18 | Lembranças

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"Meu coração é seu
É em você que eu me seguro
É, isso é o que eu faço".

Coldplay - Sparks

A ponta do charuto novamente foi acesa, e em seguida brutalmente apagada nas minhas duas mãos, que estavam presas de cada lado nos braços da cadeira de madeira a qual permaneci sentado há mais de uma hora

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A ponta do charuto novamente foi acesa, e em seguida brutalmente apagada nas minhas duas mãos, que estavam presas de cada lado nos braços da cadeira de madeira a qual permaneci sentado há mais de uma hora.

Eu havia parado de contar quantas vezes fui queimado quando os dorsos das minhas palmas começaram a ficar com hematomas e mais dormentes do que o normal.

― Da próxima vez não terei piedade de você, moleque. Nunca mais quero te ver escutando minhas conversas atrás da porta.

― Eu não estava ouvindo nada.

― Você acha que sou idiota? Eu vi sua sombra. ― afirmou convicto, me fazendo engolir em seco.

― Não fui eu! ― eu disse, esbaforido.

― Não minta, porra. ― o tapa violento que ele deu, fez me rosto virar para o lado.

― Não importa se me viu ou não, de algum jeito vou convencer minha mãe a te deixar e vamos embora desse lugar infeliz.

O soco que recebi no meu olho esquerdo veio tão forte no meu rosto que nem pude desviar do ato, o grito de dor e agonia ousou me abandonar, me fazendo tremer dos pés a cabeça.

Eu não sabia o que fazer, se era o certo ou não, eu apenas aceitava porque era o que estava ao meu alcance no momento.

― Não ouse dizer meia palavra para Celine, você está na minha casa e aqui mando eu. ― sua expressão era fria e cortante. ― Já te disse uma vez, mas volto a repetir, eu nunca quis ter um filho homem. Mandei sua mãe te abortar inúmeras vezes e até mesmo te levar para adoção, mas a maldita por ser burra demais acabou tendo mais outro filho meu e para sua sorte foi a sua irmã, então agradeça a ela por eu não ter acabado com a sua vida antes.

Rangi meus dentes com lágrimas derramando dos meus olhos de novo, mas eu me recusava a chorar de verdade.

― Você para mim não passa de um erro, um erro que eu teria evitado a todo custo se pudesse.

― Tudo o que o vovô fez com você, o senhor está fazendo comigo, não está? Sente raiva dele por ele ter te tratado da mesma forma que está me tratando agora. Sente raiva por ter sido um fraco, mas quer saber de uma? Eu não sou você e nunca vou ser.

Um, dois, três, quatro, cinco socos seguidos no meu rosto. A dor começou a extasiar o meu corpo, meus gritos se tornavam cada vez mais inaudíveis.

― Você é o diabo! ― murmurei com a voz falha.

― Cale essa merda de boca, você não sabe de nada e eu já cansei de ouvir seus lamentos infantis.

MEU DESEJO TENTADOR - livro 2 da série: Os AvellarWhere stories live. Discover now