Do outro lado da sala, Maggie observava a cena em silêncio. O sorriso discreto que surgiu em seus lábios não era de deboche, mas de quem reconhecia um jogo em andamento. Guardou para si, mas sabia que, mais cedo ou mais tarde, iria cutucar a médica sobre o “detetive curioso” que parecia cada vez mais disposto a atravessar a muralha dela.
﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏
Mais tarde, o plantão estava em um daqueles momentos em que o caos parecia controlado, mas apenas na superfície. O corredor principal do Med estava cheio de passos apressados, vozes misturadas e monitores soando ao fundo. Lissie caminhava em direção à estação de enfermagem com um prontuário debaixo do braço, os olhos concentrados na tela do tablet, quando ouviu a voz de Maggie chamando seu nome.
— Carter. — O tom da supervisora de enfermagem não era de urgência, mas de quem tinha algo planejado.
Lissie levantou o olhar e encontrou Maggie parada perto do balcão, braços cruzados, o semblante firme, mas com aquele brilho sutil que denunciava que não era nada médico. Ao lado dela, April, que organizava uma bandeja de materiais, levantou os olhos com um sorriso malicioso demais para ser ignorado.
— Carter? O que aconteceu com usar só “Lissie”?
— A gente precisa conversar. — Maggie revirou os olhos e disse, sem rodeios.
Lissie arqueou uma sobrancelha, ajeitando o prontuário no braço.
— Isso é sobre o caso da senhora da ala três? Eu já finalizei os ajustes na medicação dela.
April riu baixinho, balançando a cabeça. — Não, não é sobre a ala três. É definitivamente sobre você.
Lissie piscou, sem entender. — Sobre mim?
Maggie lançou um olhar cúmplice para April antes de voltar a encarar a loira. — Intervalo. Na lanchonete. A gente conversa lá.
April completou, tentando segurar o riso. — E olha… você precisa dessa conversa, Lissie. Urgentemente.
Lissie ficou parada alguns segundos, olhando de uma para a outra, visivelmente confusa. Ela não era o tipo de médica que gostava de surpresas — muito menos desse tipo de suspense. Ainda assim, apenas suspirou, aceitou a derrota momentânea e voltou ao tablet. — Tudo bem. Intervalo. Mas espero que seja algo que justifique esse teatro.
April trocou um olhar divertido com Maggie, e ambas deixaram a médica loira seguir seu caminho.
﹏﹏﹏﹏﹏﹏
A cafeteria do Med tinha o cheiro característico de café fresco misturado com o som de bandejas, talheres e vozes cansadas. Era o ponto de respiro de todo mundo, e naquele fim de tarde estava relativamente calma. Lissie se acomodou em uma das mesas no canto, já com sua caneca de café, e esperou Maggie se juntar a ela.
Quando a morena chegou, trazendo seu próprio café, Lissie foi direta:
— Muito bem. Sobre o que, afinal, é essa “conversa” misteriosa?
Maggie se recostou na cadeira, cruzando as pernas e observando a médica por alguns segundos. Havia no olhar dela a paciência típica de quem já tinha criado duas filhas e sabia exatamente como conduzir alguém mais teimoso que o normal.
— Não me diga que você não percebe. — disse, por fim.
Lissie franziu a testa. — Não percebo o quê?
YOU ARE READING
Invisible String
Romance‧₊˚♡ "Something wrapped all of my past mistakes in barbed wire ‧₊˚♡ Chains around my demons Wool to brave the seasons...
