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Eu não deveria me humilhar tanto por uma simples ligação, apenas porque eu precisava ter alguma notícia sobre ele.
Meu escritório era um grande silêncio, exceto pelo som do toque de chamada em viva-voz vinda do meu celular.
Eu respirei fundo, abrindo a tela do meu computador. Precisava me distrair com qualquer coisa que não fosse me fazer surtar em qualquer segundo.
Depois da ideia maluca de explodir os galpões do Matteo, eu estava a espera de que algum maldito encrenqueiro da Genovese fosse precisar dos meus serviços. E era só questão de tempo até eu estar pedido um alvará pra tirar um criminoso de trás das grades.
Prometi a mim mesma que jamais iria querer saber de alguém desse espécie de homem, e acabei envolvida demais com um.
Eu joguei o celular em cima da mesa ao perceber mais uma ligação indo pra caixa postal e fui distraída com a porta do meu escritório sendo aberta abruptamente.
Inspirei e expirei profundamente, me preparando para enfrentar o que viria a seguir.
Theo entrou, com uma expressão de irritação. Ele estava vermelho e os olhos escuros em chamas.
- Eu não preciso que você venha aqui me dar lição de moral. - avisei - Você não é meu pai.
Ele andou pela minha sala e parou diante da minha mesa, apoiando as duas mãos e se inclinou para olhar nos meus olhos.
- Eu sou seu irmão mais velho e sempre sacrifiquei minha vida pra que você pudesse ser quem você é, Marcella. Você só é uma advogada agora, porque eu fiz com que isso acontecesse. Você tem a liberdade que muitas não têm, porque eu ajudei você.
- E por isso você acha que tem direito de mandar na minha vida?
- Eu nunca tentei mandar em você. - berrou. - Eu fiz tudo pra que você alcançasse seus objetivos, pra que você tivesse bem. E você me agradece dormindo com a porra do meu inimigo?
Eu engoli em seco, sentindo meu coração bater mais forte.
Essa situação só servia para me lembrar qual era a minha realidade. Talvez a escolha mais sensata realmente tenha sido ter escolhido não se casar com Matteo quando ele fez o pedido.
Teria sido muito pior pra escolher entre eles hoje em dia, e mesmo que não fossemos casados era difícil e doloroso. Eu me sentia entre a cruz e a espada.
Era como se uma parede tivesse se fechando em volta de mim.
- Não é como se eu pudesse controlar, Theo.....
- Não venha com essa história, Marcella. Todos que te conhecem sabe que ninguém poderia controlar ou manipular você. Você é mais forte do que isso.
Theo se aproximou, apoiando suas mãos na mesa e se inclinou fixando seu olhar no meu. Ele sustentou por uns segundos, e tudo o que eu conseguia pensar era em Matteo.
