"12"

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Antes que eu entrasse no carro mamãe me abraçou e cochichou no meu ouvido:- Amo você Analu, e vou sentir sua falta...
Então a abracei mais forte, e respondi:- eu também mãe.
Entrei na pajero preta de papai e fiz um aceno rapido para mamãe. Ele ligou o carro e começamos o caminho até Brighton. Tinhamos pela frente 100 km de viagem, resumindo, uma hora inteira sentada no carro ao lado de papai... parecia um sonho.
- garotinha... - ele disse- tem uma coisa que você precisa saber.
- o que?- perguntei, papai parecia serio, o que não era normal.
- você sabe que ja faz um tempo que...
- que você tem outra. - interrompi, ouvi-lo dizer aquelas palavras machucaria mais do que eu mesma dizer.
- isso; - ele respirou fundo e continuou- E eu quero que saiba que...- ele fez uma pausa e sem desviar a atenção do volante limpou a garganta- eu vou me casar de novo.
Nào respondi, eu ja imaginava que isso ia acontecer, mas agora era real, e a sensação inexplicavel que invadiu meu corpo foi horrivel... Não que eu tivesse algo contra o casamento, eu queria que papai fosse feliz, mas a noticia acabou sendo um choque mesmo assim.
- E tem outra coisa... - ele continuou- ela tem um filho... eu sei que não é uma boa noticia filha, mas você tem que...
- pai. - falei, interrompendo-o novamente - ta tudo bem, essa não é uma má noticia, eu estou feliz por você...
Falei mesmo não estando, e ainda sorri, fiz isso e muito mais, sorri quando queria chorar, falei uma coisa quando queria dizer outra. E fiz porque sabia que era o certo, por que sabia que papai merecia uma vida e por que eu o amava, e independente da situação eu sempre o amaria e isso nunca vai mudar.
- Garotinha... - ele sorriu- Obrigado por entender.
Apenas sorri de volta e me concentrei na rua e nas pessoas do lado de fora.
Minutos depois papai parou o carro em frente uma casa, a pintura era verde claro e as janelas eram perfeitamente pintadas de branco.
Papai me encarou por um momento.
- sabe o filho de que te falei?- ele perguntou, eu podia sentir o nervosismo em sua voz.
- o filho da sua mulher da qual nem sei o nome?
Ele assentiu.
- o que tem ele? - perguntei, com um mal pressentimento sobre o rumo que essa conversa tomaria.
- temos que dar uma carona até Brighton...
- ele esta aqui em Londres?- arqueei as sobrancelhas e sorri tentando parecer apenas surpresa e não magoada.
- ele mora aqui com o tio... parece que ele não aceitou muito bem a morte de seu pai.
Então Dominic, o garoto dos olhos verdes, saiu da casa com duas malas e um sorriso no rosto.
Papai desceu, guardou as malas dele e depois entraram no carro. Um homem estava na porta da casa com uma caneca vermelha e um roupão laranja claro, imaginei que fosse o tal tio de Dominic.
- Oi... - falei assim que ele entrou no carro.
- oi Analu - ele falou calmamente- só eu estou surpreso?

Entre luz e TrevasWhere stories live. Discover now