitava era da cor de palha amarela e era composto por três andares. A altura do edifício era altíssima e havia a opção de subir usando a escada ou o elevador. Elas sempre preferiam usar o elevador, pois Letícia morava em um dos últimos andares.
Chegando no apartamento de Letícia, dava-se para ouvir a cadelinha chamada Lola latindo bem alto. As amigas entraram, deixaram suas coisas no quarto dela e levaram uma pá para cavarem o local que desejavam. Como Letícia gravava vídeos amadores e postava na internet, resolveu levar consigo sua câmera digital para registrar o momento, mas mal sabia que se arrependeria amargamente depois.

*****

O vento soprava em seus ouvidos e esvoaçavam os cabelos soltos de algumas delas. Elas ainda estavam vestindo o uniforme do colégio que era composto por uma blusa cinza com as mangas em azul escuro e o símbolo do colégio estava estampado no lado direito superior da blusa. Todas usavam calça jeans e tênis.
Se aproximaram do local que ficava de frente para outros prédios. O lugar que elas resolveram explorar era um círculo formado por árvores centenárias. As árvores foram plantadas uma ao lado da outra e formavam um círculo. No meio, havia terra e troncos podres e as meninas ansiavam em cavar o local só por curiosidade, mas elas não sabiam que esta curiosidade lhes custaria muito caro.
- Vamos logo com isso, pois estou com frio e não trouxe casaco! - reclamou Giovana que era alta e magra como uma modelo.
- Você não está com frio. Confessa que está com medo! - brincou Amanda enquanto balançava a pá no ar.
- Anda logo com isso pois estou com fome! - declarou Anna.
- Quando é que você não está com fome? - disse Amanda.
Todas riram. Letícia resolveu dar início ao que haviam planejado.
- Me dê logo isso aqui. Quero ser a primeira a cavar - Letícia pegou a pá e deu a primeira cavada na terra.
- Eu também quero! - Amanda entrou no círculo junto com ela e as duas cavaram, mas antes retiraram os troncos apodrecidos pelo tempo.
Giovana e Anna não quiseram entrar no meio das árvores. Giovana por estar com medo e nojo, já Anna era porquê preferia não se meter no meio do alvoroço das duas outras amigas.

- Ai gente, que nojo! Imagina se tem um gato morto enterrado aí! - Giovana fez cara de nojo enquanto esfregava as mãos em seus braços pois estava com frio por causa da ventania.

Ela se referiu aos gatos pois o local onde Letícia morava era repleto de felinos de todas as cores.
- Gato morto? Temos que ter medo dos vivos, isso sim! - disse Letícia enquanto pegava a sua câmera para gravar.
Quando ela ligou a câmera e enquadrou as duas meninas que estavam fora do círculo, uma delas disse:
- Não creio que você vai gravar isso!
- Por que não, Anna? Assim tenho mais um conteúdo para o meu canal no Youtube.
- Você chama ''cavar um buraco'' de conteúdo? - Anna colocou a mão na cintura e arqueou uma das sobrancelhas.
- Sim - Letícia riu.
Giovana tampou o rosto com as mãos e Letícia filmou Amanda cavando arduamente. De onde ela estava também podia-se ver um casarão abandonado e caindo aos pedaços ao lado. Ela resolveu gravá-lo de longe também.
- Estou cavando isto por mais de três minutos e não acho nada de interessante.
- Desista, Mands. Não tem nada aí - Giovana disse.

- Claro que deve ter algo. Continua, Amanda! - disse Letícia animada.
- Parem de conversar e cavem logo esse troço. Daqui a pouco vai começar a chover.
- Pare de reclamar, Anna. Eu acho que senti algo com a pá! - exclamou Amanda.
A atenção do grupo de amigas se voltou para o buraco que haviam feito. Elas cavaram por mais de cinco minutos e tinha uma quantidade de terra considerada.
A temperatura começou a esfriar e pode-se ouvir um estrondo de um relâmpago no céu quando o que havia enterrado fora revelado.
As garotas ficaram boquiabertas com o que haviam descoberto. Tratava-se de uma caixa de tamanho médio feita de madeira e pintada a mão pela cor verde-água e entalhada por desenhos geométricos desconhecidos pelas meninas. A caixa era antiga e estava desgastada.
Amanda limpou com a mão o excesso de terra que estava encrustado ao redor da caixa. Ao retirar o objeto do buraco elas colocaram logo dentro de uma sacola plástica pois começara a chover.
- Vamos abri-la em minha casa. Venham! - Letícia as chamou e desligou a câmera em seguida.
As quatro amigas seguiram-na levando a caixa misteriosa com elas. O que elas não tinham noção é que este objeto não estava enterrado sem motivo. Algo poderoso estava prestes a ser libertado por elas e não sabiam o tamanho do perigo em que estavam sendo expostas.


Perseguição SombriaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant