Entre luz e Trevas

"37"

Fui para a escola no dia seguinte, Mariana correu pra falar comigo assim que me viu.
- você sumiu... está tudo bem? Te liguei o fim de semana todo mas só dava numero bloqueado.
- Numero bloqueado?
Ela me encarou por um momento e suspirou.
- então... ja ouviu falar do Galpão infernal? - Mariana perguntou.
- estive la esse final de semana, lugar animado. - falei enquanto pegava meus livros no armario.
Ela sorriu.
- ótimo! Está afim de ir lá novamente?
Daniel não me deixaria voltar lá, e desafia-lo não era uma boa opção. É claro que eu não estava aceitando que ele mandasse em mim dessa forma, mas eu não estava muito a fim de ir mesmo, por que como eu disse na primeira vez que estive lá, aquele não era um lugar pra mim.
- Vou estar ocupada Mariana, acho que... vou visitar minha mãe em Londres.
Ela abriu a boca para dizer algo mas se conteve.
Continuamos a conversar até o sinal tocar nos dizendo que deveriamos ir para a sala de aula.
As horas passaram lentamente, não vi Mariana no intervalo, talvez ela tivesse passado mal e ido para casa... mas eu não tinha tanta certeza se Anjos passavam mal.
Quando cheguei em casa, dei de cara com Dominic no meu quarto, assim que entrei ele fechou a porta e me encarou, seus olhos estavam frios como cubos de gelo, indecifraveis e um tanto assustadores.
- Por que seu amiguinho está rodeando você?- ele perguntou, a voz baixa.
- porque como você deliciosamente observou, ele é meu amiguinho!
Ele sorriu, mas foi um sorriso sem vida.
- preciso ter uma conversinha com ele...
- sobre?
- assuntos que não te interessam!
Cruzei os braços.
- o.k. sai do meu quarto. - apontei para a porta.
- não antes de falar com ele...
- E o que quer que eu faça?- perguntei.
Dominic avançou até mim rapidamente e me bejou, eu mal tive tempo de recuar e não tinha forças para me afastar. Os braços dele me seguravam de tal forma, que eu nem conseguia me mover.
- Já pode parar, estou aqui.
Ele me soltou e se virou lentamente para Daniel, que se encontrava perto da janela com um olhar perturbado e os punhos cerrados.
Seus olhos encontraram os meus, uma sombra de raiva pairava sobre ele.
- saia do quarto Analu... - Dominic disse gravemente.
- não vou sair do meu quarto!- me orgulhei por conseguir desfarçar a voz trêmula.
- ela tem razão, não queria ter uma conversinha? Pois bem, vamos conversar la fora!- Daniel encarava Dominic, e o tom soou um tanto ameaçador.
Eu não queria que brigassem, mas eu estava assustada de mais, perplexa demais.
Segundos depois eu me encontrei sosinha no quarto, me joguei na cama e fitei o teto branco.
- eu mereço! - falei - tantas pessoas no mundo e a escolhida pra passar por isso sou eu... que beleza.