Capítulo dezenove

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Três dias depois de ler o diário eu ainda não pude ir até a casa do Nick, o que é frustrante já que preciso muito saber porque ele mentiu. Quando chego ao andar de baixo meu pai estava sentado na poltrona, Fleur de pé a seu lado, Lize e Luna no sofá e Charlie e Lina sentados em frente ao piano. Pelos céus o que essa senhorita ainda está fazendo aqui? Será que meu irmão a pediu em casamento e eu perdi a ocasião? Levei alguns minutos para reparar que todos, menos eu, usavam preto, acho que esqueci mais alguma coisa...  

— Lia, coloque uma roupa preta. — Ele fez uma pausa, olhei para Fleur, ela não parecia confortável com a situação. — Iremos visitar sua mãe no cemitério, e sua tia também.

— Que tia? — Pergunto, confusa, que eu me lembre papai não tem irmãos ou irmãs e mamãe tem apenas o tio Charlie. Meu Deus, tia Vivian faleceu? Acho que preciso prestar mais atenção não conversas aqui em casa.

— Apenas se troque, querida, você não vai lembrar-se dela, se foi muito cedo. — Assenti com a cabeça e subi, não foi tia Vivian que faleceu... Coloquei um vestido preto com mangas, um chapéu com um pequeno véu e um sapatinho preto.

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Passamos quase toda a manhã até chegar ao cemitério onde minha mãe e minha tia estão enterradas. Fomos em direção à sepultura da mamãe sem dar uma palavra sequer, em parte porque estávamos em um cemitério, e porque aquele não era um bom momento para Fleur, que se sentia uma intrusa.

Deixamos flores e fomos em direção ao túmulo da minha tia, meu pai não falou nada sobre ela, não disse se era sua irmã ou da mamãe, ou até mesmo alguém que considerava como tia. Nunca tínhamos visitado aquele túmulo antes, mas quando me deparei em frente ao mesmo senti que conhecia boa parte da vida daquela tia. Gelei.

"Aqui descansa Lira Carter. Querida, amada, cedo está no reino dos céus."

— Papai, me conte quem era a Tia Lira, por favor. — pergunto a meu pai com a voz trêmula. Não pode ser. Dever ser um mal entendido.

— Bom, querida, não tem muito que contar sobre ela, se foi muito cedo, era uma garota animada, ela não gostava muito de mim. Irmã de Kelly, sua mãe – ele falou, como se eu não soubesse que o nome da minha mãe é Kelly, mas estupida o suficiente para não perceber a semelhança entre a vida da princesa e as pessoas que estavam ao meu redor. Tio Thomas. Kelly. Charlie.

— Por favor, papai, conte um pouco mais sobre ela. – falo quase implorando. Não poderia ser verdade, a dona do diário era apaixonada pelo Nick. E ele por ela. Como Colin falou.

— Bom, minha querida, quando sua mãe e os irmãos ficaram órfãos foram morar na casa que hoje moramos, e Lira só tinha apenas cinco anos na época, enquanto sua mãe tinha 15, eram muito apegadas uma a outra e quando sua mãe casou comigo aos 17 anos, e aos 18 estava grávida do Charlie elas se distanciaram um pouco, mas ela enviava cartas para senhorita Lira sempre que podia. Quando as gêmeas nasceram fomos todos visitar seu tio e ela, você ainda não tinha nascido, ela ficou tão feliz, mas não gostava muito de mim, nem do Charlie... Nem das gêmeas. Demoramos muito para vela novamente quando você nasceu, e quando finalmente iriamos visita-la em seu aniversário de 15 anos você adoeceu e não podemos ir, e então algo trágico aconteceu, sua mãe não me contou como, apenas disse que seu tio a encontrou morta no sótão, hoje faz 10 anos que ela se foi. Partiu no aniversário de 15 anos, coitadinha. Seu tio nunca mais tocou em seu nome e se distanciou muito de Kelly, pois dizia que Lira tinha se matado por Kelly não ter ido para seu aniversário. Por isso nunca falávamos do Senhor Thomas, ele não respondeu a carta de quando sua mãe morreu, e não foi para o enterro. — Ele termina. Não pode ser verdade. Mas é.

— Então quer dizer que eu durmo no quarto de uma falecida? — Pergunto ainda boquiaberta. Ele não respondeu, provavelmente pensou que fosse uma piada, mas não é, se ela realmente dormia naquele quarto, era irmã de Kelly Carter Adams e Charlie Carter, morreu com 15 anos e era órfã, ela era A Princesa Das Borboletas antes de mim.

E então quer dizer que eu matei a antiga namorada do meu namorado. Foi tudo culpa minha, eu matei a minha tia antes mesmo de conhecê-la, eu a mandei para o lugar que tirou sua vida. E a pior parte é que no fundo eu me sinto feliz por isso. Se isso não tivesse acontecido eu nunca teria conhecido o Nicolas. Mas ela era a minha tia. Os dois lados da minha cabeça começam a brigar de novo.

A única coisa que resta no momento é falar com o Nicolas. Ele mentiu para mim todo esse tempo.

— Papai podemos ir embora? – Falo puxando a mão do meu pai. – Não quero ficar aqui. — Ele assentiu, parecendo aliviado com meu pedido. Ele ama minha mãe, mas não quer dizer que precisa fazer Fleur passar por isso.

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Quando saímos da carruagem, a lua já no céu fui para meu quarto correndo troquei de roupa e peguei o diário de Lira e fugi para casa do Nick. Ele mentiu para mim, eram as palavras que vinham a minha cabeça pelo caminho, como ele pode dizer que ela era casada? Como não contou que era perdidamente apaixonado por ela? Porque ele mentiu? Paro quando vejo que já estou na casa dele, começo a bater na porta com força:

— Nicolas, abra essa porta agora! — Grito.

Capítulo reescrito/revisado dia 13/10/2018. Se algum erro for encontrado, por favor comente. 

A princesa das borboletasWhere stories live. Discover now