Capítulo dezesseis

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            No outro dia acordei assim que o sol bateu em minha janela, mas não é o sol, e sim pedrinhas que batem na janela. Levantei da cama e encontre Nick com um punhado de pedrinhas na mão.

            — O que você está fazendo aqui tão cedo, Nick? E ainda atirando pedrinhas na minha janela. Se quebrar um vidrinho sequer meu pai me mata. – Ele respondeu sorrindo:

            — Desce aqui, eu quero te levar a um lugar que eu encontrei! – Ele respondeu e correu para a porta de entrada, vou até o armário e puxo um vestido azul claro, passo por minha cabeça e calço os primeiros sapatos que encontro. Abro a porta e não encontro Jim ou Eiva. Desço as escadas sem fazer barulho. Meu pai não sabe o que está acontecendo entre mim e o senhor Nicolas, e não pode saber, pois um comportamento tão desonroso transformaria a família Adams em motivo de piada pelas ruas. Chego até a porta de entrada e abro, encontro Nick ainda com as pedrinhas em mãos.

            — O que está fazendo na minha casa a essa hora da manhã, o sol mal acabou de nascer? – pergunto coçando os olhos. Tenho certeza que meu cabelo deve estar um ninho de passarinho.

            — Me dá sua mão? – Ele perguntou, corando, estirando sua mão na minha frente para que eu segurasse.

            — Mas é claro, senhor! – Falo empolgada. Ele começa a me puxar em direção à floresta, correndo e desviando de árvores, até chegar a uma em especial, a árvore em que, há três anos, descobri a verdade sobre o jardim. Porque pensar nisso agora? Porque pensar em coisas ruins nesse momento tão bom? Nick continuou me puxando até atravessar as folhas escorridas. Quando chegamos ao caule da árvore lá estava, um piquenique, cheio de frutas e flores espalhadas pelo tecido estirado no chão.

            — O que você achou? – Nick perguntou coçando a cabeça.

            — Estou sem palavras. – Falo ainda com a boca aberta.

            — Vem, vamos tomar café, espero que goste de frutas. Sei que por aqui as pessoas costumam comer ovos com bacon, mas é que não sou acostumado a comer carne, ainda não me adaptei por completo. Tenho mais uma coisa para te mostrar. — Ele fala ficando de pé. Mas eu ainda nem comi os morangos! — Vem.

            Passamos um bom tempo caminhando até chegar a um lugar que parecia uma parede de concreto coberta por vigas. Nick enfiou a mão no que eu pensava ser uma parede e a puxou como uma cortina, uma pequena cachoeira cristalina se revelou. Como algo tão bonito poderia estar escondido assim?

            — Como você achou esse lugar? – Pergunto atônita. Alguns esquilos desciam das árvores e corriam até a água.

            — Enquanto eu caminhava pela floresta escutei esse barulho de água, quando me aproximei fiquei encantado com a beleza. Achei que pudesse gostar.

            — É realmente muito bonito. — Falo e sento no chão. Alguns pingos de água salpicam em mim quando Nick pulou na cachoeira.

            — Vem, Lia, a água está ótima! – Ele gritou enquanto nadava em direção a pequena cascata de água.

            — Eu não posso! O que papai e Fleur vão dizer quando eu chegar ensopada em casa? – Passei minha vida inteira com as regras de etiqueta martelando minha cabeça, não posso esquecer tudo só por conta de um garoto, o que as pessoas pensariam se soubessem?

            — Coloque minha camisa! — Nick gritou. Pelo jeito ele não conhecia as regras. Pensei um pouco, agarrei a camisa e corri para trás de uma árvore. Voltei e pulei direto na água. Nick está dentro da cachoeira. Não acredito que estou fazendo isso. Começo a nadar em direção à cachoeira e Nick está com uma pequena borboleta monarca no dedo.

            — O que você estava fazendo? – Pergunto.

            — Ela estava contando que está com uma asa machucada. — Ele respondeu.

            — Você fala com as borboletas?

            — Todos no Jardim falam. Não perdi minhas habilidades. — Ele respondeu e pulou dentro d'água.

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            — Acho melhor eu te levar para casa. — Ele falou. — Se seu pai acordar e não te encontrar lá não vai ser um momento muito feliz.

            — Tudo bem. Só espera eu colocar meu vestido. — Falo.

Capítulo revisado/reescrita dia 12/08/2017, se eu encontrar algum erro, por favor comente.

A princesa das borboletasTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon