52. não esquecer o quanto você o ama.

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Ele se foi.

Eu conseguia encarar essas três palavras agora.

Minha irmã tinha algo para ocupar sua cabeça além da faculdade e dos pesadelos: ela voltou a trabalhar com Kiara, tia de Gwen e proprietária da Galeria central da cidade; que era apenas uma das propriedades destinadas ao mundo da arte que possuía. Ela estava sendo paga desta vez, e a mulher percebeu o quão tola foi por confiar na opinião de um terceiro sobre Alyssa - embora esse "terceiro" fosse, aos seus olhos, da família. E do ponto de vista de Kiara, por que alguém próximo tentaria derrubar a família?

É.

Mas Alyssa estava, em parte, bem. Eu dei a ela um novo conjunto de pinceis e telas que parcelei no meu novo cartão de crédito, agora que eu teria uma renda estável por pelo menos seis meses. Ela me deu um dos melhores sorrisos que já vi e me abraçou, mas isso a fez chorar, porque ela queria contar a St. John como estava reencontrando suas partes artísticas novamente.

O apartamento dele foi desocupado há dois dias e seus pertences voltaram para a mansão de Leonard e Tony. Eu não ousei ir até lá, porque não importava como eu era bom em reprimir minhas emoções: nada me preparia para isso. Caden e Hunter iam até lá, às vezes. Mas considerando que levava apenas vinte minutos para que atravessassem o jardim e batessem à nossa porta, eu presumia que eles também não ousavam.

Ele estava aqui em um dia, rindo e contando péssimas piadas. E no outro, minha irmã estava hospitalizada e ele tinha sumido. Como se um mágico tivesse estalado seus dedos e puff. Se foi. Nunca existiu. Era uma das melhores ilusões de sua carreira.

Talvez fosse um castigo.

Eu subestimei a capacidade da vida de me quebrar mais do que quando tirou meus pais desse mundo.

Simbolicamente, ela veio e tirou a primeira pessoa que me ajudou a colocar os pedaços de volta.

Gwen tocou meu antebraço, apertando suavemente para chamar a minha atenção de volta para o presente. Eu virei a cabeça a tempo de pegar aqueles olhos esverdeados, preocupados e compreensivos, perscrutando meu rosto para definir o quão bem eu estava hoje. Como de se esperar da vida, um dia sempre seria mais difícil que outro, especialmente quando você estivesse tentando superar - seguir em frente - algo. Uma perda, a morte, uma decepção. Uma traição, a agonia, o desespero velado e tímido que ficava sussurrando baixo atrás da minha orelha.

Você já sabe o que é luto, ele dizia. Você já sabe o que lhes espera, dizia.

Vai doer pra caralho. Mas melhora.

Eu acho.

— São pedaços de carvão em fatias, aparentemente — Caden cantarolou, soltando um suspiro dramático.

Gwen sorriu para mim, virando apenas um pouco de seu rosto para observar meu amigo, que jogava Candy Crush em seu celular a julgar pelos sons familiares ecoando pela cozinha parcialmente silenciosa. O clima não era mais o mesmo tinha um mês, obviamente. Poucas piadas vinham de Caden. Poucos sorrisos de Hunter. Poucas palavras de ódio de Alyssa. Mas o que não mudou era que continuávamos nos reunindo, talvez, com mais determinação do que nunca. Porque precisávamos um do outro para continuar acreditando - entendendo - que isso tudo era real. O laço entre nós e a quebra dele; o elo que não será mais reparado.

Nunca mais, eu me pergunto?

— Você está livre para fazer seu próprio café da manhã se o dele te incomoda — Gwen respondeu, a voz doce e afável.

Eu mordi um sorriso, virando os pedaços de bacon da frigideira em um prato. A espátula na mão de Gwen era um adorno, porque além de ser um desastre na cozinha, pedi a ela que realizasse a tarefa de preparar os ovos enquanto eu faria mais café, mas entre tagarelar e agir, ela se perdeu em suas palavras. O que era bom, no entanto. O brilho dela era o que estava me mantendo na direção certa ultimamente.

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