I'm coming back home.

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(Parte III)

  
Eu estou voltando para casa.

  

   
・♥︎・

   
  

Los Angeles, California.

 

Ele abriu a terceira gaveta da estante de cor canela, onde nela armazenava não só seus livros, como uma coleção de discos vinis do qual haviam os mais variados, desde os cantores da atualidade até os nomes consagrados da música americana, sua escolha caiu em Frank Sinatra, seu favorito, porque além de ter uma voz linda, possuía o mesmo nome que seu pai (biológico), este do qual Eddie nunca conheceu, ele havia falecido ainda quando era bebê, e nunca teve tanto contato com sua família paterna, apenas os viu algumas vezes e não foi nada legal, ao que sabe, eles odiavam Sônia, por um motivo do qual não fazia a menor ideia.

Então I'm A Fool To Want You começou a tocar pela vitrola, esta que ganhou de presente no seu último aniversário, Eddie sempre gostou da estética Vintage, seja no estilo e principalmente nas músicas, ele passava horas ouvindo enquanto estudava, era uma forma de se concentrar melhor.

Contudo, aquele não era um momento que havia escolhido para dedicar-se aos estudos, na verdade, queria mesmo só poder não ouvir a série de discussões no andar de baixo entre sua mãe e seu padrasto, que se iniciou depois de uma ligação que Wentworth recebeu da ex-esposa, só que não era ela em si que havia causado aquele alvoroço na mansão, mas sim o assunto pelo qual entrou em contato, o jovem poderia até não saber exatamente, entretanto, tinha a total certeza de que tinha tudo a ver com o filho de Wentworth. Eddie havia esquecido de muitas coisas da infância, exceto de um período em que cresceu ao lado dele: Richie Tozier.

Uma criança um ano mais velha que ele, e que se consideravam irmãos, e que vinha todos os fins de semana para brincarem até o anoitecer, criavam várias histórias e sonhavam em velejar o mundo juntos. Lembra-se que era um garoto mais alto, corpo esguio, rosto pequeno e com bochechas arredondadas, que usava óculos de grau alto devido ter problemas de visão desde seus primeiros anos de vida, e depois passou a usar também aparelho dentário, por causa dos dentes tortinhos, e que era adorável.

Lembra-se do quanto ele era inteligente, e possuía uma criatividade absurda para desenvolver histórias ou inventar brincadeiras, e todas elas fluíam muito bem. Eddie também se recordava do quanto o admirava e queria ser como ele quando crescesse, o venerava como um Super-herói, e parecia que quando estavam juntos, tudo em sua volta desaparecera, que só existiam eles dois no mundo inteirinho.

São memórias que apesar de ter um toque de fantasia, eram bem nítidas, pelo menos uma grande parte delas, lembra-se do rosto dele, de seu sorriso, que os olhos amendoados dele quase fechavam quando ria, e do timbre de sua voz, que embora sejasse meio rouca, era dócil e calma, tão boa de ouvir, principalmente quando contava histórias ou cantava para Eddie dormir.

Quando Richard foi embora, levou consigo uma parte dessas memórias, o que lhe restou, Eddie reviveu todas as noites, visitava o quarto dele pelo menos uma vez no dia, no que antes era cheio de desenhos, revistinhas, e brinquedos, tornou-se frio e escuro. Algumas coisas suas ficaram, e Eddie ia lá justamente para ficar brincando, enquanto passava horas tentando recriar as histórias e brincadeiras que ele inventava, em vão, ninguém conseguia ser como Richie Tozier, ninguém tinha a imaginação que ele tinha, não havia nenhuma outra criança como ele, Eddie levou muito tempo para se dar conta de que o que ele levou consigo, era impossível ter de volta.

A cerca de quase três anos atrás, no seu aniversário de quinze, entrou escondido no escritório de Wentworth e pegou a agenda telefônica dele, lá, encontrou o número residencial de Maggie Michaels, que o endereçou a uma chamada direta para Oslo, telefonou e lembra-se que chamou umas três vezes, contudo, ninguém atendeu, assim como todas as cartas que enviou para ele, nenhuma obteve respostas, apenas o silêncio, por muito tempo tentou contato, até que sua mãe descobriu e lhe disse para parar, pois se não obtinha retorno, era porquê o silêncio já era sua resposta.

THE LOVELY BOYSWhere stories live. Discover now