06.

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KITANA TENÓRIO

Observei os meus dedos enquanto brincava com eles por baixo da mesa. O sino da lanchonete soou pelo local às onze e cinquenta em ponto. O estabelecimento estava vazio por conta do horário, mas ele encheria daqui a pouco.

Pedro foi cumprimentar o padrinho dele, que só agora percebeu que eu estava aqui, já que ele analisou a lanchonete toda. Juan acenou para mim e eu forcei um sorriso, acenando de volta para ele. Esse lugar me trazia lembranças.

Tenho certeza de que depois que eu fui embora, ele trouxe mais duzentas mulheres diferentes aqui.

Pedro olhou para mim no mesmo momento em que o seu padrinho me cumprimentou de longe. O camisa oito se aproximou de mim após fazer o pedido para o Juan. Não reclamei, ele sabia o que eu comia.

Pedro sentou no banco almofadado da frente e coçou a mandíbula. Antes que ele dissesse qualquer coisa, eu me apressei para falar.

— Antes de tudo: isso não é um encontro. — eu deixei claro de forma sarcástica. González soltou um uma risada curta e nasal escarnida enquanto me observava fixamente. — Eu não deveria nem estar aqui após as merdas que você falou para mim, mas eu estou porque eu aceito tudo para que o meu filho esteja bem.

— Não vai me receber com um "Nossa, Pedro... Quanto tempo. Tudo bem com você?"? — ele perguntou em um tom de voz sarcástico. Eu respirei fundo e cerrei a minha mandíbula, encarando o homem que estava com os olhos semicerrados na minha direção. Ele respirou fundo e se acalmou. Ele realmente continuava o mesmo Pedro de sempre.  — Sei que estou errado, Kitana, mas...

— Se sabe que está errado, deveria ficar quieto. Não existe um 'mas' nisso. — eu interrompi. Pedro assentiu e levantou as mãos em rendição. — Não somos mais os jovens imaturos e sem filho que fomos no passado, Pedro. Então por favor, aja como um pai maduro.

Era como se nós fôssemos dois estranhos.

— Tudo bem. — Pedro murmurou. Ele não parava de me analisar, mas eu não deixei isso me abalar. O foco aqui era o Henri. — Eu estou a procura de um advogado e um novo empresário para acabar com essa merda de vez, mas a Skarlet está grávida. Eu quero ser presente na vida do Henri.

Se eu ainda fosse tão filha da puta quanto ela, eu faria ela ter o próprio carma de um jeito pior, muito pior. Todos sabem disso. Entretanto, como mãe, eu não faria. Não sou igual a Skarlet.

— Por que um novo empresário? O problema aqui é a Skarlet. — eu perguntei confusa. Pedro esfregou as mãos, provavelmente com frio, já que estávamos no inverno. Para mim, o clima estava agradável, já que eu me acostumei com o clima de Paris. González não aguentaria um dia lá.

— Skarlet é filha do meu empresário. Eu não larguei ela ainda por causa disso. — o homem respondeu. Eu entreabri a boca, surpresa por isso. — Eu só... Eu só vou demorar um pouco para isso porque essas coisas dão trabalho e duram muito tempo.

Ele coçou o nariz e finalmente desviou o olhar de mim, mesmo que brevemente. Enruguei a minha testa imperceptivelmente.

— Tem algo a mais que você queira me falar? — eu perguntei. Pedro estalou a língua e revirou os olhos.

— Já falei para você parar de ficar me analisando. — González reforçou. Eu encostei a minha cabeça na minha mão e encarei ele.

— Preciso saber se você está mentindo ou não. — eu respondi.

— Não estou. — ele respondeu enquanto encarava nos meus olhos. — Ela... Ela sabe.

Senti o meu coração acelerar e encarei o Pedro, que escondeu o rosto com as mãos e pigarreou. Ele ajeitou o cabelo e colocou as mãos em cima da mesa.

kitana², pedri gonzález. Where stories live. Discover now