07

29 4 0
                                        

Uma semana se passou desde o café da manhã na cafeteria. A vida de Lissie voltou ao ritmo natural de plantões, corredores barulhentos e relatórios intermináveis no Med. Era um período em que os dias se misturavam, marcados mais pelas urgências atendidas do que pelo calendário. Ainda assim, havia algo diferente naquela rotina: pequenas pausas em que o celular vibrava discretamente no bolso do jaleco, com mensagens vindas de um detetive que parecia determinado a não deixar a conexão entre eles esfriar.

O número tinha chegado a Jay por intermédio de Will — algo que, no início, deixou Lissie desconfiada. Quando viu a primeira mensagem dele, um simples “Espero que você não se importe de eu ter conseguido seu contato”, sua reação imediata foi franzir a testa e suspirar fundo. Mas, contra todas as suas próprias expectativas, ela respondeu. Primeiro de forma breve, seca. Depois, sem perceber, com frases um pouco mais longas.

Durante essa semana, os dois não se viram pessoalmente. Os horários não batiam: Lissie presa em turnos duplos na Emergência, Jay mergulhado em investigações que o mantinham longe do Med. Mas as conversas pelo telefone se tornaram uma constante discreta.

Às vezes, eram trocas rápidas durante o expediente:

| Jay: “Plantão puxado?”
| Lissie: “Já vi piores. Você deve entender bem disso.”

Outras vezes, mensagens enviadas tarde da noite, quando ambos ainda estavam acordados.

| Jay: “Descobri que você não mente tão bem quanto pensa.”
| Lissie: “E descobri que você insiste demais. Estamos quites.”

Ela mantinha o tom sarcástico, como se fosse a forma mais segura de lidar com a aproximação. Ele, por outro lado, não parecia se incomodar com as barreiras que ela erguia — ao contrário, parecia cada vez mais curioso, cada vez mais disposto a encontrar brechas.

Nos corredores do hospital, Maggie notava o leve hábito novo: a médica às vezes checava o celular rapidamente, escondendo o pequeno sorriso que ameaçava surgir. Não era algo explícito, mas perceptível para quem já conhecia a postura normalmente reservada dela.

Do outro lado, no Distrito 21, Jay fazia o mesmo. Hailey, sua parceira, pegava-o algumas vezes distraído olhando para a tela, digitando com uma expressão que não combinava com o tom sério do trabalho. Ele se justificava com respostas vagas, mas o sorriso de canto entregava mais do que gostaria.

Naquela semana, houve momentos em que Jay pensou em simplesmente aparecer no Med, inventando alguma desculpa para vê-la. Mas se conteve. Não queria forçar. Queria que fosse no tempo dela, mesmo que isso custasse a paciência dele.

Lissie, por sua vez, também cogitou sumir das conversas. Apagar aquela linha que começava a se traçar entre eles. Mas, toda vez que o celular vibrava, ela sentia uma curiosidade difícil de ignorar. Era como se, de algum modo, a insistência dele não fosse sufocante — e sim um lembrete de que talvez existissem conexões capazes de atravessar o que ela evitava em Chicago.

Assim, sete dias se passaram. E embora eles não tivessem trocado um novo olhar desde a cafeteria, havia uma estranha familiaridade crescendo ali, construída em palavras curtas, em provocações, em silêncios preenchidos por mensagens enviadas tarde da noite.

﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏

Na semana seguinte, o som ritmado das máquinas e o burburinho constante da Emergência preenchiam o ambiente com aquela energia que só um pronto-socorro em plena noite poderia ter. Lissie estava de pé, apoiada de leve contra o balcão do posto de enfermagem, com o tablet nas mãos. Maggie, ao lado dela, revisava prontuários em uma prancheta, enquanto April estava um pouco mais à frente, conferindo um gráfico de medicações.

Invisible StringDonde viven las historias. Descúbrelo ahora