Capítulo Onze

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            Corro pela floresta, me perco diante de tantas árvores iguais, olho para cima, o céu já está escurecendo. O desespero começa a tomar conta de mim.

            Corro. Corro. Mais não encontro nenhuma saída. Apenas volto para o mesmo lugar. O mesmo labirinto de árvores, a mesma árvore idiota. O que eu vou fazer? Nunca vou conseguir sair daqui e meu pai vai me matar. Deveria ter ficado em casa. Todos estão em casa e eu estou perdida no meio de uma floresta sem saída.

            Volto para árvore e me deito em cima da toalha, meu rosto está suado e minha respiração desregulada. Começo a escutar passos e me escondo atrás do tronco da árvore.

            — Lia? Cadê você? LIA! — A voz que chama meu nome é masculina, Nick. Ele voltou! Uma súbita raiva surge dentro de mim, pulo para cima dele e começo a soca-lo no peito, mas cada movimento parece doer mais em mim do que nele. Quando meus socos começam a ficar mais lentos ele segura meus braços. Começo a me debater, mas não parece surtir efeito algum.

            — O que você estava pensando? Me manda não voltar para o meu reino, me beija, e depois me abandona no meio de uma floresta... A NOITE! Pensei que fosse meu amigo! Você era o único amigo que eu tinha! Não pensou no que as pessoas poderiam falar de mim? Eu só tenho 12 ANOS! — falo, me esforçando para respirar, depois de inutilmente bater nele.

            — Como assim eu era o seu único amigo? Não sou mais? Foi tão ruim assim esse beijo? — Ele falou triste, quase me desarmando.

            — Não quero falar sobre isso agora. — Falo, evitando olhar em seus olhos cor de esmeralda. — Só me diga se vai responder alguma de minhas perguntas? Como sabe sobre o Jardim? Porque não devo voltar para lá? E porque DIABOS você me beijou?

            — Eu só não quero que você volte, não sabe no que está se metendo... Você não leu o recado que tinha ao lado daquele botão? Achei que os britânicos fossem mais educados.

            — Primeiro: você não respondeu nenhuma das minhas perguntas. Segundo: o que você tem contra o jardim? As pessoas de lá não fariam mal a uma mosca! — Grito com raiva.

            — Eu prefiro não falar sobre isso. Não é um de meus assuntos preferidos. — A resposta dele me irrita.

            — Então você pode pelo menos me levar para casa? Ou é segredo o caminho para sair da floresta? Quero ir embora, minha mãe morreu nesse dia e invés de eu estar com minha família, estou no meio de uma floresta com você, senhor NymphWater! — Falo com raiva e ele parece assustado. Ele assente com a cabeça sem falar nada, e começa a andar para fora da floresta. Fazemos a caminhada em silêncio, e continua assim por todo o percurso. Eu não falo nada, e ele também não parece estar muito interessado em conversar.

             Em alguns minutos estamos fora da floresta de pinheiros, em frente ao portão de entrada da chácara. Continuamos andando, nunca tinha reparado em como aquele caminho era grande quando estava caminhando. E se tornava ainda maior quando ninguém fala nada. Comecei a ver algumas luzes, provavelmente da casa. Obrigada Senhor!

             — Nos vemos amanhã na escola? — Ele perguntou. Assenti com a cabeça e ele sorriu e se enfiou na floresta. Continuei andando e entrei em casa, eu só queria ir para o meu quarto enfiar a cabeça em um travesseiro e chorar. Passei correndo pela sala, mas voltei quando meu irmão falou:

            — Lia, o papai está falando com você.

            — Eu sinto muito papai, você falou alguma coisa? Eu não estou me sentindo muito bem. — Falo.

            — Onde estava até agora? Não está vendo, já está escuro, você perdeu jantar! Você deveria ter mais respeito, hoje foi o dia que sua mãe partiu, e, ao invés de estar aqui com sua família estava não sei aonde! Pensei que tivéssemos te criado melhor! — Falou tentando demonstrar raiva, mas não conseguiu, esse dia é muito triste para ele, tanto quanto é para mim.

            — Eu realmente sinto muito papai, não foi a minha intenção. Prometo que não vai se repetir, posso ir para o meu quarto? Não estou com fome. — Ele faz que sim com a cabeça e então subo as escadas e vou direto para o meu quarto não vejo ninguém pelos corredores. Entro no quarto, Eiva não está lá, então subo para o sótão, e giro o botão, me encontro no jardim em menos de 4 segundos, começo a caminhar em direção ao castelo, dois guardas abrem a enorme porta de entrada e começo a correr em direção à biblioteca, a cada passo dado um soldado faz uma reverência, quando chego encontro Colin mergulhado com a cara em um livro de histórias. Ele se levanta, rapidamente, e faz uma reverência, quando ele sobe a cabeça começo a falar apressada:

            — Colin eu preciso da sua ajuda.

            — Em que posso ajuda-la, alteza?

            — Você tem que me dizer o que Nick sabe sobre esse lugar? Como ele sabe desse lugar?

            — Eu não tenho permissão para falar nada disso com ninguém a não ser com a Ester ou o senhor Caio, eu realmente sinto muito. — Ele terminou a frase e parece reavaliar o que disse.

            — Quem é ser senhor Caio? Por que você não pode falar sobre isso comigo?

            — Eu não posso falar sobre isso, alteza. Sinto muito. Terá que perguntar para outra pessoa.

            — Eu ordeno que você me conte tudo que eu preciso sabe sobre o senhor Caio e sobre Nick saber sobre o jardim! TUDO! — falo gritando, porque não posso saber de nada? Começo a me recompor e vejo como Colin parece assustado, eu acabei de gritar com ele? Meu coração se parte e a única coisa que consigo dizer é: — Meu Deus, o que está acontecendo comigo? Colin, eu sinto muito, você só está seguindo ordens. Perdoe-me.

            — Tudo bem alteza, contarei tudo que precisa saber, mas antes preciso falar com Ester, acho que ela não vai ficar feliz se eu contar uma coisa que ela não quer que você saiba, então, por favor, fique aqui na biblioteca enquanto eu vou falar com ela. Voltarei em poucos minutos.

            — Só me explique algo antes. Se eu sou a princesa, porque você sempre tem que pedir autorização para me contar as coisas? — Pergunto, e quando olho para ele já sei a resposta. — Deixe-me adivinhar, você também não pode me contar isso? — Ele assente.

            — Eu volto logo alteza, trarei todas as respostas que você realmente precisa saber. — falou e saiu da biblioteca, sento em uma das poltronas e espero. 

capítulo revisado/reescrita dia 11/08/2017, se eu encontrar algum erro, por favor comente.

A princesa das borboletasWo Geschichten leben. Entdecke jetzt