blueberry muffin

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 Era segunda-feira. Harry estava irritado.

Irritado não por escolha e vontade própria, mas porque parecia que, a partir do momento em que havia posto os pés para fora da cama, tudo começou a dar errado.

De uma maneira única e misteriosa, o mundo parecia estar girando ao contrário do que realmente precisava para manter a fluência em funcionamento na rotina daquele garoto.

Ao sair de casa, percebeu que estava frio o bastante para que seu queixo mobilizasse sua boca de vez, ou quebrasse todos os seus dentes. Andava de forma desengonçada e reclamava a cada passo que dava, praguejando a si mesmo por não ter escutado as palavras de sua mãe antes de sair de casa.

Sim, Harry poderia muito bem dar meia volta e ir até sua casa buscar uma blusa quentinha e aconchegante. Mas isso só seria possível se tivesse acordado com tempo de sobra, e não totalmente atrasado, como havia acontecido.

Por aquele mesmo motivo, naquela manhã, não teve tempo nem de pentear seus cabelos como sempre fazia, amarrar os cadarços de seu tênis ou abotoar corretamente os botões da camisa com golas do uniforme que vestia.

A única tarefa considerável que estava dentro de sua rotina matinal e que Harry havia conseguido exercer corretamente era a de espirrar inúmeras vezes sua colônia favorita sobre seu corpo, a fim de ao menos estar com um cheiro relativamente apresentável.

Não que esperasse que as pessoas fossem sair por aí cheirando-o por inteiro. Harry só queria conseguir melhorar aquela situação.

E foi no caminho para a escola que o garoto, literalmente, surtou. Parou de repente, olhou para os lados, suspirou fundo e bateu os pés no chão, quando a realidade bateu-lhe tão forte na cara, que certamente ficaria marcado por dias. Harry havia se esquecido do único detalhe que importava mais do que cadarços, colônias e botões, todos juntos.

Seu café-da-manhã.

O trajeto específico para a escola que fazia todos os dias de sua vida, sem contas os finais de semana, passava justamente pela cafeteria de Morgan. Seu pai de consideração que o alimentava da melhor maneira possível e tinha as mais doces e agradáveis bebidas da cidade.

O que Harry teria de fazer para conseguir tomar seu café a tempo e ainda assim, chegar à escola?

Talvez rezar. Ou implorar ao tempo para que desse uma pequena parada.

O garoto estava quase alcançando o estabelecimento. Seus pés davam passos curtos e velozes, e sua respiração ofegava a cada instante.

Ele tinha que decidir naquele exato momento, mas Harry era péssimo para conseguir tomar decisões quando estava sobre pressão de algo. E tal pressão significava falta de tempo e atrasos escolares, juntamente com seu café-da-manhã.

Qual a melhor desculpa que havia passado por sua cabeça até aquele momento? O café-da-manhã é a refeição mais importante do dia.

Simples.

Mas talvez uma xícara de café não ajudaria o garoto a aumentar suas notas no final do semestre.

Harry estava encurralado, assim como desejava conseguir encurralar aquela sua segunda-feira.

Ao chegar exatamente em frente à cafeteria, seus pés frearam como se dissessem ao restante de seu corpo que aquele era o verdadeiro destino final do garoto dos olhos verdes.

Harry suspirou algumas vezes antes de começar a pensar na possibilidade de fazer uma escolha. Num momento entre respirações tão ofegantes e suspiros profundos, Harry nem ao menos percebeu que havia tomado sua decisão.

coffee shop // larry stylinsonWhere stories live. Discover now