"23"

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- Não sou não!- falei ja nervosa, Peter e Ana Rita não desistiam da ideia de eu ser a tal garota, e isso estava me deixando louca.
- querida!- Peter disse - você ...
- Analu. - corrigi.
- o.k. - ele suspirou - você não consegue se lembrar de nada?
- eu me lembraria se fosse essa tal garota.- disse impaciente com a demora de Dóris.
- isso é extraordinario! - os olhos dele brilhavam - ela nem sequer se lembra Ana Rita...
- é mesmo incrivel! - Ana Rita continuou - é diferente de tudo... eu achava que era apenas uma lenda.
Dóris entrou sem bater, mas não havia nem sinal de Mariana.
- olá garotas - ela sorriu - e Peter.
Ele fez um aceno rapido.
- ótimo! Vamos pra casa... - falei ja me levantando.
- Dóris, você precisa ver uma coisa. - Peter se levantou com o livro e foi ate ela.
E então começou tudo de novo, a coisa toda, e eu estava a ponto de explodir. Mas a verdade é que no fundo eu estava com medo, com medo de ser tudo verdade, de existir mesmo um Deus onipotente para o qual rezamos e anjos e demônios e... arcanjos e quem sabe fadas? Gnomos... tudo parecia possivel naquele momento.
Eu sei que tudo acabou sendo muito chato, Dóris me levou para casa e insistiu que eu ficasse com o livro, mesmo eu não querendo, aceitei, por que era mais facil, por que Dóris queria me ajudar e por que era o certo a fazer.
Me joguei na cama e chorei a noite toda, não tinha um motivo especifico, eu só... precisava daquilo.

* * *

Não vi Daniel nos dias que se passaram, nem Dóris e nem Mariana, muito menos Ana Rita e Peter... eu só saia do quarto para comer e não levantar muita suspeita, era da escola pra casa, de casa pra escola.
Li o livro varias e varias vezes, aquela foto parecia me assombrar. Podia mesmo ser possivel? Eu, uma garota comum de Londres, ser na verdade filha de um demônio e de um arcanjo? E mamãe e papai? Como havia sido esse processo?
Eram muitas perguntas pra nenhuma resposta, era como Ana Rita havia dito, eu queria saber o por que, agora eu escolhia se acreditava ou não.
Daniel, Dóris, Ana Rita, Mariana, Peter e aparentemente Megan, acreditavam nisso, acreditavam que anjos podiam andar entre nós humanos ( se é que sou humana ) tanto que Ana Rita era um arcanjo, disso eu não tinha duvidas...
A unica coisa boa daquilo tudo era que eu sabia que tudo não era imaginação. Talvez, se eu me agarrasse a essa verdade eu me sentiria melhor, me sentiria menos " maluca "...
As vezes nós precisamos ter algo em que acreditar, as vezes é bom ter algo em que acreditar.

Entre luz e TrevasWhere stories live. Discover now