That winter ball.

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(Parte VII)

 
Aquele baile de inverno.

  

・♥︎・
 


 

Minha primeira semana na Califórnia não foi a pior de todas, no entanto, também não foi a melhor. Ela pareceu durar um mês inteiro, de tão arrastada que foi, imagino que deva ter essa impressão devido minha rotina ter mudado drasticamente, de um modo no qual eu não me sentia pronto, agora eu realmente conseguia sentir que o dia tinha 24h, mas estava me esforçando para manter o ritmo, e a primeira coisa que fiz, foi regularizar minhas horas de sono (ou tentar).

Os três primeiros dias foram os piores, além de não conseguir dormir cedo, acordava exausto, como se não tivesse dormido nem uma hora inteira, meu dia também era cheio, eu saía da escola e de lá, ia até o hospital, meu pai solicitou uma bateria de exames, principalmente intestinais, para para que eu pudesse começar o tratamento, logo depois, tinha que ir até o neuropedagogo, onde eu estava em fase de investigação, para que assim pudesse iniciar meu tratamento emocional, junto com uma avaliação psiquiatra.

Resumindo: fui escaneado da cabeça aos pés.

Na escola eu tinha também organizado meus novos horários, era fato que eu ainda não estava nem aí para os estudos, mas foi legal conhecer gente nova, coisa que eu não sabia que ainda tinha capacidade de saber. Além de que passei a semana inteira sendo o assunto mais falado, e no decorrer do dia, sempre alguém novo ia falar comigo, principalmente as garotas, que pediam meu número, ou me convidavam para algumas reuniões de turma na casa de alguém, e foi bom saber que se eu fosse hetero, solteiro eu com certeza não ficaria.

Contudo, isso também acabou despertando a raiva dos outros caras, principalmente dos considerados mais “pegadores” vendo que eu estava chamando mais atenção, e até ameaças indiretas eu recebi, acho que só não fui espancado, excluído, ou tive minhas roupas roubadas do vestuário, por causa de Eddie, que mesmo mal olhando na minha cara, só pelo fato de eu chegar com ele todos os dias, e irmos embora juntos também, já era o suficiente para me tornar um de seus “protegidos”.

Ninguém mexia com ele, e apesar de eu entender o porquê, ainda sim, era estranho toda aquela intimidação que ele passava, uma vez que apesar de sua grande influência, era apenas um aluno comum, ele não mandava e desmandava em ninguém, sempre muito focado nos estudos, e nunca se metia em confusões, e apesar de extremamente inacessível a qualquer um além do grupinho que sempre o rondava, ele não era tipo uma Regina George versão masculina tal como pensei, e foi justamente isso que me intrigou, pois tive uma péssima impressão dele pelo primeiro dia, acreditei que iria agir como se todos ali fossem inferiores, mas no fim, ele era apenas um bom aluno, passional, e extremamente focado.

Minha convivência em casa também não era das melhores, meu pai passava a maior parte do seu tempo fora, Sônia também, os dois só retornavam à noite, antes do jantar, Eddie também não ficava, pois além de ter aulas na escola, ele ainda fazia cursos extracurriculares fora da escola, e passava a maior parte da tarde ausente, restando apenas a mim, chegou a um ponto onde a única pessoa que eu interagia, era Celine, a empregada que mais ficava aqui, e não que isso fosse um problema, ela era uma querida, e sempre me tratou super bem, porém se for parar para pensar que me trouxeram para cá justamente para ‘estar em família’ e eu estava completamente sozinho, soava até engraçado.

Eu também tive crises depressivas e de ansiedade, principalmente porque meu corpo estava em abstinência, havia sido preparado ainda na Noruega para passar por isso, só que nem mesmo os remédios controlados poderiam me livrar 100% das consequências, eram bem subjetivas, isso varia de pessoa para pessoa, mas em mim, ela poderia se apresentar em: dores de cabeça, ou no corpo inteiro, tensão muscular, aceleração cardíaca ou respiração pesada, euforia, insônia, indolência, crise maníaca (que também pode se enquadrar em euforia), estresse, pensamentos intrusivos gerados pela depressão, ou a fissura, que para mim, era a pior de todas.

THE LOVELY BOYSWhere stories live. Discover now