O apartamento de Lissie estava silencioso, iluminado apenas por algumas lâmpadas de tom quente. O relógio marcava quase meia-noite, e a cidade lá fora parecia distante, como se o caos habitual de Chicago tivesse se dissolvido apenas naquele pequeno espaço. Ela estava sentada no sofá, os joelhos abraçados ao corpo, olhando para a xícara de chá que esfriava na mesinha de centro. O dia inteiro tinha sido pesado, mas nada comparado ao que sentia por dentro: uma mistura de saudade, raiva e pesar que a consumia silenciosamente.
Uma batida firme na porta a fez erguer o olhar, surpresa. Ela se levantou devagar, o coração acelerado, e se aproximou cautelosamente.
— Quem é? — perguntou, a voz baixa e firme.
— Jay. — A voz dele vinha do outro lado, tranquila, mas carregada de uma preocupação evidente. — Eu sei que você disse que precisava ficar sozinha, mas eu fiquei preocupado.
Ela ficou em silêncio, olhando para a porta, confusa e um pouco apreensiva.
— Como... você achou meu apartamento? — perguntou enquanto finalmente abria a porta, a mistura de espanto e desconfiança clara.
— Perguntei pra Maggie. — Ele respondeu de forma simples, sem rodeios. — Eu tinha que saber se você estava bem. Soube que você não apareceu no trabalho e eu... bom, você sabe, fiquei preocupado.
Lissie respirou fundo, os dedos apertando a porta com força. Ela não esperava que ele fosse tão insistente.
— Você não precisava ter vindo. Eu disse que precisava ficar sozinha.
— E eu sei disso. — Ele deu um passo para trás, respeitando o espaço dela, mas a expressão nunca perdeu a firmeza. — Mas eu não podia simplesmente não me preocupar. Depois do que o Will disse, fiquei ainda mais preocupado. Eu sei que... que hoje não foi fácil pra você.
Ela sentiu o peso das palavras dele, a sinceridade nos olhos claros que sempre pareciam enxergar mais do que ela queria mostrar. Um silêncio se estabeleceu entre os dois, apenas o som distante da cidade quebrando a quietude.
— Entre. — disse ela finalmente, dando um passo para o lado, relutante, permitindo que ele passasse.
Ele entrou com cuidado, os olhos nunca se afastando dela. A proximidade fez seu peito disparar de uma forma que ela não esperava. Jay colocou as mãos nos bolsos do casaco, como se tentasse se conter, mas a atenção completa estava nela, no mínimo sinal de que algo estava errado.
— Pode se sentar. — Ela indicou o sofá, ainda de pé. — Mas não sei se quero companhia agora.
Ele balançou a cabeça levemente e se aproximou, sentando-se na beira do sofá, próximo o suficiente para que a presença dele fosse reconfortante, mas sem invadir o espaço dela.
— Eu não vim pra atrapalhar, só pra... estar por perto. — A voz dele era baixa, firme, carregando um cuidado silencioso que a fez respirar mais devagar.
Ela desviou o olhar, sentindo o aperto no peito aumentar.
— Hoje... eu só precisava de silêncio. — Mas a voz falhou um pouco, mostrando o quanto estava vulnerável.
— Eu sei. — Ele respondeu, sem pressão. — E não vou falar nada se você não quiser. Mas... eu queria te ver, porque sei que você está lidando com muita coisa sozinha. — Ele deu um leve sorriso, tentando quebrar a tensão, mas os olhos permaneciam sérios. — Você não precisa fingir força pra mim.
Ela engoliu em seco. Cada palavra dele parecia atingir o lugar certo, o ponto exato que ela tentava manter fechado. Lentamente, sentou-se ao lado dele, sem encará-lo. As mãos dela tremiam levemente enquanto se apoiava na própria coxa.
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Invisible String
Romance‧₊˚♡ "Something wrapped all of my past mistakes in barbed wire ‧₊˚♡ Chains around my demons Wool to brave the seasons...
