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Finalmente jantaram, depois sentaram-se em frente ao fogo por mais algum tempo e assaram alguns marshmallows. Depois de uma hora, Andrômeda transfigurou um pijama para Harry, Draco se trocou e Andrômeda foi para a cama. Harry também se trocou e escovou os dentes com uma escova de dentes transfigurada, depois voltou para o quarto de Teddy. Andrômeda havia dito que a madeira para a cama de Teddy serviria para mais uma noite, então eles tinham os beliches novamente, Harry deitou em cima e Draco embaixo.

— Eu acho que tenho um jeito de consertar isso, Harry, — Draco disse, enquanto eles se deitavam no escuro.

O coração de Harry disparou.

— Você quer dizer a... a cura para que eu possa crescer?

— Sim.

Harry sentou-se para olhar para o lado.

— Você encontrou o ingrediente?

— Não, — Draco ficou lá, olhando para o teto, suas mãos cruzadas sobre o cobertor em seu abdômen. — Mas acho que sei o que é.

— E o que é? — Harry perguntou, sentindo raiva por algum motivo.

Lentamente, Draco virou a cabeça no travesseiro para olhar para ele.

— Eu acho que é uma coisa muito poderosa, Harry. Isso significa que combatê-lo será difícil. A solução que encontrei... tem várias partes, para garantir que tudo corra conforme o planejado.

Harry recostou a cabeça no travesseiro. Ele sempre soube que Draco iria consertar isso. Ele era provavelmente o melhor mágico do mundo. De repente, Harry não sentia mais raiva. Ele se sentiu triste.

— Será que vou me lembrar de ter dez anos? — ele perguntou, tentando não deixar sua voz falhar.

— Você vai se lembrar de tudo.

Na penumbra das janelas, Harry podia ver os pôsteres nas paredes de Teddy, todas as pessoas gritando ao som de tambores e guitarras. Harry tinha a colcha que mudava de cor, mas na penumbra parecia cinza.

— Eu não quero ter trinta e um, — ele disse finalmente.

— Harry. — Houve um longo silêncio. Tanto tempo se passou que Harry pensou que Draco poderia ter adormecido, mas então ele disse, — Vou te contar um segredo.

Harry queria inclinar a cabeça para o lado para ouvir melhor, mas ao invés disso ele ficou muito quieto, mal respirando para ter certeza que ouviria o segredo.

— Eu sinto sua falta, — Draco disse.

Harry franziu a testa e inclinou a cabeça para o lado, quase querendo colocar os óculos para poder ver Draco melhor.

— Vou sentir falta do seu eu de dez anos, mas sinto falta do seu eu de trinta e um anos. Eu sinto falta dele agora.

— Mas, — Harry mordeu o lábio. Ele não pôde deixar de se sentir traído. — Você disse que nem gostava dele! Quero dizer, eu!

Draco virou a cabeça para olhar para o fundo do beliche de cima, em vez de para Harry.

— Eu disse que não éramos amigos. Eu posso até ter dito que você não gostava de mim, mas eu nunca disse... nunca disse que não gostava de você.

— Isso significa que você gosta de mim? Meu eu adulto?

— Sim, Harry. Eu gosto de você. Eu gosto de você... muito.

A voz de Harry aumentou.

— Então como é que eu não gosto de você?

— Shh, — Draco disse, mas ergueu a mão para cobrir o rosto. — Eu sabia que não deveria ter...

— Você não deveria ter o quê? Você gosta mais dele do que de mim?

— Claro que não, Harry, — Draco parecia irritado. Seu rosto ainda estava coberto. — Vocês são a mesma pessoa.

— Mas o eu adulto é um... ele é um... estúpido. Por que ele não gostaria de você se-

— Ele não é estúpido, — Draco disse, sua voz quase aguda. — Eu-eu não fui muito claro sobre gostar dele. Na verdade, eu menti para ele, a única vez que... bem, isso não contou, e não fui honesto. Não fui honesto. Eu me escondi, fui desagradável, indelicado. Eu tenho sido desagradável. Eu fui desagradável, mas só fui desagradável porque... porque eu estava com medo.

— Talvez você estivesse com medo porque-

Draco falou mais alto que ele.

— Eu sou assim, entendeu? Eu sou egoísta. Eu sou tão egoísta e covarde, eu sou um covarde-

— Não é-

— Eu só estava pensando no que poderia sentir. — Draco disse com firmeza. — Eu não sabia como... como me expressar, para ser honesto, pode ser difícil para você também. Eu pensei que tudo tinha que ser tão fácil para você. Eu só pensei em mim.

— Você não é um covarde, — foi tudo que Harry conseguiu pensar em dizer.

— Acho que você vai descobrir que eu sou, de fato, um.

Deitado em seu travesseiro, Harry mordeu o lábio enquanto pensava sobre isso.

— Se você puder me fazer crescer, saberei que você gosta de mim.

— Sim, — Draco não parecia muito animado com isso.

— Vamos fazer isso, — disse Harry, inclinando-se para o lado.

Draco se virou para olhá-lo novamente.

— Você vai ver. Vou continuar gostando de você.

Os olhos de Draco brilharam prateados na penumbra.

— Vamos ver, — disse ele calmamente.

Harry recostou a cabeça no travesseiro e olhou para o teto, desejando lembrar o quanto gostava de Draco quando crescer.

AWAY CHILDISH THINGSWhere stories live. Discover now