LÁGRIMAS.

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       Lágrimas que molham o meu rosto revelando o desgosto de um grande mau. Lágrimas ao ler o jornal e encontrar somente notícias ruins, lágrimas ao saber que nesse país muitos estão roubando milhões e ninguém se importa com isso, enquanto  outros milhões de Brasileiros vivem em extrema pobreza, e não é necessário recorrer ao extremo norte do país para evidenciar tão fato; na minha cidade, em plena Sorocaba, muitas famílias vivem abaixo da linha da pobreza com menos de cinquenta reis por mês, tente imaginar você vivendo com menos de cinquenta reais por mês, ainda com filhos pequenos para alimentar, essa é uma verdade e esses dados é de uma matéria publicada no jornal Cruzeiro do Sul. Existem ainda, muitas famílias que se aproveitam dos restos que sobram nos finais de feiras para se alimentarem, enquanto outros tantos jogam no lixo toneladas de alimentos bons, entende agora o motivo dessas que são apenas as minhas primeiras lágrimas; como não chorar diante de um quadro desses.
            Lágrimas que me trazem saudades de uma realidade que não volta mais. Lágrimas por um tempo que ficou totalmente esquecido; um tempo onde a violência não era tão presente como é nos dias hoje, um tempo onde caminhávamos tranquilamente pelas ruas das cidades durante as madrugadas sem a preocupação de que seríamos assaltados, mas hoje o que vemos é  um número cada vez maior de roubos seguidos de mortes,  isso em plena luz do dia, e os motivos são os mais banais que se possa imaginar, algumas vidas são perdidas por centavos. Então eu lhes pergunto e respondam para vocês mesmos:   "Qual é o valor de uma vida?" Houve um tempo em que os filhos respeitavam o olhar do pai, bastava aos pais olharem para os filhos quando os mesmos aprontavam alguma coisa errada para os filhos  entenderem que aquele ato era errado, no mínimo teriam que ter um pedido de desculpas. Esse tempo já passou e com certeza não volte mais. Quando vejo essas coisas meu coração se entristece, bate um pouco mais dolorido dentro do peito, como não chorar diante de um quadro desses.
              Lágrimas de alvos que foram perdidos e de corações feridos sem terem paz. Lágrimas ao ver que muitos, apesar de tanto se esforçarem, não conseguem alcançar os seus objetivos, os seus ideais, os sonhos do coração. Lágrimas por presenciar uma sociedade em pleno declino sócio cultural, aos poucos perdemos a nossa identidade; a nossa cultura está sendo forjafa por uma cultura estrangeira, cultura importada por pessoas que não se importam, que  não valorizamos o que temos de melhor e nem o que somos de melhor. O mundo tornou-se pequeno, ao alcance de apenas um toque em uma pequena tecla virtual, atravessamos o oceano com apenas um toque. A Internet é uma espada de dois gumes, que, infelizmente nossos jovens não estão sabendo manejar, não há nescesidade de se falar muito a esse respeito, basta ver o noticiário para se ter uma idéia das barbáries ocorrendo mundo a fora, crimes, mortes, pornografia, pedofilia, tudo ligado aos meios modernos de comunicação. Como eu não vou chorar diante de um quadro desses.
             Lágrimas que transbordam como rios em dias de enchentes, e levam a morte para nunca voltar. Lágrimas de poetas esquecido e desvalorizados, sem uma identidade artística, mendigando seus versos de amor para sobreviverem. Lágrimas ao ver que o amor e o romantismo morreram, por ver a poesia se tornar, como dizem por aí, fora de moda. Lágrimas são os rios das nossas almas, que surgem na nascente dos nossos olhos, depois de brotarem procuram o seio da terra para nela morrer. Mas como compreender essas muitas lágrimas? Como compreender a complexidade de um coração massacrado pela dor, em desespero e angústias? Talvez as lágrimas sejam a nossa última tentativa de expressar o que as palavras nunca poderam dizer; eu vejo todos os dias muitas lágrimas perdidas, não minhas, mas de pessoas que estão sendo esquecidas e maltratadas pelo nosso governo e por uma sociedade preconceituosa. Como não chorar diante de um quadro desses.
             Lágrimas que molham a alma humana  trazendo grandes tempestades. Lágrimas solitárias, indigentes, que não tem um nome e tão pouco um endereço, mas com certeza tem uma história para contar; e quantas história de lutas são derramadas na forma de lágrimas todos os dias dos olhos de milhões de pessoas, não só em nosso país, mas no mundo todo. Como não chorar ao ligar no noticiário e ver a respeito de uma mãe que  foi abusada sexualmente com sua criança ainda nos braços... Faço silêncio agora… Existe um peso de dor na minha alma ao ver tantas pessoas morrerem estando ainda vivas... Como não chorar diante de um quadro desses, talvez a resposta certa, ou melhor, a única solução para todos esse problemas, para todas as lágrimas derramadas, esteja condicionado à um único nome, mas… Eu tenho receio de falar sobre esse nome, justamente pelo preconceito de muitos contra ele, infelizmente por defender esse nome, muitos foram mortos e torturados mundo a fora, tudo bem não gostarem dele, as pessoas possuem o livre arbítrio, que, diga-se de passagem, foi um presente que Deus nos deu, todos tem o direito de acreditar ou não em Jesus, eu particularmente  continuo crendo, dentre tantas figuras históricas, Jesus é o único que divide a história em antes dele e depois dele, mas, como eu disse, cada um é livre para escolher seu próprio caminho, só não seremos livres das consequências de nossas escolhas.

RETALHOS DA MEMÓRIA. Where stories live. Discover now