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KITANA TENÓRIO

Tirei uma pele dos meus lábios ao sentir o meu coração estremecer. Eu estava no bar da boate, mas vim com a Mileena, Pablo, Noémie, Ferran e um casal que eu ainda não conhecia, mas o nome da mulher era Dayana e do homem era Vitor. Félix não jogava mais no Barcelona e a Pérola foi morar com ele em Madrid.

Que época boa... Observação: foi há dois anos atrás.

Eu estava nervosa porque agora completava trinta minutos desde que eu cheguei nessa boate e quarenta e cinco minutos desde que eu deixei o meu pequeno na casa do pai dele. Eu sei, era o pai dele, mas eu me sentia culpada por deixá-lo lá para vir à uma boate. Eu não era uma mãe boa... Ai meu Deus.

Peguei o meu celular e mandei uma mensagem para o pai do meu filho, perguntando se o Henri estava bem. Pedro estava demorando tanto para atender, que a Noémie viu que eu estava parada encarando a tela do meu celular e à espera de uma mensagem. Eu resmunguei quando ela pegou o aparelho e guardou na bolsa dela

— Sem celular até você chegar em casa. Aproveita um pouco e sei lá, pega alguém, bebe. — Noémie incentivou. Eu torci os meus lábios e enruguei a minha testa, lutando internamente comigo mesma para saber se eu realmente curtiria ou não. — Vamos, Tana... Eu preciso de apoio moral para colocar ciúmes no traste do Ferran.

— O apoio moral está aqui, oh: Vamos, prima! Você consegue! Nossa, que beijão! Isso aí! — eu fingi uma espontaneidade. Levantei um pouco o meu braço com o punho fechado e abri um sorriso largo e fechado. — Uhul!

— Kiki, você sabe que não é esse tipo de apoio que eu estou precisando. — a morena me encarou com uma cara de tacho. Eu soltei uma risada nasal e mordisquei o meu lábio inferior enquanto pensava em algo.

— Tudo bem. Eu te ajudo. — eu respondi, finalmente me rendendo. Não faria mal. Era só uma boate. Eu precisava me divertir um pouco e me distrair dos anos focados somente nos estudos na especialização em psiquiatria.

— Essa é a velha e boa Kitana Tenório! — Noémie gritou animada por causa do som estourado. Um sorriso fechado surgiu nos meus lábios. A minha prima pediu um drinque com cavalo branco e eu arregalei os olhos. Eu estava voltando a beber agora... Isso resultaria em uma ressaca fodida. Peguei a taça de drinque quando o garçom me entregou e levei até a minha boca, bebendo. — Vira. Vira. Vira.

Eu virei tudo e senti como se milhares de adagas estivessem rasgando a minha garganta por inteira. Eu pisquei diversas vezes lentamente e senti uma tontura me atingir de forma breve. Eu sabia que logo logo ficaria pior.

(...)

Movimentei o meu quadril em uma dança no ritmo de "Streets" da Doja Cat mordiscando o meu lábio inferior à medida em que eu descia. Eu não estava raciocinando direito por causa do álcool. Acho que era o terceiro ou quarto corpo que eu tinha tomado com cavalo branco. Como aquele cara conseguiu fazer um drinque tão bom...?

Tanto faz.

Noémie já tinha sumido pela boate, mas a última vez que eu a vi foi aqui na pista de dança e ela estava dançando para um cara aleatório. Parando para pensar, eu vim para uma saída de casais. O mais estranho era que casais estavam em uma boate. Cada dia mais as pessoas se superavam, de verdade.

Mas foda-se, isso não era problema meu.

Eu ri sozinha pelo pensamento. Me sentia bem comigo mesma após finalmente amadurecer.

kitana², pedri gonzález. Where stories live. Discover now