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Eles estavam classificando os arquivos por um tempo, classificando-os por data e depois por caso. Harry folheou o topo dos papéis, que ainda pareciam sem graça, mas Draco leu alguns deles.

- Muitos desses não são casos de substâncias ilícitas, - Draco disse, corrigindo-se, - e há muitos arquivos. Eu me pergunto se você estava ligando casos antigos do Ministério para encontrar um padrão que combinasse com seu suspeito atual.

A coisa de 'vincular casos' não parecia algo que ele pudesse fazer, mas Harry não disse nada. Talvez ele tenha ficado mais esperto quando ficou mais velho.

- Se você encontrou um padrão, provavelmente não deixou os arquivos relevantes em caixas. Gostaria de ver o que mais podemos encontrar? - Draco se levantou e ofereceu a mão a Harry.

Harry olhou para ele, pensando que talvez Draco os levasse para cima com o feitiço de aparatação. Em vez disso, quando Harry pegou sua mão, Draco puxou-a, ajudando Harry a se levantar, mas ele não se afastou instantaneamente, e Harry apertou ainda mais. Petúnia segurava a mão de Duda o tempo todo; às vezes os amigos faziam na escola, mas ninguém tinha feito com ele. Draco não parecia se importar, no entanto.

O segundo andar tinha mais alguns quartos mofados, com um banheiro entre eles, e Draco parou lá para pegar alguns fios de cabelo do ralo da pia.

- O que você está fazendo? - Harry perguntou.

- Eles podem ser necessários para o trabalho que estou fazendo com a cura, - Draco disse, colocando os fios de cabelo em um envelope que trazia em sua capa.

- Um pouco de cabelo velho? - Harry perguntou, fazendo uma careta.

- Cabelo velho, precisamente. - Os lábios de Draco se torceram em um sorriso. - Estes são fios de cabelo do seu eu mais velho, o que pode me ajudar a determinar quantos anos você terá quando prepararmos a poção. Não se preocupe, Harry, - Draco acrescentou, aparentemente vendo a expressão enojada de Harry. - Estou apenas tomando-os por precaução; podemos não precisar deles.

Saindo do banheiro, subiram ao último andar e abriram a porta ao lado de um quarto que parecia ser usado regularmente. Percebendo que este deveria ser o quarto que ele usava, Harry vagou um pouco. Havia uma cama contra a parede oposta com uma pequena mesa de cabeceira que tinha uma gaveta. Havia uma grande cômoda contra a parede perpendicular, ao lado de uma cadeira de aparência confortável. A cama estava bagunçada e as roupas espalhadas. Havia também alguns chinelos jogados no chão, alguns pratos e mais papéis. Harry foi verificar o armário enquanto Draco começava a vasculhar o quarto.

No armário, longas túnicas e capas penduradas em ganchos junto com outras roupas bonitas. Harry experimentou um dos casacos apenas por diversão, encontrando algumas estranhas moedas de ouro no bolso. Não querendo roubar, ele colocou as moedas e o casaco de volta no gancho. Havia três ou quatro vassouras no canto, o que parecia estranho já que Harry nunca foi fã de limpeza, e o quarto não parecia tão empoeirado quanto os outros.

Quando Harry saiu do armário para ver o que mais havia no quarto, Draco estava parado ao lado da mesa de cabeceira, segurando um pedaço de pano verde e um maço de papéis. Franzindo a testa, Draco continuou a olhar para o pano verde enquanto Harry entrava na sala. Pensando que o pano devia ser importante, Harry aproximou-se dele.

- O que é isso?

- Não é nada, - Draco disse, enfiando o pano e o pacote de papéis na gaveta e fechando-a com sua varinha.

Ao fazer isso, Harry notou uma caixa fina no criado-mudo. Parecia algum tipo de eletrônico, já que um fio preso a algo atrás da mesa saía dele. Foi a primeira coisa eletrônica que Harry viu na casa, exceto talvez o liquidificador.

