(911) my biggest enemy is me

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i have heard enough of these voices
almost like i have no choice
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1996.
Departamento de Polícia de Woodsboro.

STU’S POINT OF VIEW.

Eram três horas da manhã. Meu corpo estava exausto e minha mente mais ainda. Aquilo era como tortura, só que mil vezes pior. Se eu soubesse que teria acabado assim, eu jamais teria topado aquela ideia maluca de Loomis. Talvez eu acabasse como Sidney Prescott com a minha garganta cortada e algumas tripas para fora, ou talvez eu acabasse como o pai dela: incriminado daquele show de horror. Eu estava num ambiente escuro, iluminado apenas por uma luz fraca e alaranjada sob a mesa de metal em minha frente. Na verdade, eu estava a mais ou menos dois metros daquela mesa. Meus braços estavam pra trás da cadeira que eu me sentava, podia sentir meus pulsos arderem pelas algemas neles. Era como cativeiro. Minha última refeição foi umas pipocas durante a tarde. Minha visão estava turva, mas eu podia enxergar a silhueta de um homem de pé atrás da mesa. Eu não queria vê-lo. Sentia a minha respiração pesada, como se tivesse um calibre dezesseis apontado pra minha nuca e eu tivesse assaltado a Casa da Moeda da Espanha. Que péssimo momento pra ter esse tipo de premonição.

— Stuart Macher... Um garotinho mimado que nasceu em berço de ouro. Vamos ver, qual deve ser a sua motivação? Ciúmes? Vingança?  – A voz masculina me questionava, me fazendo abaixar a cabeça e negar, enquanto deixava algumas lágrimas percorrerem meu rosto de forma livre.  — Ou será que a presença de uma garotinha mais nova afetou seu relacionamento com a família já distante?

Entreabri meus lábios.

— Não, Sr. Detetive.. Eu já disse que não matei ninguém, por favor, para com isso!  – Insisti. Eu ainda tava nervoso pra um caralho, não tinha ideia se Billy estava seguindo o plano ou resolveu mudar de última hora como fizera quando esfaqueou Sidney Prescott. O plano original era enrolar mais um pouco e nos divertir com a reação dela, quem sabe um pouco de tortura psicológica também. Mas agora, meus pés estavam desinquietos e meu olhar parecia percorrer a sala inteira em alguns milésimos de segundos, comecei a fazer um movimento involuntário com a perna na tentativa de fazer aquela ansiedade acalmar, até notar que o policial da minha frente levava um cigarro até os lábios. Entreabri os meus, porque foi aí que eu me dei por conta; acender um cigarro resolveria meus problemas. Talvez não completamente, mas eu ia com certeza conseguir pensar melhor. Eu precisava daquilo, pouco importava se eu havia me tornado um viciado de merda.

— Ei.  – Chamei-o.

— Hum?

Inclinei levemente minha cabeça pro lado e mantive meus olhos nele.

— Eu posso... Fumar um pouco?  – Perguntei. Os olhos claros como uma praia de mar em suas horas de calmaria lhe davam uma aparência inocente, junto de seus fios dourados que estavam numa bagunça naquela madrugada. Não era pra menos, havia levado uma facada no estômago e acabara de sair do hospital diretamente pra delegacia de polícia. Billy e eu havíamos passado por uma cirurgia de quase cinco horas por causa das facadas que demos um ao outro. E agora, eu estava sendo interrogado ao mesmo tempo que ele, mas em salas diferentes.

— Você fuma?  – Fui questionado.

Prontamente, assenti.

— De vez em quando, Sr.  — Respondi, impaciente.

— É nicotina, não maconha.

Abaixei meu olhar.

— Eu acho que não entendi...

Me And The DevilWhere stories live. Discover now