— Halstead... — começou, a voz baixa, quase um sussurro — ...eu descobri hoje que perdi alguém importante. Meu irmão.
Ele a olhou, agora atento, mas mantendo o respeito absoluto. — Eu sinto muito. — disse calmamente. — Eu não quero invadir seu espaço, mas... você não precisa passar por isso sozinha.
Ela respirou fundo, sentindo os olhos se encherem de lágrimas.
— Eu não sei como lidar com isso. Eu queria ter feito algo por ele, ter estado lá... eu queria ter acompanhado o filho dele crescer, ter sido parte da vida dele de alguma forma. — A voz dela embargou, e ela baixou o olhar. — Mas tudo que eu pude fazer foi ficar longe, tentando me proteger, tentando não repetir erros do passado. E agora... agora sinto como se tivesse perdido outra chance, como se ele tivesse partido e eu nem pude me despedir de verdade.
Jay moveu a mão, hesitando um instante antes de pousá-la suavemente sobre a dela.
— Você não perdeu totalmente. Você ainda pode sentir a presença dele, honrar a memória dele. — Ele respirou fundo, o tom firme, mas gentil. — E eu posso ficar aqui com você, se você deixar.
Ela o olhou, as lágrimas escorrendo silenciosas, e sentiu uma onda de alívio misturada com culpa.
— Não sei se consigo... falar de tudo. Não agora. — A voz saiu quase rouca.
— Não precisa. — Ele respondeu rapidamente. — Não precisa falar nada. A gente pode apenas... ficar em silêncio. Juntos.
Ela sentiu o calor da mão dele, a firmeza do toque que não exigia nada, apenas oferecia presença. Um pequeno sorriso surgiu no rosto dela, tímido, e pela primeira vez naquele dia ela sentiu que talvez pudesse respirar um pouco.
— Eu nunca... — começou, mas parou, incapaz de continuar. — Eu nunca falei com ninguém sobre isso dessa forma. Sobre ele... sobre tudo. — A voz falhou de novo.
— Então você está fazendo agora. — Ele respondeu, com um toque de humor suave, tentando aliviar a tensão. — E tá tudo bem. Eu escuto. Sem julgamentos, sem pressa.
Ela engoliu seco, as lágrimas escorrendo silenciosas, sentindo o peso dentro dela diminuir um pouco com a presença dele ao lado.
— É... só que... dói tanto. E eu fico com raiva do meu pai, sabe? — A voz saiu firme dessa vez, a dor evidente. — Por ter me mandado embora, por desaparecer, por não me contar nada do que aconteceu com ele. Eu nem pude ir ao funeral... nem sentir a dor... — pausou, respirando fundo — ...nem dividir isso com ele.
Jay apertou levemente a mão dela, como se dissesse que estava ali para sustentar, para dar apoio.
— Eu entendo. — disse ele, baixinho. — Não vou fingir que sei exatamente como é, mas... eu sei que você não precisava passar por isso sozinha. E agora você não está.
Ela olhou pra ele, o rosto marcado pela emoção, mas com os olhos suavizando.
— Eu não sei se deveria permitir que alguém chegue tão perto. — A voz saiu quase num sussurro, quase para si mesma.
— Eu não vou te pressionar. — Ele respondeu, com firmeza mas sem agressividade. — Só quero que saiba que, se deixar, eu fico. Ao seu lado. Só isso.
Ela respirou fundo, e por um instante apenas se permitiu sentir o conforto daquele momento. O toque dele, o olhar atento, a calma silenciosa — tudo isso falava mais do que palavras. Um pequeno suspiro escapou, e ela deixou a cabeça cair levemente no ombro dele.
Ele não recuou, apenas colocou o braço ao redor dela de forma protetora, sem apertar, sem pressionar. Um silêncio confortável se estabeleceu, apenas o som distante de Chicago atravessando as janelas.
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Invisible String
Romance‧₊˚♡ "Something wrapped all of my past mistakes in barbed wire ‧₊˚♡ Chains around my demons Wool to brave the seasons...
