Entre Desejo e Vaidade || H.S

45 - It really shoudn't work... But it does!

CHARLIE

Ando pelo campus parecendo um fantasma, nunca pensei que fosse me sentir desse jeito. Em todos os livros que eu li durante a minha vida, sempre vi as mocinhas dizendo que sentem um aperto no peito, mas eu sinto todo o meu corpo doer.

A imagem parece estar tatuada na minha mente, não consigo passar mais de vinte segundos sem pensar naquela cena. O que mais dói é saber que ele correspondeu, ele também queria aquele beijo. E dessa vez não foi como aconteceu com Olívia, ele não estava tentando me irritar, ele sequer sabia que eu estava ali, eu pude ver sua expressão quando ela começou a se aproximar dele, ele queria.

Quando fui embora ele parecia destroçado, mas não me impediu. Ao olhar em seus olhos, por um minuto, eu achei ter visto dor, de verdade, mas ele não moveu um músculo, ele já deveria saber que palavras não bastariam.

Chego no meu quarto e sento em frente à minha escrivaninha, estou adiantando todos os meus trabalhos e a lista de leitura que tenho para o semestre. Quero manter minha cabeça o mais ocupada possível, mas assim que abro o meu notebook sinto mais uma vez aquela dor aguda.

'(Novo!) Harry Styles - Enviado às 09:00 am 09/23.'

Ele me enviou esse e-mail há quase um mês, mas eu ainda não consegui abrir. Não consigo aceitar nada que venha dele, é maior do que eu. Vanessa já tentou me persuadir, até mesmo Louis que esse tempo todo foi a pessoa que mais tomou as minhas dores, tentou me fazer ler, mas eu não consigo.

Passei as últimas semanas encarando essa notificação, tentando ser forte e corajosa o suficiente para abrir esse maldito e-mail, mas não consegui e não acho que eu vá. Já pensei em excluir, mas tampouco tenho coragem para isso e a cada dia me odeio mais por não conseguir ser forte.

Fecho o notebook com força e me jogo na cama, poderia chorar, mas tenho chorado tanto que me recuso. Fico só deitada, tentando esvaziar a minha mente, mas de repente ouço batidas na porta e levanto, com as sobrancelhas franzidas. Vanessa não bate, muito menos o Louis e os dois estão na aula.

Assim que abro a porta eu sinto o meu pulso acelerar. É muita petulância. Antes mesmo que ela diga qualquer coisa com aquela cara lavada, eu bato a porta na cara dela e volto a me jogar na cama.

"Charlie, eu sei que eu sou a última pessoa que você quer ver, mas eu preciso mesmo falar com você." Ela diz com aquele seu tom irritantemente doce e eu bufo. Ridículo.

"Eu sei que errei, mas eu quero me desculpar. Preciso que você veja uma coisa. É sério." Ela continua e eu permaneço deitada na cama, sem mover um músculo sequer.

"Abre a porta! Nem que seja para me dar um tapa na cara." Ela diz e pelo seu tom de voz vejo que está quase desistindo.

Na mesma hora pulo da cama e abro a porta de supetão, acertando os meus cinco dedos nessa cara de sonsa dela. Por um minuto ela fica completamente estática, olhando para mim incrédula.

"A sua oferta foi boa demais para que eu recusasse." Eu digo debochada e ela fecha os olhos, assentindo.

"Eu sei que mereci! Agora, por favor, me escuta!" Ela implora e eu estreito os meus olhos em sua direção.

"Por que eu deveria? Desde que você chegou tudo que você fez foi infernizar a minha vida!" Falo ácida olhando bem para cara dela.

"Eu sei que você não me deve nada e que não tem nenhuma razão para me ouvir, mas eu preciso que você veja uma coisa." Ela diz suplicante e eu fecho os olhos com força e suspiro, dando espaço para que ela entre.