- Eu te falei que eu não costumo mentir. - Dou de ombros.

- Agora eu quero ver se você é bom - ela menciona empolgada, se sentando atrás da minha bateria.

- Isso quem vai me dizer é você. - Dou um sorriso de canto e pego a minha guitarra preta brilhante, uma das minhas preferidas.

- O que vamos tocar?

- Pode ser "Until It's Gone" do Linkin Park? - indago. Essa representa exatamente como estou me sentindo no momento.

- Sempre pode ser Linkin Park. - Ela sorri. - Sei quase todas deles.

- Ótimo. - Sorrio de volta e então dou uma afinada na minha guitarra para começarmos a tocar.

Confesso que escolhi essa música não só pela letra, mas porque a guitarra e a bateria nela também são bem carregadas e vamos poder tocar e extravasar do jeito que eu mais gosto, com bastante intensidade. Decidimos tocar mais uma do Linkin Park, desta vez uma mais antiga, "Somewhere I Belong". Sempre me identifiquei e continuo me identificando com essa letra. Não suporto mais ficar nesse lugar da minha vida em que eu estou constantemente sofrendo, quero poder me curar, curar minha mente e meu coração e encontrar um lugar dentro de mim mesmo em que me sinto confortável sob a minha própria pele.

- Ok, confesso que estou chocada - Evangeline declara logo que terminamos de tocar. - Não imaginei que você tocasse tão bem assim, eu estou... Uau.

- Você é a segunda pessoa que me diz isso hoje - respondo sem graça. - Daqui a pouco vou começar a acreditar.

- Pois pode acreditar. E segunda? Quem foi a outra pessoa que te viu tocar hoje? - Ela arqueia uma sobrancelha.

- A Emma Walker e a professora Reed. - O queixo da minha amiga literalmente cai com a surpresa. - Fui fazer uma audição para ser o pianista do musical que eles vão apresentar ao final do semestre, fui selecionado inclusive. - Esboço um sorriso tímido. - Foi a Emma quem disse que estava impressionada, a Sra. Reed já tinha me visto tocar antes.

- Você vai tocar no musical? - ela pergunta, se recuperando do choque e se levantando da bateria para vir até mim. - Não era você que dizia que não gostava de tocar em público?

- Sim, e eu quero mudar isso - admito. - Não quero deixar de fazer algo que eu gosto por conta de um medo idiota.

- Fico muito orgulhosa de você por essa decisão. - Ela sorri, um sorriso que aquece meu coração. - Então, vai me contar por que estava chorando mais cedo?

- Não foi nada demais, é bobagem - tento me esquivar do assunto novamente.

- Não acredito que seja, mas, ainda que fosse, eu quero saber. Você me diz que eu sou sua amiga, então me conta. É para isso que servem os amigos, não é? - ela insiste.

Resolvo ceder e respiro fundo. - Foi por causa dela, da Crystal.

- O que ela fez com você?

- Ela não fez nada dessa vez, não diretamente. Enquanto estava no vestiário, eu ouvi uns caras do time se vangloriando por quererem pegar a Crystal como se ela fosse uma puta de esquina qualquer. - Respiro fundo novamente. - Eu só... fiquei triste, na verdade, fiquei devastado em saber que ela voltou a ser a mesma pessoa que era antes de me conhecer. Eu me senti como se eu não tivesse tido valor algum para ela e isso doeu de uma forma que eu não estava esperando.

- Sinto muito que você tenha se sentido assim, David. - Seus deslumbrantes olhos violeta realmente denotam tristeza. - A Crystal é uma otária por não ter te dado o valor que você merece. Mas, se serve de algum consolo, mesmo nos conhecendo há tão pouco tempo, a sua amizade é muito preciosa para mim. Eu nunca me senti tão contente e confortável com alguém antes e isso significa muito para mim.

Crumble to Ashes | Phoenix Love #2Where stories live. Discover now