Capítulo sete

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             Desço a escada correndo, saio do meu quarto e Jim está esperando.

             — Oi Jim. Achei que fosse meu irmão gritando.

             — E era senhorita, mas ele cansou de esperar. — Ele se calou por um tempo e disse: — Estou impressionado!

             — Por quê?

             — A senhorita sempre fala algo por eu ter que levá-la para qualquer parte da casa, mas esperei e dessa vez não disse nada.

             — Estou me acostumando. É como o velho diz o ditado "Se não pode com eles, junte-se a eles".

             — Tudo bem então. Seu pai mandou vim busca-la para o jantar.

             — Eu não o vi a tarde inteira, Jim. Onde estava?

             — Eu estava aqui o tempo todo, mas a senhorita passou quase a tarde inteira dentro do quarto. — Ele me deixou na sala de refeições e foi embora, entro e meu pai e meus irmãos já estão sentados.

             — Lia de onde saiu esse vestido? — Papai perguntou assim que me viu, e então eu vejo que estou com o vestido que usei no reino. Papai nunca repara na minha roupa, porque ele viu agora?

             — No sótão, eu comecei a tirar a poeira de alguns para trazer para Lize e Luna, mas gostei muito desse.

             — Sua criada foi até a cidade e lhe trouxe alguns vestidos para ir à escola, acho que esse é um pouco extravagante demais, e amanhã as 7h em ponto a carruagem levará vocês, não se atrase, a escola é longe e vocês não querem perder o primeiro dia de aula, eu suponho.

             — Tudo bem. — Sento e começo minha refeição, tudo está delicioso, mas só consigo pensar no Jardim. Quando termino o jantar, peço licença e sigo para meu quarto antes mesmo da sobremesa ser servida, Eiva está lá.

             — Senhorita precisa experimentar os vestidos, pois se não couberem eu preciso consertar antes de amanhã.

             — Tudo bem. — Falo, mas acho que ela nota a decepção em minha voz.

            — Se quiser posso voltar mais tarde.

            — Não, vou provar logo, não quero te fazer ficar acordada até tarde por conta de vestidos bobos. Me dê um para que eu prove, se ele servir os outros também servirão. — Ela me deu um vestido e eu o passei pela cabeça, ele ficou preso no espartilho e Eiva teve que me ajudar a descê-lo. — Acho que está bom o que acha, Mayren?

            — Quem? — Estúpida!

            — Desculpa. Estou lendo um livro e confundi seu nome com o da personagem. — Minto. Minha nossa, eu não acredito o quanto idiota eu consigo ser!

            — Acho que o vestido ficou bom, não preciso consertar, amanhã cedo venho vesti-la. — Falou e saiu rápido do quarto. Acho que ficou constrangida por errar seu nome, minha nossa que falta de respeito da minha parte.

             Subo até o sótão com o botão na mão, giro o botão ansiosa para voltar, mas nada acontece. Tento novamente e nada. Nada. Nada de novo. Onde está meu reino? Porque não consigo ir para o Jardim? Será que não me querem mais como princesa? Tento novamente, nada. Desço a escada e empurro para esconder a portinha. Jogo-me na cama e penso no jardim, porque não consigo ir para lá? Talvez eu estivesse delirando desde o primeiro momento ou realmente foi uma pegadinha das minhas irmãs. Mas e o vestido? Deveria parar de pensar nisso, mas em quê vou pensar? O Jardim é a melhor coisa que já aconteceu comigo, não tenho nada de bom para pensar, minha mãe morreu queimada, meus irmãos não gostam de mim, não tenho amigos e amanhã terei meu primeiro dia de aula. Nada de bom acontece comigo no primeiro dia de aula. Enfio meu rosto no travesseiro.

A princesa das borboletasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora