peanut butter brownies

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O garoto pôde claramente ouvir o pequeno sino tilintar ao empurrar a porta e adentrar aquele estabelecimento. O cheiro quente de calda de chocolate propagava pelo ar quando Harry respirou fundo, acostumado com certa doçura por todos os cantos daquela cafeteria.

— Harry! – o homem saldou. Seu tom de voz era alto e animado. Deu a volta pelo balcão e foi de encontro ao menino, que sorria de forma larga em sua direção.

— Senhor Morgan! – o garoto exclamou, abrindo seus braços de forma animada. O dono daquele estabelecimento acabou soltando uma gargalhada antes de puxar Harry para um pequeno e desajeitado abraço.

— Que coisa de velho! – comentou, sorrindo em direção ao garoto. – Você sabe que pode me chamar do que bem quiser, Harry. Não faça com que a minha consciência pese... Eu tenho sessenta e dois anos, mas prefiro não acreditar realmente nisso. – continuou, arrancando risos do garoto dos cabelos volumosos e encaracolados.

Harry considerava aquele homem como seu próprio tio, mesmo que fosse apenas o dono da cafeteria que fazia parte de uma de suas paradas obrigatórias pelo trajeto de ida para a escola. O garoto havia descoberto aquele lugar quando, certo dia, caminhava vagarosamente ao notar que havia sujado o próprio uniforme com calda de caramelo e respingos de glacê. Devorar um bolo inteiro logo pela manhã nunca lhe pareceu uma boa ideia.

Acabou adentrando a cafeteria em busca de alguns guardanapos, mas tudo o que encontrou foram canudos e clipes de papel. Morgan, o homem que havia atendido Harry, tentou ajudar o garoto das melhores maneiras possíveis, mas todas as tentativas pareciam multiplicar o tamanho das manchas, o que acabou deixando ambos extremamente frustrados.

Até então, parecia existir algumas outras possibilidades, mas quando Harry casualmente checou as horas no grande relógio pendurado em uma das paredes, percebeu que estava duas horas atrasado e que provavelmente já havia perdido quase metade de suas aulas. O que lhe restou foram algumas mensagens enviadas ao melhor amigo, dizendo sobre o acontecido. No final daquele dia, Niall perguntou ao garoto dos olhos verdes sobre a variedade de bolinhos e tortas daquele lugar.

Harry apenas acabou contando sobre como aquele homem era simpático e que ele havia lhe dado uma xícara de café por cortesia da casa.

— Tudo bem, tudo bem, James Morgan. – o garoto brincou, arqueando uma de suas sobrancelhas. – Se algum dia você se sentir velho, me avise. Podemos dar uma volta usando roupas descoladas e calça apertada. Eu também posso gritar bem alto seu nome, perto de todo mundo. Quem sabe isso faça com que você rejuvenesça uns quarenta anos?

O homem acabou soltando uma gargalhada, antes de voltar-se para trás do balcão.

— Talvez essa ideia não seja tão má. – comentou, dando de ombros.

— É, não mesmo. – Harry riu, apoiando-se na bancada de vidro e abaixando levemente a cabeça para poder observar os doces uniformemente espalhados e embrulhados. – E qual vai ser a sugestão do dia?

— Brownies recheados com pasta de amendoim. Para beber, sugiro uma xícara de café com leite de soja cremoso, chantilly fresco e raspas de canela no topo.

— Sugestão aceita! – o garoto vibrou, dando um enorme sorriso e começando a se afastar, indo de encontro com as pequenas mesas e escolhendo uma para que pudesse se sentar. Acabou deixando a mochila na cadeira vaga ao seu lado enquanto esperava pacientemente pelo pedido feito.

Não demorou muito para que James caminhasse em direção ao menino, segurando uma bandeja metálica com os pedidos de Harry. O cheiro estava extremamente agradável, assim como sua aparência.

— Obrigado!

— Disponha. – James respondeu, arrastando levemente uma das cadeiras vazias e sentando-se logo em seguida. Harry franziu o cenho sem que o homem percebesse. Não que, para ele, companhia daquele homem era indesejável, mas sim, porque aquela era a hora em que geralmente Morgan corria para a cozinha e lavava um pouco da louça que havia restado do dia anterior. – Harry... – chamou, levantando as sobrancelhas.

— Hm. – o garoto apenas murmurou. Sua boca estava ocupada demais para conseguir emitir qualquer tipo de som coerente.

— Tenho algo para te contar.

— O quê?

— Eu finalmente me aposentei.

Harry arregalou os olhos, sentindo que poderia cuspir toda a bebida que estava em sua boca. Engoliu com dificuldade, respirando fundo e mantendo o olhar fixado no homem sentado à sua frente.

— Você o quê? – esganiçou, afinando a voz. – James, não... Não brinque com isso.

— Calma... Calma. Já tenho tudo sobre controle. – o homem riu baixo, mexendo as mãos no ar. – É isso mesmo. Eu me aposentei... Mas isso não quer dizer que eu vou fechar essa cafeteria, se é isso mesmo o que você está pensando...

— É. É isso mesmo o que eu estou pensando.

— Não... De maneira alguma. Eu apenas... Não ficarei aqui sempre, como antes. E é por isso que eu contratei uma pessoa para tomar conta daqui enquanto eu estiver fora, curtindo minha vida como um trabalhador com férias estendidas... – riu, sendo acompanhado por Harry. O garoto abriu a boca para falar, mas James continuou: – Eu juro que a primeira pessoa que pensei e escolhi para tomar conta daqui foi você. Óbvio, tinha que ser você. Seria uma honra e tanto... Mas eu sei que a escola ocupa metade do seu tempo e as lições e os trabalhos também... Além daquele seu amiguinho loiro...

— Niall. – Harry respondeu, gargalhando. – É, ele ocupa meu tempo mesmo.

— Você vai ficar triste por eu não ter contratado você? – James perguntou, erguendo as sobrancelhas.

— Não... – o garoto dos olhos verdes começou, ficando alguns instantes em silêncio. – Não... De maneira alguma! Pelo contrário, fico muito feliz. Você merece algum descanso, James.

— Isso é bom... Isso é muito bom.

Harry assentiu com alguns movimentos de cabeça.

— Mas me responda uma coisa... – Harry começou, cruzando os braços. Morgan murmurou algo, incentivando o garoto a continuar. – Esse novo funcionário vai me dar sugestões também?

— Bem... – o homem começou, parecendo pensativo. Soltou uma risada antes de continuar: – Isso eu já não sei, até porque quem faz as melhores sugestões sou eu! – gargalhou, dando de ombros. – Mas você vai continuar pedindo o que bem quiser, pois eu tenho certeza que ele fará com uma boa vontade...

— Ele? – Harry franziu o cenho.

— Sim, ele. O nome dele é Louis. Ele começa amanhã.

— Ah. – foi tudo o que Harry disse antes de sorrir e voltar a comer.


coffee shop // larry stylinsonWhere stories live. Discover now