"18"

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Depois de correr para casa e me trancar no quarto, desabei em lagrimas, não por causa do beijo, na verdade ele foi a unica coisa boa que me aconteceu durante esses dias turbulentos. Mas só para lembrar, o beijo em si foi bom, o unico problema era que quem havia me beijado se chama Daniel e tem um jeito assustadoramente suspeito e perverso.
A questão é que, isso tudo, não está fazendo nenhum sentido, ou eu estou ficando louca, ou eu ja estou total e completamente louca.
O toque estridente do meu celular me afastou daqueles pensamentos, corri para atender, era mamãe.
- Analu? - ela disse, e algo dentro de mim se acalmou apos ouvir sua voz macia e aveludada.
- mãe! Sou eu, o que aconteceu? Eu fiquei preocupada... - a essa altura eu ja estava gritando, de raiva e de alivio, eu estava feliz por ela estar bem, mas estava com raiva por ela não dar nenhum sinal de vida e nenhuma explicação por me mandar para a casa de papai com passagem só de ida.
- é até uma historia engraçada anjinho... - ela sorriu, mas não para mim, era como se estivesse com mais alguem, e com certeza estava.
- então fala... vamos ver se eu acho graça - falei ja me irritando com a atitude dela.
- estou aqui com o Ed, ele consegui um celular...
- Ed? - interrompi.
- Edwart Makenzi, não se lembra?- e então ela deu uma leve gargalhada, ouvi a voz masculina ao fundo. Me concentrei no nome que me era tão familiar e tão estranho ao mesmo tempo.
- Edwart Makenzi... o medico? - perguntei, com um mal pressentimento sobre o rumo que essa conversa tomaria.
- isso. Deixe-me terminar Analu- a voz masculina ( Edwart) babulciou algo, mas não consegui entender por conta da voz de mamãe- No dia que você viajou acabei estragando meu celular, Edwart conseguiu outro com o mesmo numero mas levou um tempo... como esta ai? A escola, a familia, tudo.
- por que eu vou ficar aqui mãe? Eu quero voltar para casa... - falei com voz de criança mimada, a verdade é que naquele momento eu queria ser uma criança mimada para chorar até que mamãe viesse me buscar, mas isso estava fora de cogitação.
- filha... você tem que confiar em mim, Brighton não é tão ruim, e ai é mais... seguro pra você. - mamãe media cada palavra antes de dize-la, isso significava que estava escondendo algo de mim.
- está dizendo que é mais seguro pra mim viver com Megan? - perguntei, ignorando a atitude que ela tivera mais cedo, da qual eu ainda teria que agradecer.
- sinto muito querida ... vou ligar para seu pai para ver como vão as coisas, amo você.
Dizendo isso ela desligou, e eu achando que minha vida não podia piorar, era só o que me faltava, mamãe e Edwart.
Acabei dormindo depois de alguns minutos, e não houve interrupções e nem visitas indesejadas, foi uma das poucas noites em que eu conseguia dormir.

Exatamente uma semana depois, papai decidiu que era hora de me matricular na escola, é claro que eu não estava nem um pouco feliz com a ideia, por que ai seria oficial, eu estaria morando em Brighton oficialmente. De qualquer forma fui arrastada até o colégio mais proximo e obrigada a sentar ao lado de Megan enquanto ela fazia minha matricula, eu estava a ponto de surtar a qualquer hora, mas me contive como agradecimento pela noite em que me ajudara a convencer papai.
- Então ela é uma boa aluna... - disse a sra. Martha, que era a diretora da escola, ela era absurdamente magra ( nada contra magras, eu mesma sou magra, mas igual Martha era impossivel ) e ela usava um casaco de pele que parecia ser carissimo e sapatos altos de salto fino, algo que eu nunca conseguiria usar.
- É sim. - confirmou Megan.
- Tem uma cópia do boletim como foi pedido? - ela perguntou calmamente, ela usava um baton rosa chock e sombra escura nos olhos, não era tão velha mas também não era tão nova, aparentava uns trinta e cinco anos.
- Aqui está. - Megan tirou a cópia da bolsa e entregou para a diretora.
- o.k. - sra. Martha disse - você começa segunda-feira.
Nos despedimos dela e fomos para o carro, Megan me analisou por um momento.
- vai ser legal... - ela falou - eu estudei aqui também, é uma boa escola.
Fitei os olhos dela e suspirei, tirei o celular do bolso e desbloquiei a tela, errando algumas vezes de proposito.
- tá, eu sei que começamos errado mas... nós temos que ser amigas. - ela disse com um pouco mais de empolgação.
- tudo bem Megan - apontei para a frente - podemos ir?
- eu tenho uma ideia melhor - sorriu e ligou o carro - escola nova, roupas novas.
- o que quer dizer? - perguntei meio confusa.
- nós vamos às compras fofinha!

Entre luz e TrevasWhere stories live. Discover now