52. não esquecer o quanto você o ama.

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Olhei na direção de Caden por cima do ombro, encontrando seu semblante estupefato com a ousadia de Gwen; considerando que ela cortaria o próprio dedo antes de ser grosseira com alguém de quem gostava. Exceto que a balança ficava desnivelada quando eu era a pessoa que ela amava, e eu meio que gostava de quando ela me defendia, mesmo que fosse apenas uma brincadeira.

— Nossa, pelo visto alguém não transou na noite passada — ele bufou. — Quanta grosseria de graça a essa hora da manhã — ele olhou para o relógio, franzindo a testa profusamente. — Hm. Vou dar uma fumada ali fora e já volto.

Ele saiu ao mesmo tempo em que Hunter entrou na cozinha de braços dados com Allie. Minha irmã ainda deu a Caden um olhar curioso antes de se dirigir a banqueta que ele ocupava, mostrando-me um sorriso agradável de bom dia. Havia sombras sob seus olhos e eu odiava, porque sabia que não importava o quão determinada ela estivesse em seguir sua vida; a dor era uma velha amiga, acompanhando-nos com uma mão triste e solitária em nosso ombro, sorrindo para nós quando ninguém estava por perto.

— Ei, princesa — Hunter deu a volta na ilha, inclinando-se para beijar a bochecha de Gwen que ainda não havia visto.

— Hunter me ajudou a colocar os olhos do boneco de neve do Callie novamente — Allie disse, arregalando seus olhos coloridos. — Ele ia dar um chilique se acordasse e visse que estava quebrado novamente.

Gwen riu, dando a volta para pegar as xícaras e espalhá-las sobre a bancada. Ela tinha métodos de organizar tudo que eu não achava necessário, como usar o jogo completo incluindo o pires com a xícara — coisa que estiveram no balcão acumulando poeira por cinco anos —, e entre outros detalhes que vinham de sua criação, e ao mesmo tempo, ela nunca reclamou porque eu não seguia suas etiquetas.

Ela tinha uma desenvoltura, capaz de suavizar a realidade para todos nós com suas palavras gentis e língua tagarela; um brilho que nenhum de nós poderia explicar, eu acho. Não sabia o que teria feito sem Gwen Evans ao meu lado no último mês. Talvez, entre as madrugadas acordado absorto com pesquisas que não me levaram a lugar algum, como se eu fosse capaz de encontrar algo que a própria polícia não encontrou — não que eu achasse que eles queriam encontrar algo.

Entre os pesadelos, as crises, minhas lágrimas constrangedoras que foram derramadas. Ela não hesitou. É real, tudo isso. A dor, o amor, a tristeza.

Eles não poderiam ser compartimentados ou escolhidos; apenas encontravam uma maneira de entrar e permaneciam ali, moldando o que seríamos.

Seguir em frente não era mais como uma escolha, totalmente. Em certo ponto da vida, nos tornamos condicionados a fazer isso.

Arrumando a "mesa" do café da manhã, contive um sorriso ao ver Gwen alcançar uma xícara de café para minha irmã.

— Como está o trabalho? — Gwen questionou à Allie, dando a volta para ocupar o espaço ao meu lado. — Minha tia está fazendo um mistério sobre um novo projeto ou algo assim, e ela não quer contar. Nem pro meu pai.

Allie encolheu os ombros. — Não sei de nada. Ainda estou esperando que ela me demita do nada porque alguém disse que eu chutei um cachorro na rua e roubei o pirulito de uma criança.

Gwen se encolheu, o sorriso animado diminuindo uma polegada. Eu dei um olhar incisivo para Alyssa, que ergueu as sobrancelhas depreciativamente ao perceber sua atitude. Hunter sacudiu a cabeça, como se soubesse que Alyssa não tinha conserto.

— Quero dizer, estou gostando, é claro — gaguejou, as bochechas coradas. — É o que eu quero fazer...

Gwen balançou a cabeça, mas não perguntou mais nada. Eu não gostava muito do instinto defensivo de Alyssa que muitas vezes acabava levando o melhor dela, mas preferia isso à sua versão de dias atrás, semelhante a um fantasma. Pálida, sem rumo e com olhos vermelhos de tanto chorar. A busca e a espera e aquela decepção que me partia o coração, quando íamos para a cama e nada de diferente havia acontecido.

Our Way HomeWhere stories live. Discover now