Ela fechou os olhos, o coração pesado.

— Eu só queria saber... — começou, hesitando — onde ele foi enterrado.

—É claro, querida. — Sharon respondeu, com a delicadeza de quem escolhe cada palavra. — Posso te mandar o endereço.

— Obrigada. — murmurou.

— Quer que eu vá com você? — Sharon perguntou, cautelosa.

— Não. — Lissie respondeu quase de imediato. — Eu preciso fazer isso sozinha.

— Tudo bem, querida. Mas me liga, por favor, se mudar de ideia.

— Eu prometo.

Desligou antes que a emoção transbordasse.

O apartamento voltou a ficar em silêncio, o tipo de silêncio que machuca. Lissie apoiou as mãos na bancada e ficou ali, imóvel, por longos minutos. Só o relógio na parede continuava vivo, marcando o tempo que ela não sabia como preencher.

Quando o celular vibrou, ela quase não notou.

O nome piscava na tela: Halstead.

Por um instante, ela considerou não atender. Mas ele insistiria — ele sempre insistia. Era parte de quem ele era: paciente, persistente, com aquele jeito gentil que fazia as pessoas baixarem a guarda sem perceber.

Atendeu, limpando discretamente uma lágrima com o dorso da mão.

— Oi, Halstead.

— Ei. — A voz dele veio leve, carregando um sorriso que ela pôde imaginar. — Só pra confirmar umas coisas antes da gente se ver hoje. Consegui um intervalo no meio do dia e pensei em passar no hospital, levar um café pra você.

Ela piscou, lembrando da mensagem que tinha mandado no dia anterior — antes de tudo acontecer.

— É... eu tinha esquecido completamente.

— Esquecido? — ele brincou. — Isso é preocupante.

Ela soltou um meio riso sem humor. — Pois é. Acho que o dia de ontem foi... longo demais.

O tom de Halstead mudou sutilmente, ficando mais atento.

— Aconteceu alguma coisa?

Lissie passou a mão pelo rosto, respirando fundo. — Só o passado, aparecendo de novo pra me lembrar que ainda sabe como me derrubar.

— Quer conversar sobre isso? — ele perguntou, a voz baixa, cheia de cuidado.

— Não hoje. — respondeu de imediato, mas sem frieza. — Eu preciso de um tempo, sabe? Pra pensar.

Do outro lado da linha, houve uma pausa curta.

— Você vai ficar bem? — ele perguntou, com uma preocupação real.

Ela soltou um riso fraco, cansado. — Vou, Halstead. Eu prometo. Só... não é o tipo de coisa que se resolve com café e conversa.

— Entendo. — ele respondeu, ainda que o tom mostrasse o contrário. — Só não desaparece, tá?

— Não vou sumir. — disse ela, e um sorriso pequeno se formou, mesmo que triste. — Prometo.

Halstead ficou em silêncio por alguns segundos. Ela podia quase ouvir o som da respiração dele, imaginá-lo passando a mão pelos cabelos, sem saber o que dizer.

— Tudo bem. — ele disse, enfim. — Mas se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, me liga.

— Eu sei. — murmurou. — Obrigada, Halstead. De verdade.

Invisible StringDonde viven las historias. Descúbrelo ahora