- O que é isso? - Harry perguntou, apertando o botão na frente. Uma imagem preencheu o espaço preto no topo da caixa: uma garota de cabelos castanhos e um homem de cabelos ruivos.

- É um celular.

- Você disse que um telefone celular era um telefone, - Harry acusou, tão confuso que esqueceu completamente o pano verde.

- É um telefone, - Draco disse. - Ele também pode guardar fotos.

- Quem são eles? - Harry perguntou, olhando mais de perto a garota de cabelos castanhos e o homem de cabelos ruivos.

- Aqueles são seus amigos. De Hogwarts.

- Eu tinha amigos? - Harry pegou o telefone - o celular - para dar uma olhada mais de perto. A parte inferior da imagem tinha uma barra que dizia "deslize para desbloquear".

- Claro que você- - Draco se interrompeu e olhou para ele. - Sim, Harry, - ele disse sério, - você tinha amigos. Aqueles eram seus dois melhores amigos.

Harry se lembrava agora; Draco havia dito que Harry era amigo do "tipo certo de pessoas". Na foto, a morena sorria, enquanto o ruivo jogava a cabeça para trás para rir.

- Eles parecem velhos, - disse Harry. - Nós ainda somos amigos?

- Sim. Você... vocês ainda são amigos.

- Você acha que eu poderia ter falado com eles sobre meus casos? - Harry pensou que se ele realmente tivesse amigos, contaria tudo a eles, e eles poderiam fazer tudo juntos, como resolver crimes e tirar fotos de si mesmos rindo. Todos os dias eles comiam peixe com batatas fritas no almoço.

- Você pode ter falado.

- Então você acha que eles podem saber de alguma coisa? - Harry perguntou. - Talvez possamos ligar para eles para perguntar sobre o pocionista. - A barra na parte inferior não tinha uma maneira óbvia de deslizar, mas ele tentou fazê-lo com o polegar. A imagem mudou para outra com um monte de pequenas fotos nela.

- Ah, - se afastando, Draco começou a varrer as roupas espalhadas pelo quarto, - Eu não acho que seja uma boa idéia.

- Por que não?

Draco pegou os chinelos do chão.

- Quando você veio até mim, para falar sobre o caso em que estava trabalhando, você disse... - Quando ele foi colocar a capa e os chinelos que ele pegou no armário, Draco se afastou de Harry, - você disse que outras pessoas no Ministério podem estar envolvidas.

- O que é o Ministério?

- O Ministério da Magia, - Draco disse, - é o governo mágico.

- O que isso tem a ver com alguma coisa?

- Isso significa... Harry, Granger e Weasley, seus dois amigos, ambos trabalham para o Ministério.

- Você está dizendo que eu não confio em meus amigos?

- Você disse... - apagando a luz do armário, Draco se virou para ele, e Harry ficou surpreso com o quão cansado ele parecia. As bolsas sob os olhos pareciam manchadas com sombras ou hematomas. - Você disse que eu era o único em quem você podia confiar.

- Mas você disse que não somos amigos, - disse Harry.

- Eu não sei por que você disse isso. Eu só estou tentando- eu só, apenas- você disse isso e, então eu... Vou consertar isso. Eu posso consertar isso, Harry. Você disse que confiava em mim, que eu era... não preciso da ajuda de ninguém. - As olheiras sob os olhos de Draco o fizeram parecer infeliz, desesperadamente infeliz, e sua boca se curvou.

- Exceto o meu, - disse Harry.

- Sim, - Draco sorriu levemente. - Sim, Harry. Eu preciso da sua ajuda.

Harry empurrou os óculos para cima.

- Eu também confio em você. De verdade. Só para constar.

Draco engoliu em seco.

- Vamos... - caminhando até Harry, ele ofereceu sua mão novamente. Harry desligou o telefone e pegou a mão dele. - Vem comigo. Vou te mostrar a Rede de Flu.

- O que é uma Rede de Flu?

De mãos dadas, eles saíram da sala e desceram as escadas.

AWAY CHILDISH THINGSWhere stories live. Discover now