Ainda que fosse um serviço majoritariamente exercido por mulheres solteiras, com filhos para sustentar ou não, eram poucas as que faziam o que popularmente ficou conhecido no submundo do crime como Giro — a encomenda de assassinatos como moeda de troca —, um meio de ganhar o pão de cada dia para dar alguma utilidade aos desesperados sem poder de compra, aqueles que estavam fora do sistema.
Por mais trágico que seja o cenário econômico atual, a tomada de medidas drásticas (bastava uma olhadela na história de guerras e massacres) nunca fez parte do instinto de sobrevivência de uma mulher.
Já sexo fácil sempre será sexo fácil, dane-se se você possui um microchip implantado em sua pele ou não; os homens trabalhavam o dobro apesar das facilidades atuais, se irritavam mais do que nunca com algo que não podiam simplesmente espancar, ganhavam bem, bebiam com os amigos e frequentavam casas noturnas para todos os gostos, continuando dispostos a correr toda a classe de perigo impensado por um envolvimento casual.
Os relacionamentos, independentemente do grau de intimidade ou orientação sexual, seguiam o mesmo rumo instintivo de antes da Nova Ordem.
Os motivos para a escassez de mão de obra na prática do Giro iam desde o aumento de solteironas de sucesso, a falta de coragem para se usar uma arma de fogo ou força física para empreitadas mais complicadas, até o mais óbvio quando se trata da troca de favores com um mínimo de igualdade: a prostituição.
Só que Elizabeth G. não era nenhuma prostituta.
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Delfin: A História de um Menino Golfinho no Fim do Mundo
Science FictionEm um futuro terrivelmente possível, conhecemos Elizabeth G., uma mulher solitária, que vive em uma cabana, longe do centro da pequena cidade de Santa Mônica. Reclusa e de poucos amigos, "Beth" vê a própria vida transformar-se após o abandono de uma...