BÔNUS | Vicente

2.4K 263 126
                                    

Que a verdade seja dita: eu não odiava o meu filho, mas tudo me fazia querer isso

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Que a verdade seja dita: eu não odiava o meu filho, mas tudo me fazia querer isso.

Victor era uma cópia perfeita do meu pai, olhar para ele era como estar vendo o miserável na minha frente e aquilo não dava para engolir. Não conseguia amar o meu próprio filho por ele simplesmente ser um sósia do homem que me feriu completamente quando eu mais o quis ter por perto. Tudo o que fiz com o garoto foi por uma boa causa, fiquei com a sua ex-namorada porque jamais o deixaria ser feliz, se eu não fui, por que ele merecia ser? Victor não foi planejado assim como eu, para sorte dele, teve uma irmã por quem me apaixonei. Melissa era a minha menina, mas cresceu tanto que comecei a olhá-la com outros olhos, se não fosse Celine, eu com certeza tiraria um certo proveito da menina.

Nunca fui uma pessoa normal igual aos outros desde a minha adolescência, já que tudo o que eu mais queria era ser como o meu pai, um homem inteligente, honesto, bom em tudo e principalmente amado. Isso, até eu descobrir quem ele realmente era.

Filippo era tudo o que eu nunca imaginei que fosse, um homem de nome sujo e que dizia odiar os filhos que teve depois que se casou com outra mulher e formou nova família. Por anos e anos desde que ele foi embora tentei chamar sua atenção de maneiras imagináveis, me humilhei até dizer chega, e uma dessas, foi quando completei os meus dezessete anos e resolvi ir até sua nova casa para tentar uma aproximação que eu sabia que não iria acontecer. Quando ele me enxergou em sua porta, aquele dia mudou drasticamente.

O homem de cabelos escuros, pele pálida e olhos pretos segurava uma criança recém-nascida ― era um menino ― me encarando através da porta com uma cara de surpresa e descontentamento ao me ver ali. Ele pediu para que sua esposa ficasse com o bebê que se chamava Charlie, enquanto vinha na minha direção e a cada um passo eu recusava dois. Filippo não estava feliz e isso ficou claro quando ele fechou a porta da sua casa com força, mas com nós dois do lado de fora.

A primeira coisa que recebi ao invés de um abraço de feliz aniversário foi um tapa na cara, seguido de xingamentos e perguntas do porque eu estava na sua porta incomodando a sua família, pois eu nunca fui e seria filho dele, não que ele reconhecesse.

― Você é só um resto de aborto e uma transa mal feita com aquela prostituta e ainda quer que eu te parabenize? Deveria ter te deixado em um orfanato quando tive chance, agora é tarde demais. Sai da minha frente e nunca mais volte aparecer aqui de novo! Sua sorte é que a putinha da sua mãe não me deixou ter te jogado no lixo. ― me empurrou com tanta força que cambaleei.

Ouvir aquilo não me fez chorar, eu nem sequer conseguia derramar uma lágrima, mas a dor e a sede por vingança vieram tão rápido que gritava mais alto do que qualquer coisa no meu cérebro. Eu me vingaria, faria valer a pena aquilo que eu não tive: atenção.

Mais tarde, naquele mesmo dia, eu aguardei. Me escondi atrás de um carro que estava parado do outro lado da rua e aguardei anoitecer. Foi então quase o sol caiu, já era tarde da noite quando todas as luzes foram apagadas e eu vi a minha chance de vingança.

MEU DESEJO TENTADOR - livro 2 da série: Os AvellarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora