Prólogo

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"Há uma inocência na mentira que é o sinal da boa fé numa causa."

- Friedrich Nietzsche

Mal podia acreditar, estava tendo o primeiro dia de folga desde que começou a trabalhar, isso foi á seis meses e meio. Pode parecer pouco para algumas pessoas, mas carregar caixas todos os dias é cansativo, ainda mais com seus braços finos e frágeis. Contudo, não poderia reclamar, o Sr. Harvey foi o único a lhe empregar – menores de idade não costumam achar empregos que pagam o suficiente para se sustentar ou viver bem. A metade de um salário que é oferecido para jovens não paga sua alimentação, aluguel e as demais despesas que se tem ao viver sozinho.

Zapeava seu facebook atrás de algo que lhe chamasse atenção. Era o seu tão esperado dia de folga e era dessa forma que aproveitava, não é como se tivesse muitos lugares para ir ou opções. Estava na mesmice de sempre. Olhou as várias sugestões para amigos e continuou a subir a página, algo lhe chamou a atenção o fazendo voltar. Talvez fosse a falta de seus óculos de grau, mas ali naquela pequena foto estava ele, clicou no perfil de nome Zac Malik, enquanto esperava a página carregar mordeu a almofada do dedão temeroso. Sentiu um mal pressagio. Acreditou que aquilo fosse obra de seus ex-amigos da escola, de vez em quando aprontavam coisas do tipo só por diversão.

A página então carregou revelando um bonito garoto de cabelos tingidos de loiro, ele estava sério na foto, a barba negra e bem modelada cobrindo uma parte de seu rosto. A pessoa da foto poderia até ter o mesmo rosto que o seu, mas com certeza não era ele. Eles eram parecidos e ao mesmo tempo não eram. Confuso. Muito. Observou outras fotos do garoto; uma ele estava com cabelos brilhantes longos e negros; outra com o cabelo rosa; uma aos beijos com um garoto de boné; fazendo careta com alguns garotos; em uma festa com um copo de plástico vermelho na mão. As pessoas da escola nunca perderiam seu tempo fazendo montagem – uma bem feita – com cada foto ali postada. Eram mais de 300.

Existe uma coisa chamada ataque de pânico que é basicamente um fenômeno físico resultante do processo ansiedade. Ele pode ocorrer em qualquer lugar e a qualquer hora. Zayn já estudou sobre isso, mas nunca pensou que algum dia fosse realmente acontecer com ele. Estava com falta de ar, se sentindo sufocado e uma dor incomoda no peito. Buscava ar com respirações pesadas e sentia seus dedos tremerem, por pouco seu celular não foi jogado ao chão.

As únicas coisas que sua mente conseguia processar era achar um jeito de respirar e que existia uma pessoa com o mesmo rosto que o seu. Não só parecido, mas idêntico. Como aquilo era sequer possível? Sentiu uma pequena vertigem e tentou controlar sua respiração. Inspirou e expirou pacientemente durante bons minutos. A incomoda dor em seu peito foi se aliviando e parando aos poucos.

Horas depois quando sua mente estava clara e sua respiração totalmente controlada, tentou pensar em algo, uma solução para aquela situação. Ele tinha algumas hipóteses em mente, porém a mais provável era que Zac Malik fosse seu irmão gêmeo. Fazia todo sentido, já que Zayn cresceu em um orfanato até completar 16 anos, quando se emancipou e saiu para encontrar um emprego. Ninguém nunca lhe contou sobre seus pais biológicos, disseram apenas que foi abandonado em uma caixa perto do orfanato. Então pode muito bem tem um irmão e não fazer ideia – pelo menos até agora. Essa também é a ideia mais plausível dentre todas as outras hipóteses que sua mente criou, não conhece seus pais para perguntar, mas um exame de DNA pode solucionar o problema.

Precisando urgentemente saber quem era aquele garoto mandou uma solicitação de amizade e se sentiu um idiota, aquele cara descolado iria ver a sua foto de perfil e riria com toda certeza, era uma foto antiga com alguns efeitos ridículos. Também mandou uma mensagem:

LIAR - (AU!ziam) EM HIATOS Where stories live. Discover now