Capítulo vinte e seis

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        — Precisamos sair daqui! – Me debato na cadeira para me soltar das cordas. – Eu não posso morrer duas vezes no mesmo dia, eu preciso ajudar meu irmão!

        — Lia será que você ainda não entendeu que não vai adiantar se debater? – Alec perguntou do outro lado da sala. Ignoro sua fala e continuo me debatendo.

        — Você só vai conseguir se livrar das cordas com magia, sua estupida! — Lira falou.

        — Mas não consigo fazer magia e preciso me livrar dessas cordas para ajudar meu irmão, ele precisa da minha ajuda e... — Olho para meus braços que está solto agora. Levanto da cadeira. — Consegui!

        — Como você fez isso? — Angel perguntou.

        — Não sei. Apenas falei como precisava que as cordas sumissem e elas sumiram.

        — Sua magia funciona a partir da necessidade! — Will falou. — Vem tira a gente daqui.

        — Você ainda não entendeu que eu não consigo? — Pergunto.

        — Não custa tentar. — Gina falou. Ela deve ser a melhor amiga da Lira, pois claramente nenhuma das duas gosta de mim.

        — Tudo bem. Preciso tira-los dessa caixa, para leva-los de volta para casa. — Olho para eles, nada aconteceu.

        — Você precisa de uma necessidade maior sua idiota. Acho que não lembra, mas não temos mais casa. — Lira cuspiu as palavras.

        — Preciso tira-los dali porque não merecem ficar mais tempo nesse lugar. — A parede invisível some e Angel corre para me abraçar.

        — Precisamos pensar em um plano. – Alec falou e Will assentiu. – Quando Ester voltar, e nos ver perambulando por aqui, bastará uma balançada de mãos para voltarmos à situação de antes, e já sabemos que a Lia não vai ter tempo para revidar, ela precisa parar e pensar para fazer magia, e não temos tempo para isso.

        — E se fingirmos que nada aconteceu, e voltarmos para a posição de antes? Podemos pensar em algo sem ela perceber. — Nick falou pela primeira vez.

        — Mas, o que faremos quando ela aparecer para colocar aquela coroa na minha cabeça? Tenho certeza que não vou conseguir fazer magia.

        — Você precisa treinar a magia, sem precisar parar e pensar. — Angel falou. — Foi assim que meu avô conseguiu, vocês precisavam ver as primeiras pessoas desse lugar. — Angel fala sorrindo. Os olhos azuis brilhando.

         — Tudo bem, tudo bem. Mas o que eu poderia ficar fazendo com a magia? – Pergunto.

         — Coisas simples, que Ester não veja, pois se não cortará tudo pela raiz, nos faça flutuar, moveis se mexer, flores surgirem, coisas que possam distrair Ester, pois se ela colocar a coroa na sua cabeça será fim de jogo. — Gina explicou.

        — Nos faça flutuar! — Will e Alec falam ao mesmo tempo.

        — Tudo bem. — Suba. Suba. Suba.

        — Uou! Nós estamos voando! – Alec disse. Ai meu Deus eu consegui!

        — Ai! – Will gritar, ele e Alec estavam no chão. – Lia, você precisa prestar atenção, você viu como estávamos alto?

        — Me desculpem! – Falei, me concentrando para fazê-los subir novamente.

        — Faça um vestido para mim, estou com esse a uns 20 anos. – Gina Pediu.

        — Para mim também. — Lira pede.

        — Tudo bem. — Escuto a queda novamente, Will e Alec estão caídos no chão. — Me desculpem de novo. — Um gemido sai da boca do Will. Vestido. Vestido. Vestido.

        — Que vestido lindo! Pelo jeito você não é de todo ruim. – Falou Lira, usando um vestido cor-de-rosa com penas, igual ao vestido que Jane fez para mim da primeira vez que vim aqui. Que falta de criatividade em Lia!

        — Querida, está pronta para se despedir dos seus novos amigos? — Ester falou se aproximando da porta, todos correm para onde estavam e eu vou para cadeira. Me amarre. Me amarre. Me amarre.

         A porta abre com um baque, Ester volta usando um longo vestido preto com mangas até os cotovelos, um sapato muito alto vermelho, sua rotineira trança lateral e um colar com uma pedra vermelha. Esse colar já estava lá antes?

        — Desculpe pela demora, alteza, precisei trocar de roupa, acho que após essa coroação alguém vai passar para outro plano. Sinto no meu coração. — Ela falou sarcástica.

        Preciso deter Ester, ela vai acabar colocando essa coroa em minha cabeça. Sinto algo pesar em meu pescoço. Talvez um colar.

        — Hoje, coroaremos nossa última princesa, alguém que faria tudo pelo reino, até mesmo ceder sua própria vida! – Eu não aceitaria esses termos nem mesmo se eu não soubesse a verdade. Com um estralo de dedos apareço no outro canto da sala. As borboletas que levaram o mago embora estão de volta, agora elas me levantam no ar, um brilho intenso me ronda e quando piso os pés no chão o meu vestido simples foi substituído por outro que vai apenas até a coxa, a saia volumosa completa de borboletas enquanto a parte de cima é de uma renda branca que se estende até o final do braço, formando uma manga comprida. Os cabelos presos em um coque firme, os pés em uns sapatos prateados. O peso em meu pescoço descobri ser um colar em formato de borboleta com uma corrente contornada por pequenas coroas. No meio da borboleta uma pedra azul pisca.

        — Eu sinto muito, Ester, mas ainda não estou pronta para dedicar minha vida a esse lugar. — Falo olhando para ela.

        — Então, alteza, se não quer se tornar nossa salvadora por bem, se tornará por mal.

Capitulo reescrito/revisado dia 17/06/2019. Se algum erro for encontrado, por favor comente.

     

A princesa das borboletasWhere stories live. Discover now