32 | Café

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O carro de Daniel movimentou-se com lentidão pela cidade chuvosa quando o seu motorista chamado Zahi deu partida

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O carro de Daniel movimentou-se com lentidão pela cidade chuvosa quando o seu motorista chamado Zahi deu partida. Desde o momento que acordei, o dia de hoje se manteve escuro, feio e triste na manhã estranha de Nova York.

No banco da frente Scott direcionava o caminho para o homem tatuado seguir, já no banco de trás, a minha esquerda, Yumi enxugava o nariz consecutivas vezes como se sentisse culpada por algo, e do meu outro lado, Victor se mantinha quieto olhando pela janela com a sua cabeça ainda enfaixada.

Virei meu rosto furtivamente para o lado onde o homem que eu amava não me dava um pingo de atenção. Ele havia recebido alta hoje mais cedo e quando ficou sabendo ontem que o pai dele matou o meu vizinho, não se negou a vir conosco ao enterro.

Avellar não me reconhecia, nem sequer se esforçava para reconhecer, e o que doía era saber que eu precisava dele mais do que gostaria de admitir.

Era estranho, nós estávamos praticamente colados no mesmo banco do carro e ainda assim ele não fazia qualquer movimento brusco como se me tocar fosse perigoso. Fiquei boa parte do tempo naquele hospital esperando que acordasse, mas quando descobri que o meu amor havia perdido a memória parecia que as coisas tinham saído mais ainda dos trilhos, pois desde o momento que Victor entrou na minha vida, viver sem a sua presença, me fazia querer chorar.

Nesses últimos três dias tudo passava diante dos meus olhos, porém parecia que eu só obedecia minhas pernas e saía para onde era necessário. Tive que ficar responsável por avisar sobre o velório e o enterro aos amigos e pais de Théo através de uma lista telefônica que o porteiro deixava para os contatos de emergência, revi as coisas sobre o seu caixão com a ajuda de Daniel e ainda tive que manter energia para ficar no hospital esperando Avellar acordar. Me sentia uma verdadeira morta viva em um corpo totalmente cansado e sem dormir direito.

Sem contar as ameaças que o Vicente me fez para que eu me afastasse do seu filho. Era um lupe infernal. Mesmo que Daniel tenha dito que o encontrou na saída do meu prédio, ainda parecia que a qualquer momento aquele homem ia brotar na minha frente e atirar em mais alguém que eu gostava.

― Chegamos. ― Scott avisou, só agora percebi que o carro tinha parado diante dos portões grandes do cemitério e que os outros também tinham saído.

― Posso te ajudar? Não parece que está muito bem para caminhar sozinha. ― foi a vez de Victor oferecer sua mão para mim, já estando de pé fora do veículo.

― Não precisa.

― Eu insisto.

― Realmente, não precisa.

― Por favor...

― Tudo bem. ― dei um mero sorriso, pegando hesitantemente sua palma quente, absorvendo automaticamente um arrepio involuntário. ― Obrigada.

― Se sou seu namorado, deve ser para isso que sirvo. ― sorriu de volta.

Fechei a porta do carro assim que saí, mas acabei me atrapalhando um pouco já que sua mão ainda estava na minha, fazendo com que ele me puxasse mais para perto do seu corpo e nossos olhares se encontrassem.

MEU DESEJO TENTADOR - livro 2 da série: Os AvellarWhere stories live. Discover now