A princesa das borboletas

Capítulo quinze

Ester

            — Eu não acredito que ela fez isso conosco! – Grito desesperada.

            — Ester, desculpe-me interromper seu momento de lamentação e irritação, mas nós íamos arrancar o Néctar dela para salvar a nossa pele, não acha que está sendo muito hipócrita nessa frase? – Jane perguntou.

            — Coelho idiota! Saia da minha frente! – falo o empurrando para o lado – O que iremos fazer? Ela não vai voltar, precisamos fazer alguma coisa. — Noto que estou falando sozinha e começo a sair do castelo, indo para o jardim.

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            Alcanço o jardim e início uma tranquila caminhada. Lembro-me quando meu pai me trazia aqui, ele dava voltas e mais voltas, nós riamos! Mas, agora ele não se digna a olhar para mim, tudo isso por causa do Nicolas, garoto ingrato, ele realmente tinha que se apaixonar por aquela humana idiota, agora perdi meu pai, meu filho e a única chance que teria de sobreviver.

            Continuo andando pelo jardim, até chegar a minha árvore favorita, gosto daqui porque o rio passa logo embaixo, as sereias do Jardim dos Borboletas usam essas águas para se locomover, mas elas não gostam muito do povo Borboleta e preferem se manter distante. Sento em um de seus galhos e noto que os lindos frutos de abacamoras não estão florescendo, e sim apodrecendo. Todas as árvores estão assim...

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            Volto correndo para o castelo e entro correndo pela porta, até esqueci que tinha asas. Tanto tempo com elas e ainda sim esqueço que elas existem.

            — O que iremos fazer? – Grito retomando o fôlego – o desastre já começou, as plantas da floresta já estão começando a morrer, não podemos deixar isso acontecer, precisamos agir, precisamos achar outra princesa! Colin, Traga o Oráculo! — Grito, Colin entra correndo no cômodo com um enorme pergaminho envelhecido.

            — Quem será a nova princesa? — Pergunto.

            — Temos duas opções.

            — Nós poderemos escolher? Que incrível! — Falo com um sorriso no rosto.

            — As opções são Lia ou um herdeiro de algum dos príncipes ou princesas até agora, o que nos faz retornar a única princesa viva, Lia. — Ele explicou e meu sorriso se desmanchou.

            — Precisamos de mais opções Colin, um herdeiro irá demorar muito, a garota ainda nem fez 15 anos.

            — Só temos essas duas opções.

            — Então já temos nossa solução – Falo caminhando de um lado para o outro – precisamos da Lia. — Vou para a sala do vidro de água. Abro a porta, onde uma grande concha com água fica no meio, olho através dela. — Mostre o Jardim. — Uma visão aérea do Jardim das Borboletas começa a passar, as árvores com folhas roxas agora assumem cores escuras e podres, as flores não correm pelo campo. — Mostre a Lia. — Dou a ordem, pois não aguento mais ver o jardim dessa forma, a cena muda e várias pessoas agora batem palma, acho que deve ser uma festa de aniversário.

            — Tive uma ideia chéri, — Jane falou enquanto entra na sala. — ela não está concluída, mas estou convencido que é uma boa ideia. E se nós trouxermos uma pessoa próxima dela para cá, ela será a única que poderá busca-la já que é a última pessoa que o oráculo registrou até agora.

            — Não é uma má ideia, só tem um problema, como pegaremos alguém na outra dimensão que não faça nenhum de nós virarmos pó quando atravessarmos a barreira?

            — Com o mesmo feitiço que Nicolas usou para ir embora, mas não poderemos sair, pois não temos o botão, mas podemos pegar alguém da outra dimensão, acho que se colocarmos aqui nesse vidro de água poderemos esticar a mão e pegar.

            — Então porque não pegamos a Lia? Pouparemos tempo.

            — Eu acho que a pessoa tem que ser daqui, acho que um corpo normal não vai aguentar a viagem. Pensei em Nicolas.

            — Mas que feitiço é esse afinal? — Falo. Não me lembro de Nicolas ter usado feitiço nenhum para atravessar.

            — É uma magia antiga, movida pela mistura de várias emoções, não sei como funciona, mas parece que quando várias emoções distintas como raiva, amor, ódio se misturam, a pessoa que está sentindo tudo aquilo começa a ter como uma "pele a mais" possibilitando que ultrapasse as dimensões sem virar pó. Mas eu acho que não deve ser muito fácil conseguir essa mistura de sentimentos, por isso o Mago conseguiu capturar essa essência e podemos pegar um pouco.

            — Mas Lia não vai sacrificar a sua vida por Nicolas, por favor, aquela garota é muito egoísta para isso.

            — Podemos ver que Nicolas significa alguma coisa para ela, pois acho que o jeito como estão se olhando não é algo muito aceito em sua sociedade.

            — O que você quer dizer? — Ele aponta para o vidro de água e eu corro para ver o meu filho e a princesa de mãos dadas no jardim. Sorrio.

            — Procure o Mago, precisamos desse feitiço o quando antes.

Capítulo revisado/reescrita dia 11/08/2017, se eu encontrar algum erro, por favor comente.