36 - Por que você se importa?

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Saio rapidamente do apartamento de Crystal e desço as escadas praticamente correndo, quando chego do lado de fora do prédio quase mudo de ideia e volto para dentro, o céu está ainda mais carregado do que antes e não vai demorar muito para chover.

Paro e penso por um minuto no que vou fazer, sei que depois disso não vai ter muita volta, mas não quero pensar demais, nós já passamos da hora desse acerto de contas, estamos perdendo tempo e energia com essa disputa de poderes onde só quem perde somos nós mesmos.

Não sei exatamente onde eles está, mas o meu melhor palpite é o seu apartamento. Decido não mandar mensagem porque sei que se eu fizer isso podemos discutir por mensagem mesmo e isso é algo que temos que fazer olho no olho. Apresso o passo e vou quase correndo para o seu quarto.

Tem horas que eu não entendo o porquê de as pessoas andarem tanto de carro por aqui, dá para ir a pé para todo o campus tranquilamente. Atravesso quase a metade do caminho rapidamente, mas de repente começa a cair uma chuva torrencial, por um minuto eu mal consigo enxergar um palmo a minha frente, fico imediatamente ensopada, mas isso não me impede de continuar o meu caminho.

Quando estou bem perto do seu prédio posso ver uma silhueta correndo na minha direção e o meu coração acelera e, mesmo que dure apenas um segundo, eu me lembro de tudo que me aconteceu noite passada e sinto o ar sumir dos meus pulmões. Porém, quando aperto os olhos vejo que é Harry e ele está tão molhado quanto eu. Seus cabelos grudando no seu rosto conforme ele se movimenta. O que ele está fazendo aqui?

Assim que ele percebe que estou aqui na sua frente vejo sua expressão suavizar e então ele dá passos decididos na minha direção, parando a milímetros de mim. Quando abro a boca para falar ele põe as mãos no meu rosto e leva os meus lábios aos seus sem me dar tempo para reagir.

Sua boca está urgente na minha, desesperada, como se ele precisasse desse beijo mais do que qualquer coisa nesse momento. No começo fico sem reação, mas um segundo depois levo minhas mãos ao seu pescoço e retribuo o seu beijo com a mesma intensidade.

A chuva não dá uma trégua e a probabilidade de ficarmos resfriados é enorme, mas não ligo e, pelo visto, ele também não. Apenas continuamos o nosso beijo como se nada mais existisse e só nos afastamos quando os nossos pulmões começam a protestar em busca de ar. Como sempre, ele encosta sua testa na minha e o ouço suspirar.

"Não fala nada, vamos entrar antes que fiquemos resfriados." Ele diz com o tom bem mais suave do que eu esperava e eu apenas assinto, o acompanhando para o seu prédio, em silêncio.

Nós entramos no seu apartamento num silêncio mais confortável do que eu achei que estaríamos a essa altura. Ele anda calmamente até o banheiro e volta com uma toalha na mão, enquanto passa a outra pelo cabelo que está pingando. Ele a entrega para mim e eu sorrio em agradecimento. Tenho medo de romper essa barreira silenciosa e nós acabarmos gritando um com o outro como sempre fazemos.

Passo a toalha pelos meus cabelos e tenho que segurar os meus ímpetos hormonais quando ele tira a camisa molhada e a joga dentro do cesto, sua pele está arrepiada devido ao frio e os músculos contraídos, ele está a visão da sensualidade, mas me contenho em morder os lábios e fechar os olhos para manter o foco.

Assim que veste roupas secas, ele pega uma camisa em sua gaveta e a joga para mim. Retiro a minha blusa e a visto rapidamente, mas não deixo de notar que ele desvia o olhar de mim e solta um suspiro.

Ele senta na beira de sua cama e olha para mim, parecendo refletir sobre o que vai dizer e eu respiro fundo.

"Olha, Charlie, eu não quero brigar. Só me diga, por que estava com ele?" Sua voz está contida, assim como sua postura, ele está tentando se manter calmo e isso já é uma vitória e tanto.

Entre Desejo e Vaidade || H.SOnde as histórias ganham vida. Descobre agora