Revolução Cívica

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Tudo era silêncio na República Cívica. Muitos dos infectados saíram da comunidade e seguiram para o hospital em chamas, atraídos pelo som da explosão, outra boa parte desviou e seguiu para leste na mata.
Quando Tracie e Joel atravessaram o muro da República, Joel a carregou com dificuldade até o saguão da universidade. Ele pediu por ajuda, Tracie perdia muito sangue e estava ficando fraca. Madison correu pega-la e coloca em uma maca improvisada em mesas, ao lado de Adam.
Joel encara os feridos, e então Adam e Tracie. Ele sente aquele mesmo medo de sempre surgindo, uma sensação no peito e um nervosismo surreal. Joel sente seu coração disparar e puxa seus cabelos para cima, é como se ele fosse vomitar. A mesma sensação quando viu Tracie ou Adam quase morrer diversas vezes, a mesma ansiedade se transformando em pânico.
Adam vira o rosto e encara Tracie, ele procura sua mão e aperta seus dedos. Tracie morde os lábios sufocando e começa a chorar, Adam sabia que ela não estava bem. Ele sentia que Tracie estava sentindo mais dor do que o normal e tenta consolar, mas não consegue mexer mais que a mão.
Uma porta se abre, um grupo formado por Troy, Trina, Milton, Elisa, Miles e Elliot entram com mais algumas pessoas, muitas feridas e outras assustadas. Madison e Alicia ajudam as pessoas como podem, mas precisavam dos suprimentos médicos no prédio do laboratório. Todos se ajudam como podem, o desespero de alguns, choro das poucas crianças e o sangue estava por toda, o cheiro forte impregnado no lugar fechado.
– NOAH? Alguém viu o Noah? – Trina pergunta passando pelas pessoas, ela não o via desde aquela tarde e agora o dia já estava quase amanhecendo. Ela não encontrou em nenhum lugar por onde passaram e tinha esperança que alguém o tivesse visto fugindo.
Ninguém responde, alguns balançam a cabeça. Trina sente alivio quando enxerga Tracie deitada em meio aos feridos, ela corre ate ela e a abraça, deitando sobre seu corpo sujo.
– Graças a Deus! – ela diz aliviada, pelo menos uma boa notícia.  Trina se espanta com a aparência da irmã, sangue pela barriga e braço, e um corte grande no meio do rosto – Não encontrei Noah, nem a mamãe. Você os viu?
Trina pergunta se afastando, Tracie coloca sua mão solta sobre a testa e desaba a chorar em silêncio, ela não conseguia olhar para Trina no momento.
– Tá tudo bem? – Trina pergunta preocupada. Tracie tenta parar o choro e contar para a irmã, mas a única coisa que consegue é ver Issac esfaqueando Sarah. – Tracie, tá me assustando.
Ela se afasta e Tracie respira, ela nota Adam a encarando preocupado, assim como Trina. Tracie tenta falar, mas sua garganta não ajuda, assim como suas lembranças.
– É o Noah? Se for o Noah me fala, porque não o vi em lugar nenhum...
– Ele não tá aqui. – Tracie consegue dizer e Trina a encara com o cenho franzido. – Eu tirei ele daqui junto com Jace e Nick, antes de tudo isso.
– O que? Por que?
– Eles foram procurar um lugar e...
– Por que não me falou nada? Desde quando Noah saiu? – Trina questiona sentindo traída, ela não liga de brigar com a irmã mesmo nesse estado, porquê ela sempre se sentiu de lado das coisas importantes e agora, tinham mandando seu namorado para fora da comunidade.
– Eu não disse por que tinha coisas mais importantes – Tracie diz com a voz alterada, ela só não havia levantado porque seu corpo inteiro doía. Quando Trina começa a brigar com ela, Tracie sente uma raiva maior que sentia e a interrompe. – A MAMÃE MORREU!
Silêncio entre elas. Alguns do seu grupo escutam a briga, Madison se aproxima de Trina. Tracie cobre os olhos com a mão soluçando, Adam volta a segurar a outra, entrelaçando seus dedos, se ele conseguisse se mexer iria abraça-la naquela hora.
Trina pisca algumas vezes e seu rosto se contorce até finalmente a ficha cair. Se Madison não a segurasse ela teria caído no chão, Trina desaba em meio ao choro, ela não quer saber como nem quando, e nem aonde. Trina não queria mais nada além de ficar repassando as últimas coisas com Sarah, e quando percebe que nunca mais há veria, Trina se entrega a dor e ao peso no peito.
Naquele momento Haymitch viu que precisaria recuperar aquele lugar destruído, ele percebeu que as pessoas tinham perdido mais que um lar. Sabia o que elas sentiam, ele já havia tido aquela sensação e sabia que não era fácil. Mas Haymitch também sabia que recuperando pequenas coisas, daria esperta as pessoas.
Ele e Milton juntaram um grupo de voluntários que ainda seriam capazes de lutar. Troy, John Murphy, Elliot, Miles e outros saíram daquele saguão, com objetivo de fechar a parte caída dos muros e matar o que sobrou dos infectados. Naquela manhã quando o sol estava nascendo eles limparam a República e procuraram por feridos, seria um novo começo para eles.
Quando recuperam aquele lugar dos zumbis, Milton declarou Pamela e seus aliados mortos, qualquer um que declarasse lealdade a ela seria condenado, a Republica agora passaria a ser governada por Milton e Haymitch que trabalhariam juntos para reconstruir o muro, as plantações e as casas, para um novo começo.

Dias SombriosWhere stories live. Discover now