Capítulo oito

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             Subo a escada correndo e entro no meu quarto, jogo os cadernos em cima da cama, e sento na cadeira próxima a escrivaninha. Porque não consigo entrar no Jardim? Que eu saiba não fiz nada de errado. Porque estou pensando nisso ao invés de pensar que a qualquer momento Nick pode chegar? Olho para o botão que está em cima do criado mudo. Quase imperceptível em meio a tanto rosa. Levanto da cadeira e vou até ele. Pego em minhas mãos e vejo quantos detalhes. Não entendo como alguém poderia ser tão detalhista com cada borboleta. É uma pecinha bonita e única. Acho que devo ter linha em algum lugar no quarto. Começo a procurar. Encontro um barbante dentro de uma das gavetas, amarro-o no botão e o prendo em meu pescoço. Alguém bate na porta. Abro e vejo Lize e Luna.

            — Lia, será que você pode descer alguns dos vestidos do seu sótão? — Luna perguntou. Entro em pânico. Não tem vestido nenhum no sótão!

            — Acho que eles não vão caber em vocês, alguns não cabem nem em mim.

            — A gente pode procurar se você quiser. — Lize falou como se já estivesse perdendo a paciência.

            — Não! Eu vou subir depois e pego. Tem alguma preferência? — Pergunto, mesmo sabendo que não fará diferença alguma já que não existe vestido.

            — Rosa! — As duas falam ao mesmo tempo.

            — Vou procurar, mas não posso garantir nada, podem sair agora? Meu amigo vai vim aqui em casa me ajudar com a lição.

            — O que veio com a gente na carruagem? — Perguntou Lize, interessada.

            — Sim, ele é muito bom em matemática.

            — Mas você é ótima em matemática Lia. — Luna afirmou, como se estivesse segurando para não rir.

            — Mas a daqui é confusa e eu não entendo, os professores são complicados e eu cheguei depois, isso dificulta ainda mais.

            — Tudo bem, a gente vai embora então. — Lize falou e saiu como se não fizesse diferença alguma. E Luna a segue. — Não se esqueça dos vestidos, por favor.

            — Vou procura-los agora. — falo e ela fecha a porta. Puxo a escada do sótão e começo a subir. Deve ter algum vestido por aqui, o lugar e do tamanho da casa, tem que ter alguma coisa. Começo a andar entre os moveis cobertos e não deixo de pensar em girar o botão. Mas e se eu não for para o Jardim? Não custa nada tentar. Pego o botão em meu pescoço e começo a gira-lo. Um. Dois. Três. O cômodo começa a girar e minha felicidade não poderia ser maior quando finalmente coloco os pés nos paralelepípedos da aldeia.

             — A princesa voltou! — Escuto uma voz feminina falar. E alguém corre até mim para me levantar do chão.

             — Olá. — Falo e todos comemoram minha chegada. Nunca pensei que três letras poderiam deixar tantas pessoas felizes. A pessoa que me levantou, um homem de meia idade com asas amarelas e olhos cinzentos, se curva assim que fico de pé. Agradeço com um sorriso e começo a caminhar entre as casas em direção ao castelo. Todos se curvam quando passo e uma garotinha se aproxima, a mesma garotinha que ontem me entregou um buque de tulipas. Ela tem asas verde água e olhos da mesma cor, além de cabelos dourados e cacheados. Ela seria uma bela princesa!

            — Olá princesa Lia, estou muito feliz que vossa alteza resolveu ficar. Muito obrigada por nos salvar. — não sabia com retribuir as palavras.

A princesa das borboletasWhere stories live. Discover now