Amor de Amarrar - Planejado por Orixá!

Pais

Narrador: Depois daquela noite em que transou com seu marido, em vez da situação de Daniela melhorar, só piorou. Agora, tinha certeza que já não o amava mais. Só precisava dessa confirmação... ou não, pq agora, sua cabeça dava voltas sobre o que fazer. Desde que começou à namorar o italiano, achava que tinha voltado a ser feliz, mas, mera ilusão. Antes dele, havia tido uma relação com uma mulher, que não deu muito certo e que não tinha exposto para a mídia. Foi até melhor assim... não vingou. Com o marido, tentou aplacar aquela solidão que vivia em seu interior sem ninguém saber. É bem verdade, que nunca se apaixonou de verdade por todas aquelas pessoas que se relacionou anteriormente, mas tentava achar o amor e felicidade qualquer dia desses. Espantou os pensamentos, para de verdade, tentar chegar a uma resolução. Enquanto não conseguia fazer isso, arrumou suas malas e partiu pra Salvador para um jantar que teria lá. Era um evento de show e depois, uma recepção que estava sendo servida aos convidados na noite.

Após a discussão com Flávia, Malu seguiu sua vida. Continuavam na mesma, mas fizeram as pazes. Ainda tentavam salvar o casamento. Era um domingo e estavam na casa dos pais da jornalista. Esses, gostavam muito da nora, assim como os outros familiares, principalmente as sobrinhas que conviviam com a produtora de eventos constante, já que ela adorava crianças. Almoçaram como sempre faziam e depois, Malu foi conversar um pouco com o pai, que era seu confidente.

- Pai... - repousou a cabeça no ombro dele, de lado - pq as coisas tem que ser assim? Ir bem em um lado da vida e no outro, ser esse desastre?

- Do que está falando, minha pequena? - a olhou pelo canto dos olhos.

- Ahh, da minha vida, pai... as vezes acho, que vou sucumbir ao sofrimento.

- Não fale isso... na hora certa, tudo irá se ajeitar. Mas isso depende das suas atitudes também.

- Não sei o que fazer... estou tão confusa. Mas sei que não estou feliz.

- E pq você não chama a Flávia e expõe tudo? Não é possível que ela queira continuar em um relacionamento desse jeito.

- E eu já não tentei? Ela reluta muito e isso me deixa de pés e mãos atadas.

- Uma hora, vocês vão ter que conversar pra valer, por um ponto final nessa situação de vocês duas. Olhe pra você, Malu. Você não é a mesma, te falta algo e você sabe muito bem.

- O que me falta é um amor de verdade, pai! Pra curar todas essas feridas que tenho no meu peito. Eu quero tanto ser feliz!

- Então, se permita minha filha! A sua felicidade, tem que ser prioridade na sua vida, mesmo você passando a sensação de egoísta, pense em você.

- Aii, Deus! Custava completar o pacote e me dá logo um amor pra vida toda? Um amor de verdade? - riu.

- Vem cá, vem - o pai a puxou para seu colo - um dia... um dia você vai encontrar seu amor de verdade, minha caçula - fez carinho nos cachos da filha.

- Deus te ouça, pai. Deus te ouça... e que não demore muito - se aconchegou no colo do paterno.

Foram tirados do momento, com a chegada de Flávia:

- Malu... vamos? Não posso demorar. Preciso terminar de ver sobre a recepção que vai ter com a Daniela Mercury.

- Vamos sim - foi se levantando do colo do pai - ainda falta muita coisa a organizar?

- Tem algumas coisas pendentes ainda. Algumas providências a tomar! Você vai comigo né?

- Vou sim... - olhou para o pai.

- Então, tchau meu sogro, até breve. Vou falar com minha sogra e vamos!

- Tá vendo pai? - suspirou - vou indo viu - beijou o pai e se levantou.

- Seja feliz minha filha. Te amo.

Foi saindo de encontro à mulher para irem pra casa. Continuariam na mesma, mas sabia que tinha que tomar uma decisão, ou então, adoeceria com aquela situação.

Daniela já estava em Salvador e visitava os pais. Adorava ficar na casa deles, principalmente no almoço de domingo. Juntavam os filhos todos, ou quase todos e se reuniam para a refeição. Era sempre uma festa, mas era momento de muitas reflexões também. E com Daniela, não era diferente, sempre desabafava algo com sua mãe, sua fiel confidente. Não escondia nada dela, nem mesmo os relacionamentos homoafetivos. Todos. Sua mãe era muito sábia e sempre lhe dava os melhores conselhos. E nesse domingo, Daniela aproveitou a companhia da matriarca para lhe falar sobre seu casamento.

- Mãe, queria lhe falar sobre Márcio e nosso casamento, está com um tempinho vago aí no seu colo?

- Estou sempre disponível pra você, minha querida - bateu a mão nas pernas - vem aqui, vem!

- Queria mudar tantas coisas na minha vida... - se aconchegou na mãe - meu casamento já não é a mesma coisa. Eu... sei lá, pensei que ainda amasse o Márcio, mas não...

- Vai se separar? - a mãe fez um gesto de surpresa.

- Não sei ainda, mas sei que não estou feliz. Sinto falta da minha família por perto, do clima daqui... pode ser bobagem essa última questão, mas me sinto sufocada morando naquele apartamento, com aquele céu cinzento, sem ter como ver o mar. Ah o mar! - seus olhos encheram d'água - não estou completa lá.

- Mas pq vocês não se mudam pra cá, já que o maior problema é esse?

- O maior problema não é só esse, mãe! Eu já estou consciente que não amo mais meu marido, nem sei se um dia foi amor ou só medo da solidão junto com afeto.

- Mas vocês se casaram e pareciam tão bem. Ele é um parceiro tão bom com você, minha filha e com as meninas... - se deu conta - e ainda tem as meninas! Como irão fazer se estão adotando juntos!?

- A iniciativa partiu de mim, mãe! Eu que tomei a decisão de adotar as meninas. Era um desejo dele também, mas caso eu me separe, as meninas ficam comigo e pronto.

- E você não tem medo de ficar sozinha... e ainda cuidando delas 3?

- Nunca fui uma mulher de ter medo, mãe! A senhora sabe bem disso. Mas não sei o que fazer por enquanto. Preciso ter uma conversa definitiva com ele sobre nosso relacionamento. Eu só não quero mais sentir isso aqui no meu peito - apontou pra si na direção do coração - é muito ruim viver assim.

- Estarei aqui de braços abertos pra você, não só para te apoiar, mas para te ajudar no que for preciso. É nítido que as coisas não andam bem aí dentro do seu coração... você já não canta com o mesmo brilho de antes e isso pode lhe acarretar algo mais sério. Se tiver que separar, separe. Vá em busca de algo que, realmente lhe faça feliz, Dam.

Abraçou forte a filha e ficaram ali, papeando mais sobre os infortúnios da vida. Daniela recebendo os conselhos de sua mãe, que dificilmente se enganava em algo relacionado à ela.