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Maio de 2011

Harry Potter: 30 anos
Draco Malfoy: 30 anos

Após a morte de Narcisa, Malfoy ainda continuou a ajudá-lo na identificação de poções, sendo tão eficiente como sempre, mas eles cuidavam de quase tudo através da coruja. Harry entendeu por que Malfoy lhe enviou aquele bilhete. Harry podia não ser uma pessoa real com sentimentos humanos reais, mas sabia o que era perder alguém. Todo o seu mundo foi reorganizado, assumindo prioridades completamente novas. Aparentemente, a prioridade de Malfoy era abrir uma loja.

Em um dos poucos encontros de Harry, Malfoy disse isso a ele, explicando que estava muito ocupado atendendo clientes e preparando poções para eles. Ele vinha trabalhando em suas comissões enquanto trabalhava para o Sr. Mulpepper, ganhando uma renda adicional, até que finalmente conseguiu o estoque necessário para abrir sua própria loja, o que deveria aumentar sua clientela. Ele disse isso com seriedade, em vez de falar daquele jeito espalhafatoso e despreocupado que Malfoy costumava zombar dele, e Harry não sabia como dizer a ele que sentia falta dele. Malfoy estava falando sério, então Harry tentou agir de forma profissional em troca. Em seus momentos mais sombrios, Harry lembrou a si mesmo que Malfoy era um ex-Comensal da Morte que havia deixado mais Comensais da Morte entrarem em Hogwarts, o que deveria ter feito Harry se importar muito menos com o que Malfoy pensava. Não foi assim.

Elixires Especializados foi aberto no térreo do apartamento, onde ficava a Loja do Caldeirão Potage. Malfoy colocou seu quarto lá também, tornando a sala do andar de cima duas vezes maior, embora Malfoy parecesse não fazer nada além de enchê-la com mais livros. Ter o quarto no andar térreo fazia sentido, Harry supôs, já que Malfoy praticamente morava no laboratório que ocupava o andar principal da loja, mas Harry achou inconveniente o banheiro ficar no andar de cima.

Cerca de um ano após a morte de Narcisa, Harry estava no escritório dos Aurores brincando com uma garrafa, tentando tirar a pequena rolha. Tendo pegado o frasco do traficante de poções que acabara de prender, Harry tinha quase certeza de que o pó ali contido era ilegal, mas não sabia se era um que o Departamento já estava rastreando ou se era completamente novo. Ele estava evitando principalmente levar o pó para Malfoy, já que a maneira fria de Malfoy tratá-lo incomodava Harry sem que Harry fosse capaz de explicar o porquê. Já fazia um ano desde o que aconteceu com a mãe de Malfoy, mas de alguma forma parecia que Malfoy ainda estava bravo com ele.

Quando Harry finalmente abriu o frasco, o pó rosa dentro imediatamente manchou seu rosto. Que engraçado. A poeira parecia muito móvel. Engolindo um suspiro e esperando que o pó não fizesse sua pele cair ou seu nariz torcer do avesso, Harry o removeu do rosto e o devolveu ao frasco com um feitiço. Pelo menos a poeira ainda não o cegou nem impediu sua respiração. Como sempre, o Gabinete dos Aurores estava vazio a essa hora da noite, então ninguém mais havia sido exposto à poeira, e Harry achou melhor ir ver Malfoy e descobrir se iria ter pêlo de lagarto.

Malfoy estava trabalhando em seu laboratório quando Harry aparatou. Harry não tinha certeza se deveria expressar o quanto gostava da aparência do lugar, porque tinha certeza de que os motivos pelos quais ele gostava não eram normais. Estava no mesmo nível do Salão Principal de Hogwarts e da cozinha de Molly Weasley: tudo neles era mágico e constantemente lembrava a magia que os cercava. Eles eram parecidos no sentido de que tudo neles estava sempre se movendo, flutuando e fazendo algo por conta própria, milhares de coisas acontecendo ao mesmo tempo e ainda assim a maioria dessas coisas eram tão mundanas. Era tão diferente de um armário cheio de aranhas, e do Gabinete dos Aurores, onde as coisas estavam sempre em movimento, mas às vezes eles queriam te matar ou jogar poeira na sua cara, ou então acrescentavam pilhas de papéis, cujo crescimento era alarmante. Estressante.

AWAY CHILDISH THINGSWhere stories live. Discover now