Mais uma vez o tempo passa voando. Os dias no Med estão se tornando cada vez mais como uma rotina para Lissie. Apesar dos casos caóticos envolvendo detetives no começo, ela conseguiu se afastar um pouco mais disso.
Agora, já era quase fim de tarde no Chicago Med. O corredor principal estava mais silencioso do que de costume, um respiro raro depois de um dia que tinha começado caótico. A luz âmbar atravessava as janelas altas, desenhando faixas douradas no piso encerado. Atrás do balcão da Emergência, Lissie digitava no tablet, finalizando um relatório com a mesma concentração que mantinha durante um procedimento.
Os passos vieram antes da voz. E ela sabia exatamente de quem eram.
— Doutora Carter. — Jay Halstead surgiu à frente dela, o tom leve, quase casual.
Ela ergueu os olhos, um sorriso discreto escapando no canto dos lábios, rápido demais para ser controlado. Ele estava sem pressa, mãos nos bolsos do casaco, o tipo de postura de quem não tinha vindo só por acaso.
— Detetive Halstead. — A resposta saiu firme, mas com um toque de ironia contida. — Veio checar outro paciente?
— Não dessa vez. — Ele deu de ombros, sustentando o olhar dela. — Estou de folga hoje.
Lissie fechou o tablet, inclinando a cabeça de leve. A curiosidade nos olhos verdes contrastava com a calma estudada que ela mantinha.
— Então veio até aqui por…? — deixou a pergunta no ar, sem pressa, como quem testava o limite da resposta.
— Digamos que… vim ver como você estava. — O jeito dele falar não era invasivo, mas também não escondia o motivo.
Por um instante, o silêncio se instalou. Lissie não desviou o olhar, mas a suavidade repentina em sua expressão denunciava mais do que ela gostaria.
Ele se apoiou de leve no balcão, sem ultrapassar o espaço pessoal dela.
— Pensei em te convidar pra jantar. Ou café. O que der.
Lissie parou por um momento, e então respirou fundo, ajeitando o tablet de lado como se isso a ajudasse a organizar as próprias barreiras.
— Agradeço o convite, detetive. Mas tenho muitos turnos… e algumas fichas que insistem em não se preencher sozinhas.
O tom não foi defensivo, nem frio — apenas honesto. Um não que soava mais como “ainda não”.
Jay sorriu de lado, aceitando a resposta sem drama.
— Sempre com a resposta exata. Acho que faz parte do charme.
— Faz parte do trabalho.
Ele riu baixo, coçando a nuca, como se reconhecesse a derrota parcial — e como se gostasse do desafio.
— Certo. Mas vou deixar o convite em aberto. Quando sobrar uma folga… me avisa.
Houve uma pequena hesitação antes de ela assentir, devagar.
— Talvez. Se a cidade cooperar.
Ele entendeu o recado. Com Carter, cada passo era medido, e pressa não fazia parte do caminho.
— Boa tarde, doutora.
— Boa tarde, detetive.
Jay se afastou, e Lissie voltou aos relatórios. Mas o leve brilho nos olhos dela entregava que, mesmo recusando, algo tinha mudado.
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Invisible String
Romance‧₊˚♡ "Something wrapped all of my past mistakes in barbed wire ‧₊˚♡ Chains around my demons Wool to brave the seasons...
