CAPÍTULO 5: Instintos

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Ainda que fosse um serviço majoritariamente exercido por mulheres solteiras, com filhos para sustentar ou não, eram poucas as que faziam o que popularmente ficou conhecido no submundo do crime como Giro — a encomenda de assassinatos como moeda de troca —, um meio de ganhar o pão de cada dia para dar alguma utilidade aos desesperados sem poder de compra, aqueles que estavam fora do sistema.

Por mais trágico que seja o cenário econômico atual, a tomada de medidas drásticas (bastava uma olhadela na história de guerras e massacres) nunca fez parte do instinto de sobrevivência de uma mulher.

Já sexo fácil sempre será sexo fácil, dane-se se você possui um microchip implantado em sua pele ou não; os homens trabalhavam o dobro apesar das facilidades atuais, se irritavam mais do que nunca com algo que não podiam simplesmente espancar, ganhavam bem, bebiam com os amigos e frequentavam casas noturnas para todos os gostos, continuando dispostos a correr toda a classe de perigo impensado por um envolvimento casual.

Os relacionamentos, independentemente do grau de intimidade ou orientação sexual, seguiam o mesmo rumo instintivo de antes da Nova Ordem. 

Os motivos para a escassez de mão de obra na prática do Giro iam desde o aumento de solteironas de sucesso, a falta de coragem para se usar uma arma de fogo ou força física para empreitadas mais complicadas, até o mais óbvio quando se trata da troca de favores com um mínimo de igualdade: a prostituição.

Só que Elizabeth G. não era nenhuma prostituta.

Delfin: A História de um Menino Golfinho no Fim do Mundo Where stories live. Discover now