IMPRESSÕES DE VIAGEM.

11 3 0
                                    


       Na tarde daquele domingo o calor era intenso, a temperatura oscilava na casa dos trinta e cinco graus, a sensação térmica ultrapassava os quarenta graus. Eu caminhava tranquilamente pelas ruas de paralelepípedo da cidade de São Miguel dos Campos em Alagoas, cidade essa que me fez lembrar da cidade onde nasci em Minas Gerais - Rio Casca - A cidade de São Miguel dos Campos não é tão grande e nem tão pequena também, dividida em duas partes; sendo a parte mais alta com a maioria dos bairros, e a parte baixa e plana da cidade onde ficam a prefeitura, o comércio, o hospital e a usina de cana de açúcar e álcool, a cidade possui características únicas e uma arquitetura própria, de singular simplicidade e grande beleza, lembrando e muito algumas cidades históricas do interior Mineiro; o grande diferencial de São Miguel dos Campos talvez seja o calor; para quem não está acostumado com o calorão, no primeiro momento acha um absurdo, mas acaba se acostumando, para os Alagoanos as altas temperaturas é algo completamente normal, de certo um convite para ir a praia, e por falar em praia; Alagoas tem praias belíssimas, a exemplo da praia da Barra de São Miguel e a praia do Gunga, lugares maravilhosos que certamente demorarei para esquecer. Quando eu fui a Barra de São Miguel, a primeira coisa que chamou a minha atenção foi o momento em que nos aproximavamos da praia, fiquei encantado, a vista que se tem da rodovia que da acesso a praia é maravilhosa, vindo de São Miguel quase ao chegar à Barra, numa decida bem íngreme, você se depara com a vista do mar e toda sua imensidão azul, os inúmeros pés de coqueiros da praia do Gunga, o Recife de corais que mais parece um paredão de pedra no meio do mar, formando uma espécie de lagoa entre o mar alto e a praia; quando a maré está baixa é possível ir até esse magestoso paredão de pedra , mas no decorrer do dia a maré sobe incobrindo o Recife de corais, e o paredão de pedra some no meio do mar.
      Os Alagoanos são muito simpáticos, e deixou-me com uma maravilhosa boa impressão, eles são muito acolhedores, pessoas alegres por natureza que por qualquer motivo fazem festa. Outra coisa muito particular em Alagoas é a hora em que o sol nasce e o momento em que ele se põe, digo isso porque estamos acostumados em São Paulo com o dia clareando as seis horas da manhã e com o anoitecer as dezenove horas da noite; já em Alagoas o dia começa a clarear antes das cinco e meia da manhã e à anoitece antes das dezoito horas, demorou para me acostumar. Por várias vezes acordei assustado, imaginando que já passava das dez horas da manhã, quando ao olhar no relógio ainda não era nem oito horas da manhã. Outra coisa que não pode faltar de maneira nenhuma dentro das casas dos Alagoanos é um bom ventilador, é praticamente impossível você entrar em qualquer casa em Alagoas e não se deparar com um ventilador encostado no canto da casa, geralmente é mais de um, depende muito do tamanho da família.
       A minha primeira grande surpresa quando cheguei na casa do meu cunhado foi ao tomar banho, percebi que não havia chuveiro elétrico na casa dele, o chuveiro que ele tinha não era do tipo convencional, desses que temos em São Paulo, fiquei preocupado porque já era noite quando fui tomar banho; meio assustado, meio receoso pela água fria, liguei o chuveiro esperando a água gelada nas costas, mas qual não foi minha surpresa, a água estava quente, como se fosse de um chuveiro elétrico, depois meu cunhado me disse que todas as casas sequem esse mesmo padrão, também com tamanho calor que faz na cidade não é para menos, vendedor de chuveiros em Alagoas morreria de fome com certeza; nunca em minha vida transpirei tanto, meu rosto era mesmo uma mina de água e minhas roupas ficavam o tempo todo encharcadas.
     Fiquei poucos dias na cidade de São Miguel dos Campos, mas foi o suficiente para ver quantas belezas existem na cultura deles, o que pude perceber é que o Alagoano não está muito preocupado com a correria do dia a dia como é os Paulistanos, eles não dão tanto valor ao materialismo, mas com certeza, valorizam e muito o prazer de viver bem, de estar sempre alegre e em festa; somos acostumado ao ritmo frenético de uma São Paulo desvairada que nunca para e nunca dorme, a nossa diversão, na visão dos Alagoanos é contida programada e deficiente. O que pude perceber é que temos muito a aprender uns com os outros, na minha bagagem eu trouxe mais do que presentes, eu trouxe a certeza de que aprendi muito com cada sorriso e com cada olhar de um povo alegre simples e espetacular.

RETALHOS DA MEMÓRIA. Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz