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Eles aparataram no Largo Grimmauld exatamente onde estavam antes, só que desta vez a rua estava escura e o número doze já estava lá. Rapidamente, eles subiram os degraus e abriram a grande porta. Harry entrou primeiro novamente, mas uma vez que eles estavam dentro, Draco passou por ele e subiu as escadas. Eles subiram para o quarto com todas as caixas com papéis dentro, só que parecia diferente de antes.

Todas as caixas estavam abertas, os papéis espalhados por toda a parte. As coisas nas prateleiras estavam no chão. Harry tinha certeza de que eles não haviam bagunçado tanto o quarto, mas seu eu mais velho certamente não estava por perto para mudar as coisas, e Draco havia dito que Harry não era casado. Harry adivinhou que o garoto ruivo e a garota de cabelos castanhos, — Weasley e Granger, como Draco os chamava, — poderiam ter ido à sua casa quando ele não estava lá, mas isso parecia estranho.

— Harry, — Draco disse com a voz rouca. Sua mão estava procurando a de Harry, quando alguém gritou.

— ESTUPEFAÇA!

— PROTEGO! — Draco gritou, quase ao mesmo tempo. Uma explosão de luz se moveu na frente deles, parecendo atingir um escudo invisível na frente de Draco. Agarrando a mão de Harry, Draco gritou, — fique atrás de mim!

Parado no corredor estava um homem que Harry nunca tinha visto antes. Ele estava segurando um maço de papéis, apontando uma varinha para Draco.

— Finite Incantatem!

— Expelliarmus! — Draco gritou, ao mesmo tempo que o homem gritou outra coisa.

Harry percebeu que eles estavam brigando e Draco o estava protegendo com seu corpo.

— Protego, — Draco disse novamente, e mais luz atingiu um escudo invisível. — Confundus!

A luz brilhou da varinha de Draco, mas ao mesmo tempo uma sombra caiu da varinha do homem, uma longa coisa escura, desenrolando-se como uma fita em uma nuvem. Harry de repente sentiu medo de uma forma que nunca havia sentido antes em toda a sua vida.

Ainda segurando a mão de Harry, Draco a apertou com força. Então, com a varinha na outra mão, ele disse:

— Expecto Patronum!

Harry procurou pela raposa prateada, mas ela nunca apareceu. Em vez disso, havia um cervo prateado — nem mesmo um adulto. Tinha um rabinho e manchas nas costas, como o cervo daquele desenho animado. Ele correu em direção à sombra negra, rasgando-a como pedaços de pano.

O homem que os estava atacando havia invadido a casa de Harry, Harry percebeu. O homem devia estar procurando os mesmos papéis que eles. Harry puxou sua varinha e se inclinou sobre o ombro de Draco.

— Accio papéis!

Os papéis voaram para longe do homem, que parecia surpreso.

— Fique atrás de mim! — Draco disse freneticamente, empurrando Harry para trás. Avançando, ele gritou: — Estupefaça!

O homem, momentaneamente distraído pelos papéis voadores, bloqueou por pouco o feitiço de Draco, gritando um "Protego!".

— Finite Incantatem! — gritou Draco. — Expelliarmus!

Mas a essa altura, o homem havia recuperado o equilíbrio e já estava gritando algo de volta.

Enquanto isso, os papéis caíram nas mãos de Harry. Ele sabia que Draco não queria que ele se machucasse, mas Draco obviamente precisava de ajuda.

— Tarantellegra! — Harry gritou, inclinando-se ao redor de Draco novamente.

O homem, que estava gritando outra coisa, começou a dançar.

— Petrificus totalus! — Draco gritou, então agarrou o pulso de Harry desajeitadamente. — Vamos!

Então a escuridão os alcançou, mais fria e apertada do que antes, tudo girando em um redemoinho no nada além do frio. Não havia nem ar para respirar, e então eles estavam na sala de estar, e as estrelas nadavam nos olhos de Harry.

— Potter! — Draco caiu de joelhos e então tocou os ombros de Harry, seu cabelo, suas mãos, seu peito. — Está bem?

— Estou bem, — Harry disse, tentando se afastar, porque Draco estava agindo de forma estranha.

Draco suportou.

— Nunca mais faça isso. Você me entendeu? Nunca mais faça isso!

— Mas eu consegui isso para nós, — Harry disse, tirando os papéis.

— Você conseguiu, — Draco pegou os papéis, mas não pareceu se importar nem um pouco. Ele os colocou no chão e pegou as mãos de Harry novamente. — Mas você não deve... você não deve se colocar em perigo. Você entendeu?

— Eu não estava em perigo, — disse Harry. — Você estava lá.

Draco apenas olhou para ele, e Harry não entendeu por que o que ele disse o deixou tão triste.

— Harry, — Draco se levantou, e então Harry não pôde ver. Seus óculos estavam pressionados contra algo macio e duro, e as mãos de Draco estavam em suas costas. O calor envolveu Harry, mas ele sentiu como se estivesse sufocando também, e então percebeu que Draco o estava segurando, abraçando apertado. Draco murmurou algo e Harry ouviu a palavra 'corajoso'.

Finalmente Draco o soltou e Harry se afastou desconfortavelmente. Ele não tinha certeza porque Draco queria abraçá-lo, já que parecia que eles provavelmente tinham coisas mais importantes para fazer no momento.

— Quem era aquele homem? — Harry perguntou, esperando que eles pudessem trabalhar no mistério.

Abaixando-se para pegar os papéis no chão, Draco os pegou e começou a se dirigir para as escadas.

— Aquele era Cecil Vance, — Draco disse enquanto Harry o seguia. — Acho que é seguro dizer que ele está envolvido. O que ele usou foi um feitiço sombrio.

— Por que o feitiço da raposa não funcionou?

— Funcionou muito bem. — Eles estavam entrando no laboratório e Draco continuou, — Precisamos sair desse lugar, Harry. Não é mais seguro aqui. — Mesmo enquanto falava, Draco estava guardando os papéis de Vance em uma mochila de couro. Ele então apontou sua varinha para o laboratório, encolheu notas, garrafas e ingredientes e os adicionou à mochila.

— E Heloise?

— Heloise pode cuidar de si mesma, — Draco disse.

— Mas a sua loja, — Harry continuou, percebendo que não queria ir embora. Era um lugar tão bom, melhor do que qualquer lugar que ele já tinha estado antes. Ele ainda não tinha entrado em nenhum dos armários.

— A loja vai ficar bem, — Draco disse. — Volto assim que resolvermos isso.

— Mas para onde estamos indo? — Harry perguntou, seguindo Draco quando Draco entrou no quarto.

Draco começou a empacotar as roupas, e Harry reconheceu o manto escarlate que ele usava quando encolheu, o mesmo que Draco usava quando tinha o corpo de Harry.

— Você disse que eu era o único em quem você confiava, — Draco disse, adicionando as vestes ao pacote, então adicionando outras roupas também. — Mas, neste ponto, devo presumir que você quis dizer a única pessoa em quem pode confiar e que também pode ajudá-lo neste caso. Ela pode não ter sido capaz de ajudá-lo naquela época, mas há alguém que pode nos ajudar agora, e eu sei que tanto você quanto eu confiamos nela.

Terminando de fazer as malas, Draco pendurou a mochila em seu ombro, então estendeu uma mão para Harry.

— Mas quem é? — Relutantemente, Harry pegou a mão de Draco.

— Você verá.

Harry queria fazer mais perguntas, mas a sala já estava girando.

AWAY CHILDISH THINGSWhere stories live. Discover now