40.3

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Leo.

Rachel bateu na porta. Uma, duas, três vezes. Ela está usando um vestido amarelo vibrante na altura dos joelhos e o cabelo solto.

Não tivemos resposta.

—Ele deve estar de brincadeira com a minha cara. —murmurei.

Ela se virou para mim, cruzando os braços.

—Quando eu ver esse loiro, vou quebrar aquele nariz perfeito dele.

Abri a boca para dizer alguma coisa, mas ouvi passos do outro lado da porta que me fizeram hesitar.

Jason abriu a porta, me dando uma visão dele que nunca esperei encontrar. O cabelo bagunçado apontava para todos os lados e tinha olheiras profundas. A camiseta estava amassada e com alguns respingos perto da região do peito.

—Onde você se meteu a tarde toda?! —explodiu minha namorada antes que eu pudesse concluir alguma coisa.

Jason a encarou, parecendo perdido. Algumas peças se encaixam na minha cabeça mas, mais uma vez, Rachel fala antes de mim:

—Você estava bebendo. —seu tom é mais contido agora. 

O loiro nega com a cabeça.

—Não. Não é nada disso. — mas a voz dele não transmite confiança.

Rachel suspira, esfregando a ponte do nariz. Ela está uma pilha de nervos desde hoje de manhã.

—Amor, vai pro carro. —falei. —Eu te encontro lá depois.

Seus olhos verde esmeralda se voltam para mim e minha namorada me encara com uma frieza que me assusta. Rachel geralmente não gosta de receber ordens, mas no fim acaba assentindo.

—Não demora. —murmurou, virando as costas e sumindo na curva do corredor.

Me volto novamente para o meu amigo, que encara o chão, o olhar vazio. Seu estado é digno de pena, mas não comento sobre esse fato.

—O que você está fazendo, cara? —pergunto, sussurrando. —Esse não é você.

E Jason só desaba. Lágrimas começaram a escorrer pelas bochechas e o peito a tremer com os soluços. Soluços horríveis. 

—Ela não me ama. —ele tampa o rosto com as mãos e fico paralisado, completamente sem reação. —Ela mesmo disse. Não sou o suficiente para fazê-la ficar.

Sei que ele está falando de Piper e sinto meu peito apertar. Não posso culpá-lo por ter sucumbido, mas também não posso deixá-lo desamparado.

Puxei Jason para um abraço.

—Ei, vai ficar tudo bem. —dei tapinhas em suas costas. —Vai ficar tudo bem, Jason.

De perto, senti o cheiro da bebida em sua blusa. Nunca vi meu melhor amigo daquele jeito tão vulnerável e isso doía. Doía de verdade.

—Papai foi embora. Thalia foi embora. Por que ela também tem que ir? —sua voz é trêmula e quase não sai. Jason não para de gaguejar. —Até você foi embora. Porque sou o único que tem que ficar?

—Jason… 

—Eu não quero mais ficar! —ele me liberta do abraço, esfregando o rosto com as duas mãos. —Eu não quero, Leo. Eu não quero.

O empurrei para dentro do apartamento, fechando a porta atrás de mim. Segurei meu amigo pelos ombros, fazendo-o olhar nos meus olhos.

—Escuta, eu estou aqui, ok? Eu não vou a lugar nenhum. Eu prometo. —ele me encarava, inexpressivo, os olhos vermelhos por conta do choro. —Não vou deixar você. Não vou mesmo. Nunca mais, ouviu? 

O puxei para um novo abraço, sentindo suas novas lágrimas molharem meu ombro.

Red - (au percabeth)Where stories live. Discover now