O sol de Chicago ainda subia devagar, tingindo as ruas com uma luz pálida de outono. A cidade parecia acordar com preguiça, o frio mantendo as calçadas quase vazias. No apartamento, Lissie ficou sentada por alguns minutos na beira da cama, olhando para o celular sobre o criado-mudo. Ainda tinha tempo para desistir. Poderia simplesmente aproveitar a folga parcial e dormir um pouco mais, ou passar a manhã resolvendo pendências do hospital.
A ideia de aparecer naquela cafeteria parecia quase fora de lugar para ela. Não tinha certeza do que a incomodava mais: a possibilidade de ter interpretado errado o convite de Jay ou a de ele não estar lá. Acabaria parecendo que ela mesma tinha inventado algo.
Suspirou, passou as mãos pelos cabelos e se levantou. Tomou um banho rápido, deixando a água quente ajudar a silenciar as dúvidas. Quando saiu, prendeu os fios úmidos num coque meio displicente e se vestiu sem pensar muito — um suéter oversized listrado, nas cores bege e preto, com meio-zíper, jeans wide-leg azul claro, tênis de plataforma brancos no estilo Converse e um sobretudo preto que caía até a altura dos joelhos. Pegou a bolsa e saiu, sem dar mais espaço para as próprias hesitações.
A cafeteria não era longe. Ao chegar, parou diante da fachada envidraçada e olhou discretamente para dentro. Aquele espaço aquecido pelo aroma de café fresco e o burburinho baixo das conversas contrastava com a rua fria. Na mesa mais no canto, virado de frente para a entrada, estava Jay Halstead, com um copo de café entre as mãos.
Por um instante, Lissie sentiu uma pontada de surpresa — não por ele estar lá, mas pelo modo tranquilo como parecia esperar. Puxou a porta e entrou, os passos firmes, sem pressa. Aproximou-se da mesa e parou ao lado dela, apoiando uma das mãos na cadeira.
— Então, o detetive realmente apareceu — disse, com um tom suave, um traço de sarcasmo que não soava como piada, mas como uma constatação.
Jay ergueu o olhar, e um sorriso discreto surgiu, acompanhado de uma faísca divertida nos olhos.
— Poderia dizer o mesmo da doutora. — Ele gesticulou para a cadeira à frente dele. — Ainda bem que decidiu vir. Não pedi um café pra você porque não sabia como você gosta.
Ela se sentou, acomodando a bolsa ao lado da cadeira, e cruzou as mãos sobre a mesa.
— No hospital, aceito qualquer coisa que o Will leva. Mas… tenho um preferido.
Ele arqueou a sobrancelha, inclinado levemente para a frente.
— Agora fiquei curioso.
— Um shot de expresso, creme em dobro e bastante chocolate.
Jay riu, surpreso.
— Isso é praticamente uma sobremesa disfarçada de café.
— Funciona — respondeu Lissie, séria, mas com um brilho sutil nos olhos.
Ainda sorrindo, ele acenou para a atendente e fez o pedido exatamente como ela descrevera. Quando voltou a atenção para Lissie, notou que ela observava a cafeteria sem pressa, como quem ainda se acostumava com a ideia de estar ali.
— Não costuma sair muito do Med, não é? — perguntou, tentando puxar a conversa.
Ela desviou o olhar para ele.
— A rotina é pesada. E manter a cabeça ocupada ajuda.
Jay apoiou o cotovelo na mesa, os dedos segurando a caneca pela borda.
— É, mas às vezes é bom dar um tempo disso.
Ela não respondeu de imediato. Não parecia hostil, apenas não era do tipo que se abria rápido. Jay percebeu, mas não insistiu.
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Invisible String
Romance‧₊˚♡ "Something wrapped all of my past mistakes in barbed wire ‧₊˚♡ Chains around my demons Wool to brave the seasons...
