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Quatro anos atrás.

KITANA TENÓRIO

Recuperei o meu fôlego quando eu acordei em um pulo da cama do Ferran, os lençóis estavam encharcados de suor e o meu melhor amigo, ao meu lado, também acordou assustado. Torres soltou um suspiro, cansado, e passou a mão por seus fios curtos e escuros.

— Outro pesadelo? — o mais velho perguntou preocupado e cuidadosamente. Eu assenti, sentindo a minha linha d'água com diversas lágrimas querendo escapar e ele limpou as gotas que estavam ali. — Você deveria ir naquele psicólogo e naquela sessão de hipnoterapia que eu te recomendei... Vai te ajudar pelo menos um pouco.

Ele não era mais o mesmo Ferran que sempre fazia piadinhas ou me agarrava para me perturbar, não, era óbvio que não. Agora ele falava tudo de forma delicada, como se pudesse me machucar caso dissesse um mísero "a", ele me tratava como uma boneca de porcelana e media as palavras comigo.

— Uhum... Depois eu vejo isso. — eu respondi. Os batimentos do meu coração foram se acalmando aos poucos.

— Você falou isso na semana passada. — ele me retrucou. Eu engoli em seco e movimentei os meus ombros para cima e para baixo, mostrando indiferença.

— É, eu sei, mas tudo no meu tempo. — eu respondi. Eu estava de saco cheio disso tudo.

Pedro me machucou psicologicamente, assim como a Mileena disse que ele faria. Eu tenho dormido na casa do Ferran -nunca ficamos- têm alguns dias desde que eu vi o González foder a sua vizinha, além de que ele disse coisas horríveis para mim, palavras que até hoje eu tenho pesadelos toda vez que fecho os meus olhos para dormir.

Eu estava apaixonada, eu não vou negar.

— Eu odeio o Pedro. — Ferran murmurou. Eu soltei um suspiro e fechei os meus olhos, me sentindo culpada por fazer com que ele se virasse contra o próprio melhor amigo.

— Esquece isso, Ferran... — eu murmurei. — Vocês são melhores amigos. Eu não quero acabar com a amizade de vocês.

— Não! Ele errou para caralho com você, Kitana. Eu não consigo entender o motivo de você ainda defender ele. — Torres respondeu. — Por mim, ele poderia explodir que não faria diferença.

— Ele só deu a mim o que eu merecia. Eu não pensei nele quando resolvi apostar que ele teria dependência emocional em mim. — eu disse. O moreno me encarou e balançou a cabeça em negação, soltando um suspiro decepcionado.

Deitei na cama novamente e encostei a minha cabeça no peitoral do Ferran, que passou o seu braço em volta do meu pescoço. Ele estava fazendo isso todas as noites desde que eu vim dormir aqui para tentar me confortar. Nos primeiros dias que eu vim dormir aqui, eu estava dormindo em um quarto separado, mas não estava conseguindo dormir, eu não aguentava ficar sozinha, então desde então eu estava dormindo com o Ferran que acabava perdendo o seu sono confortável toda noite por minha culpa.

Eu teria que ver para onde eu iria e onde eu iria morar. Eu queria sumir da face da Terra também, mas eu tinha uma faculdade para ir. Eu não quero incomodar o meu melhor amigo, já que ele geralmente ia aos treinos pela manhã. Falando nele, ele já estava dormindo novamente e estava com a boca entreaberta.

Cada um tem o sono que merece.

E eu ainda estava acordada, pensando sobre todos os meus malditos erros.

Eu já estava sentindo falta da Ravenna, Maria Fernanda, Fernando, Ana, Rosy e do Fernando pai, me doía saber que eu nunca mais os veria, principalmente... Ele. Eu não iria mais escuta-lo me chamar de "dona", não veria mais ele perturbar a Ravenna quando acordávamos e nem veria o seu bico enquanto ele dormia calmamente e agarrado a minha cintura.

kitana², pedri gonzález. Where stories live. Discover now